Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. (Padre Antônio Vieira)

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Quanto dinheiro o Facebook ganha com você (e como isso acontece)

http://www.bbc.com/portuguese/internacional-37898626

Facebook logoImage copyright AFP

A maior das redes sociais, o Facebook, está faturando mais do que nunca e a razão desse sucesso não é nenhum segredo: os seus usuários.

Em apenas três meses, entre julho e setembro deste ano, a receita do Facebook foi de mais de US$ 7 bilhões (R$ 22 bilhões), segundo a própria empresa.

O valor supera o Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 40 países, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mark Zuckerberg com camiseta cinzaImage copyright Getty Images
Image caption Aos 32 anos, Mark Zuckerberg é a face mais conhecida do sucesso das redes sociais. Um quarto da população do planeta é de usuários do Facebook

O número cada vez maior de usuários do Facebook representa novos clientes potenciais de empresas que pagam por espaços publicitários na rede social.

Segundo o portal Statista, especializado em estatíticas e bases de dados, de julho a setembro o Facebook teve 1,79 bilhão de usuários ativos - o que equivale a um quarto da população mundial.

Quanto o Facebook ganha com você?

Se o faturamento trimestral da rede social for dividido pelo número de usuários, chega-se a US$ 4,01 (R$ 12,54) - é o que cada usuário rende em média no período.

Jovens diante de uma lagoa olhando os celularesImage copyright Reuters
Image caption Quase 90 por cento dos usuários do Facebook acessam a rede social por meio do seu telefone celular

Se for feita uma projeção anual deste valor, o resultado será US$ 16,04 (R$ 50) - é o que o quanto cada um ajudou o Facebook a ganhar em 12 meses.

Houve um aumento considerável em relação ao ano passado, quando esse valor era de US$ 11,88 (R$ 37,6).

O valor sobe à medida que cresce o número de usuários do Facebook.

No entanto, o valor econômico dos usuários varia geograficamente, de acordo com o faturamento publicitário de cada região.

Flagrante noturno da Times Square, em Nova YorkImage copyright Getty Images
Image caption EUA e Canadá são os mercados mais importantes para o Facebook em termos de faturamento com publicidade

Segundo os balanços divulgados pelo próprio Facebook, entre julho e setembro, cada usuário dos EUA e Canadá representou US$ 15,65 de faturamento (em torno de R$ 50), enquanto na Europa o valor foi de US$ 4,72 (cerca de R$ 15).

No resto do mundo (excluindo a região Ásia-Pacífico), a média trimestral foi de US$ 1,21 (pouco mais de R$ 3) por usuário.

Publicidade bilionária

Do faturamento de US$ 7 bilhões anunciado pelo Facebook, US$ 6,82 bilhões correspondem a publicidade.

E dessa publicidade, informa o jornal britânico The Telegraph, 84% são propagandas criadas para serem vistas em telefones celulares.

Isso não acontece por acaso. Calcula-se que 90% dos usuários do Facebook acessam suas contas pelo celular.

Protesto no Marrocos com logo do FacebookImage copyright Getty Images
Image caption Protesto no Marrocos organizado por meio do Facebook. A rede social se tornou bem mais do que uma plataforma para a publicação de fotos. Atualmente, reflete a profissão e a posição política dos seus usuários

"Tivemos outro bom trimestre", disse Mark Zuckerberg ao divulgar os resultados da companhia.

Mas por que cada vez mais empresas anunciam no Facebook?

Porque a rede social lhes oferece a possibilidade de atingir públicos muito específicos, segmentados por idade, sexo, escolaridade, profissão e mesmo por seus passatempos.

Ao abrir uma conta na rede de Zuckerberg, o usuário dá permissão para que sua informação pessoal seja utilizada pela rede.

Obama conversando com Mark ZuckerbergImage copyright Getty Images
Image caption Barack Obama foi o primeiro presidente a explorar o potencial das redes sociais. Ele se encontrou várias vezes com o criador do Facebook, Mark Zuckerberg

Tudo o que é postado permite que a rede social conheça nossos hábitos e gostos. Isso é exatamente o que se oferece aos anunciantes.

É por isso que, se você gosta de viajar, certamente vê na página muitas propagandas de companhias aéreas. Se for estudante, talvez veja mais anúncios de fabricantes de computadores.

O Facebook deveria pagar aos usuários?

O gigantesco faturamento da rede social despertou a discussão sobre se o Facebook não deveria remunerar os usuários de alguma forma. Muitos acreditam que estes mereceriam uma compensação já que sua informação pessoal é vital para a venda de publicidade na rede.

"A maior inovação do Facebook não é a rede social, mas o fato de ter convencido as pessoas a darem muita informação em troca de quase nada", explica Tim Wu, professor de direito da Universidade Columbia, em Nova York.

Site do Facebook na internet e o app em um celularImage copyright Getty Images
Image caption Quer criar uma conta? "É grátis e sempre será", diz o Facebook. No entanto, não é com dinheiro que pagamos à rede social

"Se fossemos inteligentes, pediríamos ao Facebook que nos pagasse", disse Wu em entrevista à revista americana The New Yorker.

No livro Bem-vindo ao Futuro - Uma Visão Humanista Sobre o Avanço da Tecnologia (Who Owns the Future?, no original em inglês), o escritor e cientista da computação americano Jaron Lanier chega a uma conclusão semelhante.

Para ele, a informação pessoal deve ser tratada com bem que merece ser remunerado.

Quando se acessa a página do Facebook, logo abaixo da barra azul onde deve-se escrever e-mail e senha, lê-se: "Sign Up" ("Cadastre-se"). E, logo abaixo, a frase: "It's free and always will be" ("É grátis e sempre será").

Mas os dois especialistas concordam que os usuários pagam o Facebook com a sua informação pessoal.

E é essa a moeda de troca que torna rentável o bilionário modelo de negócio do gigante das redes sociais.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

David Harvey lamenta o recrudescimento conservador

David Harvey
"No Brasil, há a ascensão oportunista de uma direita neoliberal que se aproveita de um poder efêmero"

"Não acredito que Temer e Macri vão ficar no poder por muito tempo"

por Miguel Martins publicado 14/10/2016 13h36 
 
David Harvey lamenta o recrudescimento conservador no Brasil e no mundo, mas confia que a força do neoliberalismo é passageira

Como marxista, o geógrafo britânico David Harvey procura nas contradições do presente uma inspiração para o futuro, mas não tem sido uma tarefa fácil digerir a ascensão global do conservadorismo. "Eu tenho de confessar que tenho me sentido muito pessimista. É tão estranho, muito do que estamos vivendo é completamente louco, insano", lamenta, para em seguida apegar-se a uma ponta de esperança. "Fico um pouco deprimido, mas acho que as pessoas vão voltar a cair na real."

A antítese entre o pessimismo no presente e o otimismo quanto ao futuro não é estranha a quem adota a dialética como método. Em seu livro 17 Contradições e o Fim do Capitalismo, lançado recentemente no Brasil pela editora Boitempo, Harvey recupera o projeto de Karl Marx de estudar os mecanismos de reprodução do capital para sugerir alternativas às atuais relações de produção. Em lugar de uma ditadura do proletariado e de um Estado forte, o geógrafo confia no advento de um "humanismo revolucionário" como resposta ao caos social e ecológico do capitalismo.

Em entrevista a CartaCapital, Harvey critica a apresentação da teoria econômica convencional como verdade única, defende novas formas de associação econômica para as esquerdas e assume seu desencanto com a ascensão de lideranças como Mauricio Macri, presidente eleito da Argentina, e Michel Temer, empossado após o traumático impeachment de Dilma Rousseff.

Ele projeta, porém, vida curta para o capital político da dupla. "Nos dois países, há a ascensão oportunista de uma direita neoliberal que se aproveita de um poder efêmero. Não acredito que Temer e Macri vão permanecer no poder por muito tempo. "

CartaCapital: Em 17 Contradições e o Fim do Capitalismo, o senhor recupera um dos fundamentos do pensamento de Karl Marx: entender o funcionamento do capitalismo como forma de confrontá-lo e de oferecer uma alternativa. A busca por compreender os mecanismos de reprodução do capital tem sido deixada de lado nas últimas décadas?
David Harvey: O tema certamente tem sido negligenciado e deturpado. Frequentemente, a teoria econômica convencional tem sido apresentada como única verdade, e outras teorias são tratadas com desprezo, pois são negativas para os agentes econômicos. Um dos objetos da teoria convencional é tentar naturalizar o capitalismo, como se o modo de produção fosse imutável. Marx apontava que o capitalismo é construído historicamente e está em evolução, logo é possível prevermos uma mudança.  

CC: O senhor afirma na introdução do livro que as forças tradicionais da esquerda têm se mostrado incapazes de construir uma oposição sólida ao poder do capital. Como contornar essa fragilidade?
DH: Precisamos de uma revolução nas práticas políticas, mas também uma revolução na forma de entendermos a atual situação, nas nossas concepções mentais sobre o mundo, para entendermos o que precisamos fazer e como podemos fazê-lo.

CC: Em entrevista a CartaCapital, Slavoj Zizek defendeu que "a esquerda precisa redescobrir a força do Estado". O senhor concorda?
DH: Eu não acredito que isso seja prioritário. Marxistas, anarquistas e outros grupos da esquerda têm seus próprios princípios sobre o poder, mas o principal problema é como organizar o trabalho de uma forma associativa, para construir uma economia alternativa ao capitalismo. Para mim, o Estado pode ter um papel relevante nisso, mas o fundamental é como as forças anticapitalistas se organizem entre si para lutar contra esse sistema.

CC: O senhor tem acompanhado os desdobramentos políticos do impeachment de Dilma Rousseff?
DH: Estou tentando acompanhar, suspeito que seja mesmo um golpe. Obviamente, no Brasil um presidente foi efetivado sem ser eleito e enxerga nesta oportunidade no poder uma forma de implantar um programa neoliberal bastante radical. A mesma coisa ocorre na Argentina.

A maior parte dos eleitores de Mauricio Macri não previam que seu governo seria tão neoliberal. Nos dois países, há a ascensão oportunista de uma direita neoliberal que se aproveita de um poder efêmero. Não acredito que Temer ou Macri terão força política por muito tempo. Eles estão usando essa passagem pelo poder para construir uma transformação radical da economia e beneficiar a classe do capital corporativo.  

CC: O governo de Temer tem adotado como prioridade diversas medidas impopulares defendidas por grande parte dos empresários brasileiros, entre elas o congelamento de gastos públicos e as reformas trabalhista e da previdência, propostas que dificilmente seriam aceitas pela população em uma campanha eleitoral. O caso brasileiro indica que o casamento entre capitalismo e democracia está em crise?

DH: Há diversas maneiras de vermos a democracia. O capitalismo sempre esteve preso a uma certa visão de democracia, como nos Estados Unidos, onde o sistema democrático é baseado no poder do dinheiro, e não o da população. A Corte Suprema norte-americana basicamente diz que o gasto de recursos em uma eleição não deve ser limitado, pois é um direito individual e a democracia deve absorver isso. Logo, há diferentes definições de democracia.

Livro Harvey
Harvey: '17 Contradições e o fim do capitalismo'. Boitempo, 297 p., R$ 69
O que estamos vendo ao redor do mundo é a emergência de um movimento autoritário. Recep Erdogan, presidente da Turquia, recentemente afirmou: "a democracia é um ônibus que se abandona quando se chega ao destino".

O capitalismo enxerga o regime da mesma forma: quando a democracia é conveniente, o capital é democrático, quando não for, ele encontrará formas de contornar e reconfigurar a natureza do processo democrático. 

CC: O senhor costuma defender a transição para uma economia de crescimento zero, mas há uma enorme pressão do mercado durante recessões. O impeachment de Dilma está diretamente relacionado à crise. Como podemos confrontar o establishment econômico que exige crescimento a qualquer custo?
DH: Sou uma pessoa relativamente velha, e sempre me disseram durante meus 80 anos que a redistribuição de renda só pode ser atingida por meio do crescimento econômico. Temos feito isso nos últimos 60 ou 70 anos, e não tem funcionado. Então penso que precisamos olhar com mais atenção para a redistribuição. Essa deve ser a prioridade, e não o crescimento.

Não sou um defensor incondicional do crescimento zero, em países menos desenvolvidos, o crescimento ainda é necessário. Mas em países desenvolvidos, o crescimento não precisaria ser prioritário. Grande parte do consumismo nos Estados Unidos é desnecessário e constitui um desperdício. Poderíamos organizar o consumo em uma linha completamente diferente se não tivéssemos essa enorme desigualdade na distribuição, na riqueza e no poder.   

CC: Como o senhor vê a ascensão de discursos nacionalistas, expressos em movimentos como o Brexit no Reino Unido e na candidatura de Trump nos Estados Unidos?
DH: Muitos chamam de nacionalismo, eu chamo de desilusão em relação á globalização. Uma das alternativas é voltar-se à política local e sentir-se mais confortável ao controlar as coisas em seu próprio quintal, mais do que ser controlado pelas forças abstratas da globalização.

O fato de que o nacionalismo sabe cultivar esses valores tem feito ele se tornar um alternativa importante. Não acho que precise ser desta forma. Há alternativas ao capitalismo que deveriam ser desenvolvidas. Neste momento, não há, porém,dúvida de que a versão da direita sobre esse processo é dominante.

CC: O senhor considera esse discurso de desilusão uma ameaça para seu projeto de humanismo revolucionário?
DH: É uma ameaça séria, mas é possível resistir. Como disse, não acredito que Temer e Macri vão permanecer no poder por muito tempo, acredito que as esquerdas são suficientemente organizadas para se livrar deles nos próximos quatro ou cinco anos.

O mesmo deve ser verdade para alguns desses movimentos nacionalistas que estão surgindo. Mesmo que Donald Trump seja eleito, não acredito em sua permanência por muito tempo. Muitas das suas propostas não devem sair do papel, pois o apoio político às mudanças não se alargará a tal ponto.

CC: O senhor defende em seu livro que ainda é possível prever o fim do capitalismo por meio de suas contradições ao defender o humanismo como valor universal. O senhor está otimista em relação ao futuro?
DH: Eu tenho de confessar que em certos dias me sinto muito pessimista. É tão estranho, muito do que estamos vivendo é completamente louco, insano. Então fico um pouco surpreso e um pouco deprimido, mas por outro lado eu tendo a achar que as pessoas cairão na real e perceberão que podemos construir um mundo muito, muito melhor.

O que nos está sendo oferecido com essa violência absurda e essa política insana de direita? Por isso, suspeito que, se a esquerda passar a desenvolver ideias e práticas políticas criativas, ela tem um futuro brilhante pela frente.

DE MASI, Domênico. Criatividade e grupos criativos

DE MASI, Domênico. Criatividade e grupos criativos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. 795 p.


O uso do computador elevou a produtividade tanto na ciência como nas empresas, permitindo a desestruturação espaço-temporal dos processos e, ao mesmo tempo, a sua integração funcional através de fluxos de comunicativos capazes e centralizar e distribuir informações em escala planetária e em tempo real. p. 351-352


a pesquisa, a instrução e a formação evoluirão de forma sinérgica no mundo inteiro, graças a distribuição cada vez mais capilar das informações. p. 355


será [....] solicitada a inovação nas tecnologias da virtualidade, dos sistemas de geração e uso do conhecimento, da formação e da educação. p. 355


Irá se confirmar a tendência [...] small, smart e self. No componente self será central a possibilidade das tecnologias informáticas de se auto-reproduzir-se, auto-sistematizar-se e, portanto, auto-manter-se. p. 355


o progresso se deslocou aparentemente de tecnologias materiais para tecnologias desmaterializadas. p. 356


a relação entre a matéria constitutiva e o poder da função oscila sempre em favor da segunda. p. 356


Nas três invenções mesopotâmicas geralmente consideradas mais importantes (forno a carvão com exaustão, eixo cilíndrico, escrita) [...] maiores descobertas tecnológicas da idade média (moinho, arreio, pólvora, imprensa, bússola, óculos, relógio) a mesma relação [...] desequilibra-se em favor da segunda, ou seja, a tecnologia parece desmaterializar-se. p. 357


Não foi a tecnologia que se desmaterializou, mas o nosso conceito de matéria que deve ser renovado com base nas novas aquisições teóricas. p. 358


Graças à miniaturização (diferente da desmaterialização), é provável que quase todas as tecnologias nos pareçam cada vez mais amistosas e penetrem com crescente naturalidade na nossa existência. A longo prazo, a evolução tecnológica e sobretudo a digitalização da informação terão efeitos revolucionários na qualidade de vida e no trabalho, no ambiente, na sociedade, na economia, num posterior desenvolvimento tecnológico e na política. Mudarão substancialmente os modos de instrução, de trabalho, de comunicação e de uso do tempo livre. Em suma, de viver e de criar. p. 358


As transformações tecnológicas permitirão participar em tempo real daquilo que acontece no mundo, mas oferecerão uma tal abundância de informações que criarão um estresse psíquico e comprometerão a capacidade crítica. Correr-se-á o risco de acentuar assim a atual desorientação, de tornar as pessoas cada vez mais passivas e de perder os pontos de referência e de exatada avaliação daquilo que podemos fazer. p. 358


O telefone celular, a televisão e a internet já redefiniram a nossa relação com o espaço e com o tempo, determinando um sentido de ubiquidade. A potência crescente dos computadores já alterou a nossa percepção do mundo. 358-359


A redundância de informações comportará, para a maioria dos cidadãos, a dificuldade de processá-las e de dominá-las. Portanto, tenderá a aumentar o número de intérpretes que se ocuparão de transmitir a informação depois de a terem recenseado, compreendido e, às vezes, até distorcido, com grandes perigos de equívocos interpretativos e de manipulação. Paralelamente, aumentará o poder econômico e político dos detentores dos meios de informação e dos titulares do novo conhecimento, que ocuparão aqueles vértices do sistema social que haviam pertencido aos industriais, e antes ainda, aos proprietários de terras. 359


Superados Taylor e Ford, predominarão Fausto e Frankenstein: metáforas inquietadoras da relação do homem pós-moderno com a tecnologia pós-industrial. 359


Nos países ricos irá se acentuar a busca de um bem-estar no trabalho, no turismo, no estudo, nas comunicações, na saúde, na estética, no comportamento e nas interações. A necessidade de um bem estar crescente determinará o estímulo para a invenção de tecnologias adequadas, capazes de oferecer um novo e complexo produto: a qualidade de vida e novos luxos como a disponibilidade de tempo e de espaço, de autonomia e segurança, assim como de beleza e simplicidade. 359


As tecnologias da informação e da comunicação permitem manter relacionamentos a uma distância planetária sem dar um passo sequer. Podemos ser, ao mesmo tempo, globais e locais, semelhantes e idênticos, ubíquos e isolados, nômades e sedentários, ao lado de modelos novos de comportamento que permitem manter relações de tipo econômico, jurídico e burocrático sem a co-presença física das partes. Junto a novas oportunidades de trocas, conhecimentos, integrações e divertimentos, a sociedade da informação criará também novas solidões, novos egoísmos, novos estranhamentos, novas corridas pelo desempenho, pelo resultado, pela competitividade e pelo sucesso. 359


Por outro lado, as oportunidades devidas ao aumento das informações disponíveis serão colhidas numa medida diferente, segundo as capacidades socioeconômicas, culturais, críticas, de filtragem e de seleção de cada um dos sujeitos sociais, com o perigo de uma posterior bifurcação entre o mundo dos privilegiados e o dos excluídos. (digital devide). 359


As tecnologias da informação permitirão, por uma parte, formas de democracia telemática, direta, de tempo real; por outra, tentarão uma elite muito restrita a dominar todo o sistema social, favorecida pelo poder manipulador dos seus mass media e pelo desinteresse, inculcado sobretudo nos jovens, em relação ao exercício da política e dos valores de solidariedade. A New Economy subordinará a política à economia e a economia às finanças favorecida pelo crescente distanciamento entre a débil difusão da cultura humanista, cada vez mais desprezada, e a forte propagação da cultura técnica, sempre mais apreciada, causando a irresistível penetração da cultura de massa, posto avançado da mercantilização. p. 360

 



quinta-feira, 13 de outubro de 2016

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Ficar sozinho pode ser a melhor maneira de descansar

É comum ouvir pessoas reclamarem de cansaço no dia a dia. Mas de quanto tempo de descanso, em média, uma pessoa precisa por dia? Quem tem mais tempo para descansar? E quais são as atividades mais relaxantes para amenizar um dia cansativo? Os resultados da maior pesquisa recente já feita sobre o assunto indicam que, para se sentirem plenamente descansadas, boa parte das pessoas precisam estar sozinhas.

O "Teste do Descanso" foi uma pesquisa realizada pela BBC e o Hubbub, um coletivo internacional de pesquisadores vinculados à Durham University, na Inglaterra, com o objetivo de desvendar o que significa "descansar" para pessoas de diferentes partes do mundo.

Ao todo, 18 mil pessoas de 134 países diferentes responderam à pesquisa, lançada em novembro do ano passado com o objetivo de entender como as pessoas gostam de descansar e se existe alguma relação entre descanso e bem-estar.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Quem são os policiais que querem a legalização das drogas e o fim da violência

Grupo de policiais civis e militares autodeclarados antifascistas criticam segurança pública brasileira e lutam pela desmilitarização da corporação

BBC

PMs entram em confronto com manifestantes em ato contra o governo do presidente Michel Temer, em São Paulo
Paulo Pinto/ AGPT - 18.09.2016
PMs entram em confronto com manifestantes em ato contra o governo do presidente Michel Temer, em São Paulo



Três adolescentes apanham de uma fila de policiais militares. É Carnaval em João Pessoa, e os jovens invadiram um orfanato para roubar uma televisão e uma bicicleta. "Onde está a arma?", perguntam os policiais. Entre uma pancada e outra, dois cadetes que acompanhavam a operação saem da sala.

A cena, que teria acontecido em 2006, foi descrita à BBC Brasil por um dos cadetes que reprovaram a abordagem - a Secretaria de Segurança da Paraíba não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

LEIA MAIS: Atirador mata cinco policiais e causa pânico durante protesto nos EUA

Dez anos depois e agora capitão da PM, Fábio França diz que ainda rejeita a violência na instituição. Ele faz parte de um grupo de policiais civis e militares que se autodeclaram "antifascistas" e criticam a política de segurança pública adotada no Brasil.

Espalhados pelo país, seus integrantes - grande parte deles acadêmicos ou com pós-graduação - querem o fim da militarização e a legalização das drogas.

"O que me levou a despertar foi tentar entender que mundo era esse. Percebi o comportamento dos meus colegas e isso foi me angustiando. Queria saber por que se transformavam naquilo", diz França, que então decidiu fazer mestrado e doutorado em Sociologia.

"Procuramos que a PM se reencontre com as instituições democráticas."

Para fazer esse debate, o grupo se organiza há alguns anos pela internet e em eventos de associações como o Leap (agentes da lei contra a proibição das drogas). Um dos sites que concentra essa discussão, o Policial Pensador, teve 200 mil visualizações desde que entrou no ar, em 2014. Criada pelo tenente Anderson Duarte, do Ceará, a página reúne artigos sobre temas como redução da maioria penal.

LEIA MAIS: 'Como sobrevivi a duas tentativas de assassinato pelo marido e mudei as leis do Brasil'

Duarte, de 33 anos, diz que a convergência dessas ações nos últimos anos foi provocada pelo maior acesso dos profissionais de segurança à educação e pelo fortalecimento de um discurso conservador, que gerou a necessidade de um contraponto.

"Muitos pares têm pensando de forma diferente e faltava um espaço para discussão. Sempre partimos do ponto de que não existe democracia sem polícia, e aí perguntamos: que polícia nós queremos?"

PMs em operação contra o tráfico de drogas em Cuiabá: grupo antifascista tem como prioridade o combate às drogas
GCom MT/José Medeiros - 29.06.2016
PMs em operação contra o tráfico de drogas em Cuiabá: grupo antifascista tem como prioridade o combate às drogas


Guerra às drogas

Um dos principais pontos discutidos por esse grupo é o combate ao tráfico de drogas. Para eles, esses confrontos provocam muitas mortes e seriam ineficazes.

"Não se tratam de ações contra as drogas, que são inanimadas, mas contra as pessoas. A polícia brasileira é a que mais mata e a que mais morre no mundo. Temos números de guerra", diz Duarte, que também é doutorando em Educação.

A "guerra às drogas" estaria ligada à militarização das instituições, diz o delegado e diretor do Leap Orlando Zaccone.

De acordo com ele, seguindo a lógica militar, a polícia é voltada para embates e precisa estabelecer um inimigo: o traficante. Zaccone questiona a prioridade que o Estado dá a um crime que, pela lei, não ameaça à vida.

"O tráfico é o crime que mais encarcera mulheres e o que deixa mais tempo preso hoje. E isso é estranho, porque não tem vítima (na legislação). O que se defende na lei é um bem jurídico, uma questão de saúde pública. A importância que dão a ele tem a ver com a militarização, que precisa de um oponente para se manter."

Militarização

Um dos caminhos apontados por Duarte e Zaccone para acabar com o conflito é a legalização das drogas, com venda e uso regulamentados pelo governo. No entanto, dizem que para chegar ao cerne do problema - a desmilitarização - é necessária uma mudança profunda: rever o papel da polícia.

O capitão Fábio França afirma que a origem da polícia brasileira está no século 19, quando foi usada para reprimir revoltas contra o Império.

O casamento entre polícia e Exército se consolidou na Constituição de 1934, quando a primeira passa a ser subordinada ao último. Na ditadura, os policiais militares, que atuavam só no caso de distúrbios civis, saíram dos quartéis e foram para o dia a dia das ruas.

De acordo com os entrevistados, a lógica militar, de combate e aniquilação do adversário, ajudaria a explicar o comportamento violento de policiais.

Tais ideias, no entanto, não são consenso. Para José Vicente da Silva Filho, coronel reformado da Polícia Militar e ex-secretário Nacional de Segurança, a proximidade com o Exército é necessária para manter uma estrutura de controle e disciplina.

Uma polícia desmilitarizada, pondera, poderia se corromper com mais facilidade.

"Uma estrutura de contenção é importante para quem está sujeito a muito estresse no dia a dia profissional."

PMs auxiliam em protesto de professores e estudantes contra a violência em frente à  sede da Seeduc, em Santo Cristo
Tomaz Silva/ Agência Brasil - 24/05/2016
PMs auxiliam em protesto de professores e estudantes contra a violência em frente à sede da Seeduc, em Santo Cristo


Treinamento

Outro tema questionado pelos policiais que se dizem "antifascistas" é o treinamento.

França, que estuda a formação desses profissionais, diz que os recém-chegados têm dois currículos: o formal, que inclui direitos humanos, e o "oculto", com práticas que têm mais força. O discurso progressista, afirma, fica na teoria numa rotina de xingamentos e castigos.

"A pedagogia militar incute um processo em que a humilhação é a tônica central, alunos apanham dos instrutores. Os policiais não veem o que é direitos humanos porque não têm seus direitos respeitados."

Segundo levantamento de 2014, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Fundação Getúlio Vargas e Secretaria Nacional de Segurança Pública, 28% dos policiais ouvidos afirmaram ter sido "vítima de tortura em treinamento ou fora dele" e 60% narraram situações de desrespeito ou humilhação por superiores.

Para João*, sargento da Polícia Militar do Ceará, ao viverem sob esse regulamento estrito, os policiais querem reproduzi-lo com os civis.

"Quando privam sua liberdade por causa de uma farra amarrotada ou de um atraso, você transfere essa lógica para a sociedade. Acha que a população tem que ser subserviente a você. Nossa formação é voltada para guerra - existe nós e os inimigos. E às vezes são os cidadãos que juramos defender."

Na contramão desse pensamento, o coronel José Vicente considera que deve haver pressão nos exercícios, porque eles preparam os profissionais para uma rotina de medo.

"O treinamento para lidar com estresse não é feito com PowerPoint. Tem que colocar sob estresse para o agente saber lidar com as circunstâncias."

Entretanto, o ex-secretário de segurança pondera que é preciso melhorar as relações entre chefes e subordinados, impedindo lideranças muito autoritárias.

Policiais militares contém convocado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, na Avenida Paulista, em São Paulo
Dario Oliveira/Código19/Estadão Conteúdo - 29.8.16
Policiais militares contém convocado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, na Avenida Paulista, em São Paulo


Sangue nos olhos

Segundo esses policiais, a imagem de violência que o treinamento e a atuação da polícia geram atrai pessoas de perfil agressivo, que desejam usar a farda para exercer essa brutalidade.

O investigador da Polícia Civil da Bahia Denilson Neves, 47, diz que precisou acalmar os ânimos várias vezes, quando estava participando de diligências, porque "as pessoas estavam com sangue nos olhos".

Segundo Neves, que é militante de esquerda há 30 anos, parte dos recém-chegados tem uma visão equivocada da profissão.

"Eles entram para fazer justiça com as próprias mãos. Reprimir e matar têm sido a lógica da polícia e muitos vão lá porque identificam com a ideia."

Para os entrevistados, também há influência de um discurso conservador, que estaria se expandindo no Brasil, sobre esses profissionais. Como uma esquerda que renega o policial, diz o delegado Orlando Zaccone, seções ligadas à direita ganham adeptos.

"Os policiais têm pouca ou nenhuma atenção das esquerdas. Quando a direita aparece e diz que ninguém cuida da vida dos policiais, que são heróis, tem uma recepção grande."

O sargento João fala de um "glamour" que existe na militarização. Setores mais tradicionalistas, afirma, acham que as organizações de segurança vão dar alguma "pureza moral" para o país.

"Teria vergonha de alguém querer tirar foto comigo (em um protesto), porque não seria pela minha missão de proteger a sociedade. Seria pelo uso da força."

Há 15 anos na PM, João diz que, por ser ter uma visão crítica, é hostilizado pelos colegas.

O policial conta que virou persona non grata em grupos no WhatsApp e tem suas postagens no Facebook ridicularizadas. Num dos posts, ele reprova a ação de PMs acusados de cometer uma chacina para vingar a morte de um amigo.

"Todos disseram 'como você faz isso? O cara (assassinado) era pai de família'. E as famílias dos meninos mortos não estão sofrendo, não? Sou visto como uma anomalia. Muitos dizem que sou um lixo."

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Casos como esse não se restringem à PM. A escrivã Cecilia*, da Polícia Civil de São Paulo, conta que, ao fazer qualquer questionamento, é considerada inocente.

"Existe uma ideia de que há um inimigo dentro da sociedade. E, a meu ver, a função é de proteção."

Para Cecilia, de 41 anos, é difícil para seus superiores compreenderem isso.

"Quando digo que não quero uma polícia opressora, respondem que estou fazendo carinho em bandido."

Para entrevistados do grupo antifacista , treinamento militar é prejudicial por conter humilhação como tônica central
Tomaz Silva/ Agência Brasil
Para entrevistados do grupo antifacista , treinamento militar é prejudicial por conter humilhação como tônica central


Convencimento

Com tantos empecilhos e em menor número, os policiais desses grupos buscam influenciar os companheiros de trabalho aos poucos.

Antes das operações, o investigador Denilson Neves, da Bahia, pergunta aos colegas: "o que ganhamos ao tirar a vida de alguém?".

"Um ou outro policial pode fazer essa reflexão crítica, o que destrói a possibilidade de fazerem algo no automático."

Além do boca a boca, o grupo se organiza para entrar num debate amplo sobre esses temas - e atrair simpatizantes. Parte de seus integrantes negocia a publicação de um livro.

O primeiro passo para a mudança, afirmam, é acelerar a profissionalização do policial como um agente protetor. Para eles, um PM deveria ser especialista em negociação de conflitos, e não em técnicas de guerra.

"A polícia sempre será um instrumento de manutenção da ordem, mas não significa que seja reacionária ou fascista. Ela vai continuar defendendo a vida e a propriedade privada, mas não precisa ser no pau de arara", afirma o inspetor da polícia civil do Rio de Janeiro Hildebrando Saraiva, 35.

"A ideia é criar métodos modernos e democráticos."

O objetivo proposto, explica o delegado Orlando Zaccone, é aproximar a corporação das pessoas e buscar mais independência do poder político, o que exige mudar o entendimento do Estado sobre segurança.

Longe dos ideais almejados, os policiais do grupo se dizem otimistas.

"Acho que vivemos um momento de transição. Se você comparar com 20 anos atrás, melhorou muito. Até tem gente rejeitando imagens de chacina no WhatsApp", diz o inspetor Neves.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

sábado, 25 de junho de 2016

Me gustam los estudiantes

Que vivan los estudiantes
Jardín de nuestra alegría
Son aves que no se asustan
De animal ni policía
Y no le asustan las balas
Ni el ladrar de la jauría
Caramba y zamba la cosa
¡Qué viva la astronomía!

Me gustan los estudiantes
Que rugen como los vientos
Cuando les meten al oído
Sotanas y regimientos
Pajarillos libertarios
Igual que los elementos
Caramba y zamba la cosa
Qué viva lo experimento

Me gustan los estudiantes
Porque levantan el pecho
Cuando les dicen harina
Sabiéndose que es afrecho
Y no hacen el sordomudo
Cuando se presente el hecho
Caramba y zamba la cosa
¡El código del derecho!

Me gustan los estudiantes
Porque son la levadura
Del pan que saldrá del horno
Con toda su sabrosura
Para la boca del pobre
Que come con amargura
Caramba y zamba la cosa
¡Viva la literatura!

Me gustan los estudiantes
Que marchan sobre las ruinas
Con las banderas en alto
Pa? toda la estudiantina
Son químicos y doctores
Cirujanos y dentistas
Caramba y zamba la cosa
¡Vivan los especialistas!

Me gustan los estudiantes
Que con muy clara elocuencia
A la bolsa negra sacra
Le bajó las indulgencias
Porque, hasta cuándo nos dura
Señores, la penitencia
Caramba y zamba la cosa
Qué viva toda la ciencia!
Caramba y zamba la cosa
¡Qué viva toda la ciência!

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Notas escalas

C
Escala Diatônica maior: C, D, E, F, G, A, B, C
Escala Diatônica maior sustenido: C#, D#, F, F#, G#, A#, C, C#
Escala Diatônica menor: C, D, D#, F, G, G#, A#, C
Escala Diatônica menor sustenido: C#, D#, E, F#, G#, A, B, C#
Escala Pentatônica maior: C, D, E, G, A
Escala Pentatônica maior sustenido: C#, D#, F, G#, A#, C#
Escala Pentatônica menor: C, D, F, G, A
Escala Pentatônica menor sustenido: C#, D#, F#, G#, A#
Escala de blues: C, D#, F, F#, G, A, A#, C
Escala de blues sustenido: C#, E, F#, G, G#, A#, B, C#
Escala Espanhola: C, C#, E, F, G, G#, A#, C
Escala Espanhola sustenido: C#, D, F, F#, G#, A, B, C#
Escala cigana: C, C#, E, F, G, G#, B, C
Escala cigana sustenido: C#, D, F, F#, G#, A, C, C#
Escala Melódica menor: C, D, D#, F, G, A, B, C
Escala Melódica menor sustenido: C#, D#, E, F#, G#, A#, C, C#
Escala Harmônica menor: C, D, D#, F, G, G#, B, C
Escala Harmônica menor sustenido: C#, D#, E, F#, G#, A, C, C#

D
Escala Diatônica maior: D, E, F#, G, A, B, C#, D
Escala Diatônica menor: D, E, F, G, A, A#, C, D
Escala Diatônica maior sustenido: D#, F, G, G#, A#, C, D, D#
Escala Diatônica menor sustenido: D#, F, F#, G#, A#, B, C#, D#
Escala Pentatônica maior: D, E, F#, A, B, D
Escala Pentatônica menor: D, E, G, A, B
Escala Pentatônica maior sustenido: D#, F, G, A#, C, D#
Escala Pentatônica menor sustenido: D#, F, G#, A#, C
Escala de blues: D, F, G, G#, A, B, C, D
Escala de blues sustenido: D#, F#, G#, A, A#, C, C#, D#
Escala Espanhola: D, D#, F#, G, A, A#, C, D
Escala Espanhola sustenido: D#, E, G, G#, A#, B, C#, D#
Escala cigana: D, D#, F#, G, A, A#, C#, D
Escala cigana sustenido: D#, E, G, G#, A#, B, D, D#
Escala Melódica menor: D, E, F, G, A, B, C#, D
Escala Melódica menor sustenido: D#, F, F#, G#, A#, C, D, D#
Escala Harmônica menor: D, E, F, G, A, A#, C#, D
Escala Harmônica menor sustenido: D#, F, F#, G#, A#, B, D, D#

E
Escala Diatônica maior: E, F#, G#, A, B, C#, D#, E
Escala Diatônica menor: E, F#, G, A, B, C, D, E
Escala Pentatônica maior: E, F#, G#, B, C#, E
Escala Pentatônica menor: E, F#, A, B, C#
Escala de blues: E, G, A, A#, B, C#, D, E
Escala Espanhola: E, F, G#, A, B, C, D, E
Escala cigana: E, F, G#, A#, B, C, D#, E
Escala Melódica menor: E, F#, G, A, B, C#, D#, E
Escala Harmônica menor: E, F#, G, A, B, C, D#, E

F
Escala Diatônica maior: E, F#, G#, A, B, C#, D#, E
Escala Diatônica menor: F, G, G#, A#, C, C#, D#, F
Escala Diatônica maior sustenido: F#, G#, A#, B, C#, D#, F, F#
Escala Pentatônica maior: E, F#, G#, B, C#, E
Escala Pentatônica menor: F, G, A#, C, D
Escala Pentatônica maior sustenido: F#, G#, A#, C#, D#, F#
Escala de blues: E, G, A, A#, B, C#, D, E
Escala de blues sustenido: F#, A, B, C, C#, D#, E, F#
Escala Espanhola: E, F, G#, A, B, C, D, E
Escala Espanhola sustenido: F#, G, A#, B, C#, D, E, F#
Escala cigana: E, F, G#, A#, B, C, D#, E
Escala cigana sustenido: F#, G, A#, C, C#, D, F, F#
Escala Melódica menor: F, G, G#, A#, C, D, E, F
Escala Harmônica menor: F, G, G#, A#, C, C#, E, F

G
Escala Diatônica maior: E, F#, G#, A, B, C#, D#, E
Escala Diatônica menor: G, A, A#, C, D, D#, F, G
Escala Diatônica maior sustenido: G#, A#, C, C#, D#, F, G, G#
Escala Diatônica menor sustenido: G#, A#, B, C#, D#, E, F#, G#
Escala Pentatônica maior: E, F#, G#, B, C#, E
Escala Pentatônica menor: G, A, C, D, E
Escala Pentatônica menor sustenido: G#, A#, C#, D#, F
Escala Pentatônica maior sustenido: G#, A#, C, D#, F, G#
Escala de blues: E, G, A, A#, B, C#, D, E
Escala de blues sustenido: G#, B, C#, D, D#, F, F#, G#
Escala Espanhola: E, F, G#, A, B, C, D, E
Escala Espanhola sustenido: G#, A, C, C#, D#, E, F#, G#
Escala cigana: E, F, G#, A#, B, C, D#, E
Escala cigana sustenido: G#, A, C, D, D#, E, G, G#
Escala Melódica menor: G, A, A#, C, D, E, F#, G
Escala Melódica menor sustenido: G#, A#, B, C#, D#, F, G, G#
Escala Harmônica menor: G, A, A#, C, D, D#, F#, G
Escala Harmônica menor sustenido: G#, A#, B, C#, D#, E, G, G#

A
Escala Diatônica maior: A, B, C#, D, E, F#, G#, A
Escala Diatônica menor: A, B, C, D, E, F, G, A
Escala Diatônica maior sustenido: A#, C, D, D#, F, G, A, A#
Escala Diatônica menor sustenido: A#, C, C#, D#, F, F#, G#, A#
Escala Pentatônica maior: A, B, C#, E, F#, A
Escala Pentatônica menor: A, B, D, E, G
Escala Pentatônica maior sustenido: A#, C, D, F, G, A#
Escala Pentatônica menor sustenido: A#, C, D#, F, G
Escala de blues: A, C, D, D#, E, F#, G, A
Escala de blues sustenido: A#, C#, D#, E, F, G, G#, A#
Escala Espanhola: A, A#, C#, D, E, F, G, A
Escala Espanhola sustenido: A#, B, D, D#, F, F#, G#, A#
Escala cigana: A, A#, C#, D#, E, F, G#, A
Escala cigana sustenido: A#, B, D, E, F, F#, A, A#
Escala Melódica menor: A, B, C, D, E, F#, G#, A
Escala Melódica menor sustenido: A#, C, C#, D#, F, G, A, A#
Escala Harmônica menor: A, B, C, D, E, F, G#, A
Escala Harmônica menor sustenido: A#, C, C#, D#, F, F#, A, A#

B
Escala Diatônica maior: A, B, C#, D, E, F#, G#, A
Escala Diatônica menor: B, C#, D, E, F#, G, A, B
Escala Pentatônica maior: A, B, C#, E, F#, A
Escala Pentatônica menor: B, C#, E, F#, G#
Escala de blues: A, C, D, D#, E, F#, G, A
Escala Espanhola: A, A#, C#, D, E, F, G, A
Escala cigana: A, A#, C#, D#, E, F, G#, A
Escala Melódica menor: B, C#, D, E, F#, G#, A#, B
Escala Harmônica menor: B, C#, D, E, F#, G, A#, B

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Fernando Pessoa não morreu de cirrose e nem era cachaceiro

A impossibilidade do alcoolismo em Fernando Pessoa: um ensaio em cinco tragos

Por · Em 26/02/2015

"Conta-se que um poeta maldito do segundo império, Theodore Pelloquet, vagabundo e bêbedo que ficou afásico, ao tentar no seu leito de morte exprimir aos seus próximos a sua última vontade só conseguiu pronunciar a primeira sílaba: abs…, sem que se conseguisse saber se queria um copo de absinto ou a absolvição dos seus pecados por um padre."

Robert Bréchon – Estranho Estrangeiro – Uma biografia de Fernando Pessoa

I – Tantas páginas em branco e tão pouco tempo

Fernando Pessoa. Nascido a 13 de Junho de 1888, morrido a 30 de Novembro de 1935. Tendo vivido, assim, 47 anos, 5 meses e 17 dias, criou, nesse lapso, qualquer coisa como cerca de 130 autores fictícios (1). Dezenas desses autores fictícios deixaram obra que chegue para ocupar as academias de todo o mundo com séculos de pós-graduações, mestrados e doutoramentos. A sua vasta, complexa e inspirada obra heteronímica não tem paralelo na história da literatura universal, mas apenas como hortónimo já é o poeta mais importante do século XX português, rivalizando com Camões para o título nacional absoluto. A obra que Pessoa construiu no breve percurso da sua existência não está ainda, 80 anos depois da sua morte, inteiramente publicada. Inteiramente estudada. Inteiramente lida. A célebre arca não parece ter um fundo e o bom do Virgem Negra, para além do poeta-milagre que foi, também foi editor, dramaturgo, novelista, crítico literário, ensaísta, filósofo, politólogo e economista, tendo deixado à posteridade incontável obra sobre uma imensa pluralidade de temas, em português, inglês e francês.

Para além desta carga de trabalhos, o poeta da "Mensagem" escrevia cartas como se não houvesse amanhã. Correspondia-se com Mário de Sá Carneiro, com Jorge Luís Borges, com Adolfo Casais Monteiro, com Gaspar Simões (que viria a ser o seu primeiro editor e biógrafo), com António Botto, com Jaime Cortesão, com José Régio, com Camilo Pessanha, com Almada Negreiros, com Santa Rita Pintor, com os directores dos jornais que o irritavam e com os directores dos jornais que não o irritavam, com os seus professores de Durban, com astrólogos de Londres, com psiquiatras de Paris, com editores em toda a parte, com a Ofélia (correspondia-se imenso com a Ofélia!) e com mais uma quantidade inquietante de gente, só para falar das cartas que enviou, porque entretanto escreveu muitas que se esqueceu de levar aos serviços postais. O Fernando era aquele tipo de sujeito educado que mandava uma carta só para avisar que ia chegar meia hora atrasado (2).

A somar a esta quantidade devastadora de cartas assinadas com nome próprio, também criou bastante correspondência em nome de autores fictícios e heteronímicos. Umas vezes escreviam uns para os outros, outras vezes escreviam para gente de carne e osso e, outras ainda, escreviam para personagens imaginários, criados para efeitos meramente cenográficos fora do âmbito da criação literária (talvez a mais prodigiosa carta de amor jamais escrita na língua portuguesa é aquela que a Corcunda escreve ao Serralheiro).

Como eminência parda do modernismo português e co-fundador da Orpheu, Fernando Pessoa produzia com regularidade, em seu nome e em nome da multidão que o habitava, uma variedade enorme de conteúdos para os media da altura (manifestos, textos de intervenção política e social, poemas, ensaios, etc., etc.) e, claro, sempre sobre os assuntos mais díspares que podemos imaginar. Alguns destes textos são de grande fôlego literário e dizem-nos muito sobre o Modernismo português em geral e o pensamento do autor em particular. Só Álvaro de Campos escreveu dois dos manifestos mais espectaculares já registados pela história da literatura portuguesa: Aviso por Causa da Moral e Ultimatum.

Como a sua caligrafia, também a sua pena era perfeitamente transversal. Até um roteiro de Lisboa em Inglês, o senhor se lembrou de escrever (para ser editado apenas em 1992) (3).

Fernando PessoaII – Actividades curriculares e extra-curriculares

Pessoa era, também e por isso mesmo, um estudioso obsessivo. Erudito em autores tão diversos como Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, Percy Shelley, Alfred Tennyson, Baudelaire, Camões, Cesário Verde, Padre António Vieira e… Bandarra; refundador do mito do Quinto Império, zeloso leitor de filósofos clássicos e modernos, astrólogo amador, filatelista até um certo ponto, ocultista perito e conhecedor profundo das ciências e das artes do seu tempo, o santo homem teve que ler por ele e, no mínimo, por mais uma mão cheia de tipos que viajavam dentro dele (a sua biblioteca está cheia de edições assinadas por autores fictícios e heteronímicos). Mais a mais, é imperativo acrescentar a esta equação o deprimente facto de que Pessoa sempre precisou de trabalhar para ganhar a vida. Com esse fim, foi correspondente comercial a tempo inteiro, na maior parte da sua existência adulta, e tradutor, jornalista e publicitário em part-time.

Por cima disto tudo, e para concluir esta muito extensa lista de afazeres, sabe-se que era um tio dedicado e um daqueles solteirões que têm um jeito meio irritante com as crianças, não regateando o tempo que consumia com elas em brincadeiras, charadas e jogos mímicos (4).

Fernando PessoaIII – Velocidade furiosa

Se o prezado leitor ficou enfartado com os dois primeiros tragos deste ensaio, tem boas razões para isso. A vida e a obra de Fernando Pessoa resultam necessariamente num ataque cardíaco, dada a azáfama danada e exaustiva. Como é que o santo homem teve tempo para tudo isto?

É verdade que Pessoa é conhecido pelos seus episódios de criatividade frenética e velocista,dos quais o mais conhecido – e lendário – é o da Noite Triunfal de 8 de Março de 1914, em que redige de uma assentada os 49 poemas que cumprem "O Guardador de Rebanhos", do mestre Caeiro (5). Mas ainda assim, só um sujeito altamente disciplinado, fortemente determinado e tendencialmente sóbrio é que consegue produzir toda esta quantidade delirante de obras primas, entre outras papeladas.

Ora, é precisamente neste ponto que a versão oficial dos biógrafos do insigne poeta não faz sentido nenhum. É que, de uma maneira geral, de Robert Bréchon a Cavalcanti Filho, todos constroem a imagem de uma figura diletante, melancólica e anémica, quase preguiçosa, que se arrasta entre o Martinho e o Chiado, numa ociosidade ébria. Gaspar Simões, que o conheceu muito bem em vida, é, curiosamente, o mais prudente nas alegações sobre os hábitos de consumo de bebidas alcoólicas do seu amigo (6), mas o alcoolismo é uma referência constante nos estudos biográficos que lhe são dedicados. Cavalcanti Filho chega a enumerar, na sua recente biografia-tipo-lista-de-compras, todos os vinhos e espirituosos que Pessoa emborcava, segundo o autor brasileiro, em quantidades industriais (7).

Pois bem, entre o copo de vinho aqui, a aguardente ali, a justa ressaca, o namorar da Ofélia, o deambular parasita pelas ruas da Baixa e o necessário cumprimento das obrigações profissionais, é pertinente perguntar sobre o elefante verde que está sentado no sofá magenta desta sala de espera: então e quando é que o Fernando Pessoa está a escrever, afinal?

Fernando PessoaIV – Da tasca ao opiário

Como o Sócrates de Platão, o autor da Tabacaria nunca se dá por bêbado. Segundo os seus biógrafos, aguenta bem o álcool. Bebe, bebe, bebe, mas vai direitinho pela Rua do Carmo a baixo. Ninguém o vê trocar o passo. Não se lhe conhece uma infâmia por mau vinho, nem uma gritaria de taberna. Esta estoicidade do poeta perante a influência da bebida é bastante conveniente para a sua reputação de seca adegas, embora na verdade se saiba que os alcoólatras são os primeiros a cederem ao poder etílico, na medida em que têm permanentemente um nível de álcool muito elevado no sangue.

O Absinto é outro dos assuntos preferidos dos biógrafos e pseudo-biógrafos do génio da Ode Triunfal. É impossível saber se o paciente leitor tem ideia do que falamos quando falamos de uma bebedeira de Absinto, mas é algo de muito pouco recomendável. A bebida, destilada da planta medicinal que lhe dá o nome, é altamente aditiva e tem poderes alucinogénios. É talvez a beberagem alcoólica mais parecida com uma droga dura que podemos imaginar.

Para se perceber o poder destrutivo do absinto, basta revisitar as aflições que do seu consumo resultaram em personagens como Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Arthur Rimbaud, Van Gogh, Oscar Wilde, Henri de Toulouse-Lautrec e Edgar Allan Poe. Uma boa geração de impressionistas da Belle Époque foram criativamente anulados pelo vício do Absinto. Consumida em excesso, esta não é uma bebida que permita a funcionalidade social ou intelectual e não se percebe, mais uma vez, como é que Fernando Pessoa podia abusar regularmente do Absinto e manter a proficiência lírica e ensaística no seu regular nível olímpico.

Para piorar ainda mais as coisas, nas últimas décadas tem pegado muito a conversa de que Pessoa se dedicava ao consumo do ópio. Esta tese é ainda mais radical, já que o ópio é uma droga que exige e implica largos períodos de letargia, agravando ainda mais a escassez de tempo dedicado à escrita na agenda do poeta. Sim é verdade: Pessoa escreveu que "tomava" ópio. Sim, é verdade: escreveu que o vinho é o melhor da vida. Mas estamos a falar do mais fingidor dos poetas alguma vez paridos. Álvaro de Campos, por exemplo, projectava navios enquanto se embriagava, se drogava loucamente e fazia sexo com máquinas. Lá no mundo imaginário de Álvaro de Campos,claro. Ricardo Reis deliciou-se com as prostitutas de Lisboa e Bernardo Soares era uma amante impetuoso, lascivo e competente, que deixava a balzaquiana Olga exaurida de prazeres8. Apesar disto, há muita gente mais ou menos respeitável que acredita que Fernando Pessoa morreu virgem (4,7).

Sim, é verdade: o homem visitava tabernas, casas de pasto, botequins. Sim, bebia uns copos sózinho ou na companhia boémia dos modernistas com que se dava. Sim, embriagava-se normalmente, como convinha aos personagens da sua ficção íntima e do ecossistema social que habitava. Mas há uma diferença grande, que toda a gente compreende bem, entre a episódica copofonia e a constante alcoolemia. Uma diferença tão grande como entre a ficção e a realidade.

Fernando PessoaV – Entre o namoro e a morte, um epílogo

Um dos fenómenos mais tristes do mito de Fernando Pessoa é o que foi montado à volta da sua morte, tantas e tantas vezes erradamente atribuída a uma "cólica hepática" associada à cirrose. É necessário afirmar que este diagnóstico é falso. Fernando Pessoa foi vítima de uma pancreatite aguda e não evidenciou à altura da sua morte quaisquer sinais distintivos de cirrose hepática (9).

Esta persistente falácia ilustra com rigor a qualidade do modelo argumentativo da tese do alcoolismo, que é realmente fraquinha em factos, mas nem seria preciso mencioná-la. Ou o Virgem Negra era imune aos efeitos destrutivos da embriaguez crónica – o mais funcional dos alcoólatras desde que Baco deu a sua primeira orgia – ou simplesmente não bebia tanto como toda a gente que é perita nele afirma que ele bebia. A vastidão assombrosa e múltipla da obra que desenvolveu não deixa muita margem de manobra para uma vida de vício. E, no belo, pungente e extenso relato que Ofélia Queiroz partilhou com a sua sobrinha-neta Maria da Graça Queiroz (10), a única menção que o grande amor de Fernando Pessoa faz a este assunto refere-se ao famoso retrato do poeta a beber vinho no Abel Pereira da Fonseca (com a legenda: "Fernando Pessoa em flagrante delitro"), que lhe foi parar às mãos através do seu sobrinho Carlos Queiroz e que deu lugar a um reatar do namoro, 9 anos depois da sua primeira conclusão. De resto, nada, rigorosamente nenhuma referência ao que Pessoa bebia, muito ou pouco. Se Ofélia Queiroz algum dia o viu embriagado, não quis deixar essa memória para a posteridade. Isto embora a ilustre senhora não mostre a mesma parcimónia sobre outras excentricidades, manias e fraquezas do namorado.

E para concluir, uma perguntinha só: se Pessoa era um amante assim desvairado do vinho, porque diabo é que o bom do Almada Negreiros o imortalizou a beber café?

1 – Jerónimo Pizarro e Patricio Ferrari – Fernando Pessoa – Eu sou uma Antologia – 136 Autores Fictícios, Tinta da
China, Lisboa 2013
2 – Fernando Pessoa, Correspondência (1905-1922), Relógio d'Água; Fernando Pessoa, Correspondência (1923-
1935), Assírio & Alvim
3 – arquivopessoa.net
4 – Robert Bréchon, Estranho Estrangeiro, Quetzal, Lisboa, 1996
5 – casafernandopessoa.cm-lisboa.pt
6 – João Gaspar Simões, Vida e Obra de Fernando Pessoa – História duma Geração, Bertrand, Lisboa, 1950
7 – José Paulo Cavalcanti Filho, Fernando Pessoa, Uma Quase Autobiografia, Porto, 2012
8- Salomó Dori, A Vida Sexual de Fernando Pessoa, Palimpsesto, 2009
9 – Francisco Fonseca Ferreira, A Penumbra do Génio, Livros Horizonte, Lisboa, 2002
10 – O Fernando e eu, Relato da Ex.mª Senhora Dona Ophélia Queiroz, destinatária destas Cartas de Fernando


http://deusmelivro.com/zoom/a-impossibilidade-do-alcoolismo-em-fernando-pessoa-26-2-2015/

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

louvada seja a pequena pobreza!


Olhai esses supérfluos! Estão sempre enfermos, vomitam fel e lhe chamam "jornal". Devoram-se uns aos outros e não podem, sequer, digerir-se.

Olhai esses supérfluos! Adquirem riquezas e, com elas, tornam-se mais pobres.

[...]

Olhai como sobem trepando, esses ágeis macacos! Sobem trepando uns por cima dos outros e atirando-se mutuamente, assim, no lodo e no abismo.

Ao trono, querem, todos, subir: é essa a sua loucura – como se no trono estivesse sentada a felicidade! Muitas vezes, é o lodo que está no trono – e, muitas vezes, também o trono no lodo.

Ainda está livre, para as grandes almas, uma vida livre. Na verdade, quem pouco possui, tanto menos pode tornar-se possuído: louvada seja a pequena pobreza!

Nietzsche, Assim Falou Zaratustra

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