Que a vida é tudo, e que a morte é nada, e que o abismo é só a cegueira de ver, que tudo isto não pode existir e deixar de existir, porque existir é ser, e ser não se reduz ao nada. Ah, se todo este mundo claro, e estas flores e luz, se todo este mundo com terra e mar e casas e gente, se todo este mundo natural, social, intelectual, estes corpos nus por baixo das vestes naturais, se isto é ilusão, porque é que isto está aqui? Ó mestre Caieiro, só tu é que tinha razão! Se isto não é, por que é que é?
Se isto não pode ser, então porque pôde ser?
PESSOA, Fernando. Poesia. Álvaro de Campos. Edição Teresa Rita Lopes. São Paulo: Cia. das Letras, 2002. p. 207
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