"Pode até ser que tenha um efeito secundário, porque você aumenta o nível de autocontrole em função da urgência para urinar, mas tenho minhas dúvidas", diz o psicólogo Paulo Sérgio Boggio, coordenador do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
O grupo de Boggio faz pesquisas sobre a influência de fatores afetivos nas escolhas. "Já sabemos que o cérebro não é uma máquina de fazer contas, mas ainda não conseguimos saber quantas variáveis estão em jogo", diz.
Uma delas, exemplifica, é a forma como as situações são apresentadas: você faria uma cirurgia se dissessem que o risco de morte é 10%? E se dissessem que a chance de sobreviver é de 90%?
Segundo a psicóloga Camile Costa Correa, que pesquisa tomada de decisão na Universidade de Amsterdã, na Holanda, o estado de humor, a pressão de uma situação estressante e a privação de sono são empecilhos para escolhas satisfatórias.
Ela explica que há casos em que é possível driblar as variáveis e decidir melhor. Deixar de ir ao supermercado com fome, por exemplo, pode reduzir a chance de levar produtos muito calóricos.
"Mas não podemos controlar todos os aspectos, e aceitar isso pode ajudar a diminuir a ansiedade", diz.
Para o economista Marcos Fernandes, professor da Fundação Getúlio Vargas, conhecer os fatores que influenciam na tomada de decisão pode ajudar a controlá-los (ou prevê-los), o que deixa o processo mais racional e menos impulsivo.
"Podemos evitar fazer decisões se sabemos que há outros fatores influenciando. Mas temos que lembrar que toda escolha envolve algo irracional", afirma.
Na opinião de Fernandes, isso não é um problema. "Decisões cruciais só são feitas porque damos saltos no escuro, às vezes. Se fôssemos 100% racionais, não sairíamos de casa."