Quando damos um objeto na forma de presente ao outro simplesmente porque nós gostamos do presente, não importando o interesse do outro, então estamos praticando uma forma de egoísmo reflexo. O egoísmo reflexo está na minha atitude de dar a o outro o que eu gosto, o que eu gostaria de receber de presente se fosse eu o presenteado, o que eu gostaria de ver o outro possuindo. O outro não importa, ainda que o presente signifique justamente que o outro importa. Eu pago o presente, eu escolho. Portanto, não reclame!
Numa situação onde se presenteia alguém, o indivíduo se vê na impossibilidade de se negar a dar ao outro um objeto na forma de presente por conta do valor moral deste ato, vinculado a um rito ou prática social, que o obriga moralmente a tal. Assim, procurando escapar ao prejuízo, o indivíduo inverte o processo e presenteia a si mesmo, não materialmente - visto que a matéria é o objeto que é dado – mas simbolicamente, subjetivamente, satisfazendo seu ego com aquilo que é do seu gosto.
É o Natal um momento rico em exemplos de egoísmo reflexo. Pois esta data nos obriga moralmente a dar presentes ao outro. O que nem sempre nos garante recebermos algum. Isto certamente contribui para o egoísmo reflexo.
Certamente que o egoísmo reflexo se manifesta em outros ritos do tipo que se presenteia o outro, além do Natal. O aniversário, a páscoa, o dia das mães, etc, são exemplos típicos destes ritos e lugar comum para as manifestações de egoísmo reflexo.
Mas quando o ato de dar presentes se libera do rito e torna-se um dar por dar, sem data especial, então este ato mostra sua face mesquinha, sem a máscara do rito.
Tudo isso que escrevi é só para dizer a você, caro leitor, que neste natal dê presentes ao outro.
Ass.: A cruz de Souza
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