Por A Cruz de Souza.
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Pretendo através do presente artigo alertar os bares vivendis sobre o risco de se ouvir música em fones de ouvido. Contudo, não falo do risco a saúde física apenas, como a diminuição gradual da acuidade auditiva. Clamo principalmente em razão do encolhimento da vivência. A miniaturização dos aparelhos e a competitividade dos preços de áudio portáteis em função do desenvolvimento tecnológico e o sua convergência para diversos outros aparelhos, como o celular, ocasionou uma explosão de vendas e o renascer de um hábito que parecia estar por morrer: o de ouvir música por meio de fones de ouvido em absolutamente qualquer lugar.
Forçosamente, o aparelho aniquila, no momento do seu uso, a audição do usuário e claramente afeta o seu comportamento. Deixa-se de contar com um importante aparelho sensorial que nos orienta, apreende e aprende o mundo ao nosso redor. A tão preciosa experiência como fonte fundamental e inesgotável de conhecimento é, sucessivamente, perdida, anulada, adiada jamais. A trilha sonora que emana no seu mundo idealizado torna o ouvinte um ser estéril entre os transeuntes abaloados em seus caminhares frenéticos e determinados. Nota-se sem dúvida uma exacerbação do individualismo e uma negação do outro, um se negar à ver. Portanto óculos escuros, fone de ouvido na orelha, boné cobrindo o rosto ou um capuz e, pronto, o indivíduo, por vontade própria, se converte em ser refratário a qualquer possibilidade de relação com o outro.
O que o indivíduo não se dá conta, porém, é que o melhor da vida e o próprio sentido dela são as relações, como mundo e com o outro. Só é possível pensar num eu em relação a um nós. Se isolado do mundo emergirá a questão: quem sou eu? Saberei quem sou e serei melhor se souber quem são os outros e o que é o mundo. Vivamos a experiência do mundo que se oferece!
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