Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. (Padre Antônio Vieira)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Soneto do operário de escritório

Como um pedreiro em meio ao mobiliário,
Tenta sentir-se seguro observando a pompa do seu local de trabalho,
Imaginando que um dia será beneficiado,
E que até ganhará aumento de salário.

No fundo ele sabe que não tem salário que pague:
Embrutece e morre todo dia um pouco,
No contato com a gente impaciente
Que só deseja o seu préstimo silente.

Através das palavras frias dos documentos,
Em meio às máquinas e os papéis sebosos,
Vai seguindo cego os procedimentos,

Ininterrupto, assina, carimba, despacha,
Expede, oficializa, protocola,
Tudo são nomes, datas, tudo tem hora.

Foresti, F. 19/10/2004

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