Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. (Padre Antônio Vieira)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Katsimbalis de Marússia

E nunca encontrei um indivíduo mais humano do que Katsimbalis. Ao andar ao seu lado pelas ruas de Marússia, tive a sensação de estar pisando sobre a terra de uma forma inteiramente nova. A terra tornou-se mais íntima, mais viva, mais promissora. Ele falava muito do passado [...] mas nunca como de algo morto e esquecido, mas, antes, como de algo que trazemos em nós, algo que frutifica no presente e torna o futuro convidativo. Falava com igual reverência das coisas grandes e pequenas; nunca estava tão ocupado que não pudesse parar para pensar em alguma coisa que o atraísse; tinha um tempo infinito nas mãos, coisa que, por si mesma, já é a marca das grandes almas [...] há homens tão completos, tão ricos, que se dão tão inteiramente que, sempre que você se despede deles, torna-se irrelevante saber se essa despedida é por um dia ou para sempre. Eles não pedem nada de você, a não ser que você partilhe com eles a suprema alegria de viver. Nunca perguntam de que lado do muro você está, porque no mundo em que eles vivem não há muros. Fazem-se invulneráveis por, habitualmente, se exporem a todos os perigos. Seu heroísmo cresce à medida que revelam suas fraquezas. p. 240


MILLER, Henry. O colosso de Marússia. Tradução de Cora Rónai. Porto Alegre: L&PM, 2003. 254 p.

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