quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Blues literário
Bêbado inconsciente
Os pequeninos feitos
Linceu, O Vigia
A ver destinado,
À torre preposto,
Vigia jurado,
O mundo é meu gosto.
Contemplo distante
E próximo observo
O luar no levante,
[...] a ave e o cervo.
Assim vejo em tudo
Beleza sem fim,
E como me agrada,
Agrado-me a mim.
Felizes meus olhos,
O que heis percebido,
Lá seja o que for,
Tão belo tem sido!
(versos)
Mas nem sempre para o gozo
Velo o mundo desta altura;
Com que horror mais espantoso
Me confronto na negrura!
Chispas vejo que faíscam
Pelas tílias, lá, na treva,
Raios fúlgidos coriscam,
Que o ar atiça e à roda leva.
Ah, no bosque a casa arde,
Que em musgo úmido se erguia;
Urge auxílio! ah, que não tardo!
Esperança vã, baldia!
O parzinho venerando,
Sempre ao fogo tão atento,
Preso em fumo e em brasa arfando!
Que agonia, que tormento!
Fulge a choça em luz purpúrea;
Dentro do atro entulho externo;
Salvam-se esses bons da fúria
Do tremendo, ardente inferno!
Letra musicada da obra:
GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto. Tradução de Janny Klabin Segall. Belo Horizonte: Itatiaia, 1997. p. 426-427. (Grandes obras da cultura universal, 3)
Arranjo: F. Foresti; L. Manzoni; D. Scopel; Fabiano Foresti
Banda Desclassificados
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Cloto e Láquesis *
Entregaram a tesoura;
Da velhinha a ação, no fim,
Aprovada já não fora.
Longo tempo ao ar e a luz;
E o que augura altas vantagens,
Corta e ao túmulo reduz.
Muitas vezes me enganara;
Para refrear-me agora,
A tesoura em caixa pára.
O festivo ambiente miro;
A hora livre vos deleita,
Continuai no alegre giro.
Da ordem salvaguardo o trilho;
A única capaz sou eu;
Sempre ativo, meu sarilho
Jamais ainda se excedeu.
A cada um seu rumo marco;
Nenhum deixo andar às soltas,
Tem de se integrar no arco.
* Letra musicada da obra:
GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto. Tradução de Janny Klabin Segall. Belo Horizonte: Itatiaia, 1997. p. 228. (Grandes obras da cultura universal, 3)
Arranjo: F. Foresti; L. Manzoni; D. Scopel
Banda Desclassificados
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Analogia entre o Bar e o Salão de Beleza
Há um universo masculino e outro feminino, já sabemos. Em cada um desses universos existe um lugar privilegiado de encontro e discussão próprios. Trata-se de um sectarismo sexual socialmente e informalmente estabelecido pela necessidade que males e females tem em encontrar seus iguais a fim de tratarem de assuntos que só a cada grupo interessa. Questão de sobrevivência. Se para o homem esse lugar é, em geral, o bar, para a mulher certamente é o salão de beleza. As mulheres não são e nunca foram dadas a bebidas alcoólicas em exagero, ao cheiro forte de um banheiro de bar ou qualquer outra grosseria ambiental. Por isso elas criaram um ambiente social análogo ao bar, porém em acordo com a sensibilidade feminina. Um lugar confortável, limpo, de bons ares, onde a cerveja é substituída pelo chá e o garçom pelo cabeleireiro. Tanto aqui quanto ali se evoca assuntos de todos os níveis. Criticam-se ou exaltam-se os cônjuges. Lamenta-se ou celebra-se a vida. Cá e lá, cabeleireiros e garçons tornam-se confidentes. Donos de salão e donos de bar esbravejam contra os impertinentes e maus pagadores. Se no bar o preço da cerveja movimenta multidões de machos, no salão de beleza ocorre o mesmo quanto ao preço do corte de cabelo, da escova ou do tingimento. Salões de beleza multiplicam-se pela cidade e já contam em número muito próximo ao de bares.
O que pode haver de utilidade prática na digressão acima para nós bares vivendis? Vos direi: se sua mulher vai ao salão de beleza, nesse preciso momento vá você ao bar. Se fores ao bar então diga a ela que vá ao salão, sem pressa de voltar. Assim ambos os sexos estarão sempre satisfeitos um com o outro. Ao fim, quando se encontrarem, teremos a exarcebação, o avultamento das qualidades de cada um do par. De um lado o homem com sua protuberância abdominal depois de horas comendo e bebendo excessivamente. Seu aspecto é a de um bêbado qualquer encerrando em si todos os odores possíveis de existirem em um bar. Desde o cheiro de álcool, passando pela fritura, até chegar ao tabaco. Roupas amarrotadas, cabelos desgrenhados, transpiração excessiva, ele se arrasta alegre ao encontro de sua mulher que acaba de sair do salão. E lá está ela: cabelos alinhados, perfeitamente tingidos, sobrancelhas feitas e maquiagem exuberante, perfumes florais e amadeirados levam-na numa nuvem delicada e sutil.
Aos poucos, porém, tudo volta ao seu normal. O homem, longe do bar, agora está sóbrio, faz a barba e penteia-se. Arruma-se com roupas engomadas e elegantes para ir trabalhar.
Na mulher, por sua vez, vence o tingimento e os cabelos brancos avançam, o toucado deforma, a maquiagem derrete, crescem as sobrancelhas.
Toda essa dualidade nos mostra, em resumo, que o bar é um mau passageiro e o salão de beleza um bem também passageiro, logo, se sua mulher é feia, será um mal eterno. Tudo isso significa que devemos lembrar mais uma vez e sempre: vamos ao bar, enfeiemo-nos para nossas mulheres e que elas se embelezem para nós, nessa roda sem fim. Eterno retorno dos bares.
A Cruz de Souza.
http://acruzdesouza.blogspot.com/
De como a filosofia advinda dos bares nos ajuda à viver
[...] em sociedade deve prestar atenção a tudo, [...] os primeiros lugares são muitas vezes ocupados pelos menos capazes e o bafejo da sorte quase nunca atinge os competentes. [...] não raro, enquanto conversam à cabeceira da mesa acerca da beleza de uma tapeçaria ou do sabor da malvasia, bons ditos se perdem do outro lado. Terá de sondar o valor de cada um: boiadeiro, pedreiro ou viandante. Cada qual em seu domínio pode revelar-nos coisas interessantes e tudo é útil para nosso governo." (MONTAIGNE. Ensaios I. Cap. XXVI. p. 83. 1580)
Eis acima, resumido, o espírito filosófico que deve fazer parte de todos os bares vivendis. Montaigne ele próprio um bares vivendi do séc. XIV (talvez um tabernas vivendi, devido à época).
A Cruz de Souza.
http://acruzdesouza.blogspot.com/
Mito do Santo dos Bares
http://acruzdesouza.blogspot.com/
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Bibliotecário Maluco em festa da empresa
Arquivos Malucos
-
▼
2010
(118)
-
▼
fevereiro
(17)
- Blues literário
- Bêbado inconsciente
- Os pequeninos feitos
- Linceu, O Vigia
- Melhor ângulo de si - Banda Desclassificados
- A Brief History of Pretty Much Everything
- Banda Desclassificados - Coleira de Prata
- Cloto e Láquesis *
- Garrafas Cheias
- 6 motivos para nunca se casar
- Fantasias baratas para o carnaval
- Analogia entre o Bar e o Salão de Beleza
- De como a filosofia advinda dos bares nos ajuda à ...
- Mito do Santo dos Bares
- Meu último vídeo: O Cantor
- Um passarinho bateu na minha janela
- Bibliotecário Maluco em festa da empresa
-
▼
fevereiro
(17)