Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. (Padre Antônio Vieira)

terça-feira, 26 de agosto de 2014

EUA inaugura biblioteca sem livros em papel


Universidade Politécnica da Flórida teve sua primeira aula nesta segunda.
A nova biblioteca tem 135 mil livros, todos em formato digital.

Prédio principal da Universidade Politécnica da Flórida, em foto sem data; a nova biblioteca foi inaugurada sem livros em papel (Foto: Reuters/Divulgação/Universidade Politécnica da Flórica)Prédio principal da Universidade Politécnica da Flórida, em foto sem data; a nova biblioteca foi inaugurada sem livros em papel (Foto: Reuters/Divulgação/Universidade Politécnica da Flórida)

A Universidade Politécnica da Flórida, nos Estados Unidos, foi inaugurada na semana passada na cidade de Lakeland prometendo abordagens inovadoras no ensino e na pesquisa em ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Uma dessas inovações é a biblioteca, que foi aberta neste mês com um acervo de 135 mil livros, mas nenhum deles impressos no papel. Todos estão em formato digital. A primeira aula da história da universidade aconteceu nesta segunda-feira (25).

Os 135 mil e-books podem ser acessados pelos estudantes pelo tablet ou notebook pessoais. O local, assim como o resto do campus, é equipado com internet sem fio. Além dos títulos já disponíveis, a instituição tem um orçamento de US$ 60 mil (cerca de R$ 140 mil) para comprar livros digitais por meio de softwares, para que os alunos possam lê-los uma vez gratuitamente. Com o segundo clique, a universidade compra o e-book. "Em vez de o bibliotecário colocar livros que eu acharia relevantes na estante, os estudantes é que estão escolhendo", disse Kathryn."É uma decisão corajosa avançar sem livros", disse à agência de notícias Reuters Kathryn Miller, a diretoria de bibliotecas da nova instituição. A ideia por trás dessa decisão é refletir a priorização pela alta tecnologia que permeia toda a missão da "Florida Poly", como a universidade é chamada nos Estados Unidos.

Nova função para bibliotecários
Já que não têm mais a função de carregar e guardar os livros físicos, os bibliotecários contratados pela universidade têm como principal tarefa orientar os leitores a aprender a gerenciar os materiais digitais.

A nova biblioteca, porém, não é 100% sem papel, segundo a Reuters. Alunos podem levar livros para estudar no local e emprestar livros em papel das outras 11 universidades estaduais daFlórida.

A Politécnica é a 12ª universidade mantida pelo governo do estado da Flórida e o prédio principal do campus foi desenhado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava.

A construção levou 28 meses e, além da biblioteca digital, há um supercomputador e laboratórios de pesquisa para estudantes e professores.

Prédio principal da Universidade Politécnica da Flórida foi desenhado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava (Foto: Reuters/Divulgação/Universidade Politécnica da Flórica)Prédio principal da Universidade Politécnica da Flórida foi desenhado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava (Foto: Reuters/Divulgação/Universidade Politécnica da Flórida)FONTE: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/08/nova-universidade-nos-eua-inaugura-biblioteca-sem-livros-em-papel.html

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Mania de 'selfies' pode estar passando dos limites, diz pesquisador

por Camilla Costa

Da BBC Brasil em São Paulo

Funeral de Campos (Reuters)

'Selfies' tiradas durante o funeral de Eduardo Campos geraram debate sobre regras de comportamento

Registrar os momentos com vídeos, atualizações de status e selfies é inevitável, mas podemos estar ultrapassando os limites. É o que pensa o pesquisador Andrew Hoskins, da Universidade de Glasgow, na Escócia.

Ele está em São Paulo para o Fórum Permanente de Gestão do Conhecimento, Comunicação e Memória - organizado pelo Museu da Pessoa e outras instituições parceiras -, onde falará sobre como as tecnologias digitais estão mudando a maneira como os acontecimentos atuais se tornam memória.

    Manter-se conectado a todo momento, segundo Hoskins, já é parte integrante da experiência de estar em qualquer lugar e se tornou uma espécie de compulsão. Isso ajudaria a explicar, por exemplo, a polêmica levantada pelos autorretratos tirados durante o funeral de Eduardo Campos.

    O pesquisador, que fundou a publicação especializadaMemory Studies, fala até mesmo de um "esvaziamento da memória" à medida que as pessoas se tornam mais dependentes das buscas online e guardam extensos arquivos e fotos pessoais digitais que nunca serão visualizados.

    "A memória sempre se faz no presente. Ainda não entendemos a magnitude da maneira como a tecnologia mudará nossa memória no futuro", disse o pesquisador à BBC Brasil.

    Confira a entrevista:

    BBC Brasil: Durante o funeral do ex-candidato presidencial Eduardo Campos, pessoas foram criticadas por tirar selfies mesmo próximo ao caixão. Como você vê isso? Pode ser considerado desrespeitoso ou seria uma reação normal ao estar presente em um evento histórico?

    Andrew Hoskins: Depende do ponto de vista de cada um. A noção do que é público se transformou com a tecnologia. E há agora o que eu chamo de compulsão pela conectividade. Então a pergunta a se fazer é por que as pessoas estão tirando selfies? Por que elas estão constantemente registrando tudo? É em parte a ideia do que é estar em um espaço público hoje, o que é entender uma certa experiência ou evento.

    A tecnologia sempre esteve presente nesse sentido, mas para mim há um ponto em que chegamos longe demais. É quando registrar o evento se torna mais importante do que ver o que está sendo registrado. Acho que esse momento estamos vivendo agora.

    BBC Brasil: E a noção que temos dessas regras de comportamento vai mudar ao longo do tempo?

    Andrew Hoskins: Essa moral é geracional e está sempre mudando. São níveis diferentes de alfabetização midiática. O uso normal para uma pessoa não é o mesmo para outra.

    Quando eu vou para um show, eu quero ver uma banda, eu vou para ver a performance. Eu não quero alguém diante de mim balançando o telefone, a câmera ou um iPad. Mas eu sou de outra geração, eu acho isso estranho. Eles claramente acham que não. Eles acham que isso é parte rotineira do que significa estar em um evento ao vivo. Essa midiatização dos eventos é algo que mudou muito nos últimos cinco anos.

    Andrew Hoskins (BBC)

    Pesquisador Andrew Hoskins diz que a tecnologia está mudando a forma como fatos se tornam memórias

    Eu também vivo tirando fotos e gravando tudo o que acho interessante, não estou acima disso. Mas você precisa se perguntar: como seria essa experiência se você não a tivesse registrado? O que ela significaria para você uma semana ou dois meses depois sem aquele registro audiovisual? Quão importante é esse registro na formação da memória daquele evento? Outras pessoas construirão suas memórias sem isso e sempre foi suficiente.

    BBC Brasil: Em seu livro iMemory você diz que a compulsão pela conectividade pode ser responsável pelo esvaziamento da nossa memória. Como esse esvaziamento acontece? Nos lembramos de menos coisas porque estamos muito ocupados tirando fotografias?

    Andrew Hoskins: A memória hoje é menos uma questão de lembrar e mais uma questão de saber para onde olhar. Muitos psicólogos dizem que há uma diminuição da memória humana por causa da nossa crescente confiança na tecnologia. Quando eu era criança, eu tinha que lembrar das coisas. Agora se eu não me lembro, posso digitar e aparece para mim.

    A grande mudança é que a confiança nas tecnologias da comunicação e da informação para criar memórias, para se sociabilizar e para se informar está passando a ser um dependência. E esse é o ponto crítico. Diferentes países estão em diferentes estágios, mas estamos todos entre a confiança e a dependência das tecnologias.

    Contar com essas tecnologias é bom, na minha opinião. Mas depender delas é outra coisa. A noção de compulsão pela conectividade sugere para mim que estamos dependentes. É essa coisa de não poder ficar sem checar mensagens no telefone, sem tirar fotos. De não poder ficar desconectado por algum tempo, porque nos sentimos sozinhos e alienados.

    BBC Brasil: E é possível determinar quais eventos as pessoas devem ou não registrar? Como shows ou mesmo funerais?

    Andrew Hoskins: Há pessoas que estão tentando. Há algumas bandas que pedem aos fãs que não gravem, não fotografem e não usem seus telefones durante os shows e alguns aderem a isso. Mas eles são a exceção, não a regra. A sensação é de que isso é inevitável e de que a penetração dos smartphones faz parte da sociabilidade do dia a dia. É impossível escapar deles.

    BBC Brasil: Mesmo antes dos celulares, estes eventos já eram sociais. Em funerais, já se debatia o hábito de conversar animadamente com outras pessoas. Nos anos 1960 já se dizia que fãs dos Beatles iam aos shows mais para gritar do que para assistir à banda. A tecnologia móvel mudou isso tanto assim ou estamos apenas nos adaptando a um novo formato?

    Andrew Hoskins: Em países e regiões diferentes as coisas mudam em ritmos distintos. O que é um comportamento aceitável em cada lugar é cultural e regional. É difícil ter uma resposta única para esta pergunta. Mas é realmente uma questão de adaptação.

    Especialmente se você pensar que muitas das pessoas tirando essas fotos são de uma geração mais nova. Há 30 anos, quando eu era criança, a pessoa que tirava todas as fotos das férias em família era meu pai. Era o pai que determinava o que seria, no futuro, a memória da família. Então tínhamos aquela perspectiva bastante patriarcal e masculina. Quem tira as fotos hoje? Os filhos. Então temos hoje uma perspectiva diferente sobre as famílias. Nesse sentido, a mudança é interessante.

    BBC Brasil: No caso da política, é mais fácil hoje trazer de volta promessas de campanhas e escândalos envolvendo os candidatos para continuar cobrando respostas. A tecnologia estaria ajudando a nossa memória política?

    Andrew Hoskins: Sim e não. Há muitas maneiras de responder a essa pergunta. Uma delas tem a ver com a maneira como os políticos estão lidando com o presente, porque eles sabem que tudo está sendo gravado e poderá ser usado contra eles. Na Grã-Bretanha, acho que o discurso político se tornou muito insosso porque os políticos têm medo de dizer algo que eles sabem que dois meses depois será recuperado rapidamente para contradizer a próxima coisa que eles disserem.

    Papa (AP)

    Segundo pesquisador, 'selfies' podem ser explicadas por uma compulsão pela conectividade

    O jornalismo sempre fez isso, mas era muito difícil. Você tinha que analisar um arquivo imenso para encontrar o momento em que uma pessoa prometeu algo. Mas agora qualquer um pode fazê-lo, chama-se Google. Isso tem um efeito adverso na política. Porque os políticos, assim como qualquer um, não querem ter que responder por opiniões e promessas que inevitavelmente mudam - por boas e más razões. Então o discurso deles tende a ser mais vazio.

    Por outro lado, há uma filosofia de que a memória perfeita e completa sobre todas as coisas é algo bom, mas isso ignora algo fundamental: nem todas as memórias são boas. Também queremos esquecer coisas. Esquecer não é disfuncional, é muito importante.

    BBC Brasil: Mas ao escolher representantes políticos é importante lembrar, não?

    Andrew Hoskins: Sim e não. Quando o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown chamou uma eleitora de "preconceituosa" em 2010, a tecnologia o pegou desprevenido. (Gordon havia acabado de cumprimentar a mulher, Gillian Duffy, e fez o comentário momentos depois, no carro, para um de seus assessores, sem perceber que ainda usava um microfone do canal de TV Sky News. O caso repercutiu em todo o país).

    Um microfone que estava ligado o pegou falando o que ele realmente pensava e isso foi visto como degradante. Aquela frase representava tudo o que Gordon Brown pensava? Provavelmente não. Mesmo assim, ela manchou a memória política do homem que ele foi e das coisas que pensou.


    FONTE: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140818_andrew_hoskins_selfie_cc.shtml

    quarta-feira, 6 de agosto de 2014

    segunda-feira, 4 de agosto de 2014

    Música nova: Samba de Cristina

    https://soundcloud.com/osdesclassificados/samba-de-cristina

    Voz: Caio Cezar
    Baixo, violão e pandeiro: Luiz Maia
    Bateria: Fabiano Foresti
    Arranjo: Luiz Maia e Fabricio Foresti
    Composição: F. Foresti
    Produção: Luiz Maia

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