Milady, é preciso comtemplá-la,
Quando passa, aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal.
[...]
Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica, e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!
[...]
E enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorrisos, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como um bilhante.
Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão de acabar os bárbaros reais,
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança aguçam os punhais.
E um dia, ó Flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim azul e as andorinhas,
Eu hei de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos, as rainhas!
JOSÉ JOAQUIM, Cesário verde, 1855-1886. O livo do Cesário Verde. Porto Alegre: L&M, 2010.
Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. (Padre Antônio Vieira)
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