terça-feira, 28 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
A velocidade não é tão importante assim
Escrever precisa ser um ato destituído de vontade.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Dionísio no Bar
http://www.baresdaufsc.com/artigos/dionisio.php
O álcool libera. Há no etilismo uma busca por esta liberalidade. Ao ser alcançada, rompe-se com a ordem. Suspende-se a norma. E essa suspensão é, sobretudo, imanente. Ou seja, ela se dá de dentro para fora do sujeito alcoolizado. Processa-se, através do álcool, o rompimento das amarras existenciais. É aí então que o ébrio se mostra como sujeito de caráter singular, único. Dá-se, assim, um cair sucessivo de suas personas.
O que resta desse desmascaramento engendrado pelo álcool é a singularidade do sujeito, verdadeiramente. A embriaguez não é simplesmente um beber movido por um hábito, vazio de sentido. Nela o sujeito morre como ser oprimido, castrado, cerceado, para renascer livre. Beber é, portanto, um rito. Um rito de passagem do homem acorrentado, amordaçado, para o homem liberto. E o lugar privilegiado para a execução deste rito é, indubitavelmente, o bar. Lugar onde o contexto de uma maior liberalidade incita a liberalidade do sujeito por meio do álcool.
No bar a imolação, ou melhor, o hecatombe se realiza no interior do próprio sujeito. Este, à medida que bebe, vai aos poucos sacrificando suas personas, construídas ao longo de uma vida para a convivência social no âmbito formal da vida, principalmente. Terminado o rito, findada a embriaguez, vinda a ressaca, o sujeito, agora renascido, pode novamente enfrentar a sociedade com suas forças renovadas. Até, pelo menos, a próxima hora feliz no bar.
A experiência com um fone de ouvido
Por A Cruz de Souza.
http://www.baresdaufsc.com/artigos/fone.php
Pretendo através do presente artigo alertar os bares vivendis sobre o risco de se ouvir música em fones de ouvido. Contudo, não falo do risco a saúde física apenas, como a diminuição gradual da acuidade auditiva. Clamo principalmente em razão do encolhimento da vivência. A miniaturização dos aparelhos e a competitividade dos preços de áudio portáteis em função do desenvolvimento tecnológico e o sua convergência para diversos outros aparelhos, como o celular, ocasionou uma explosão de vendas e o renascer de um hábito que parecia estar por morrer: o de ouvir música por meio de fones de ouvido em absolutamente qualquer lugar.
Forçosamente, o aparelho aniquila, no momento do seu uso, a audição do usuário e claramente afeta o seu comportamento. Deixa-se de contar com um importante aparelho sensorial que nos orienta, apreende e aprende o mundo ao nosso redor. A tão preciosa experiência como fonte fundamental e inesgotável de conhecimento é, sucessivamente, perdida, anulada, adiada jamais. A trilha sonora que emana no seu mundo idealizado torna o ouvinte um ser estéril entre os transeuntes abaloados em seus caminhares frenéticos e determinados. Nota-se sem dúvida uma exacerbação do individualismo e uma negação do outro, um se negar à ver. Portanto óculos escuros, fone de ouvido na orelha, boné cobrindo o rosto ou um capuz e, pronto, o indivíduo, por vontade própria, se converte em ser refratário a qualquer possibilidade de relação com o outro.
O que o indivíduo não se dá conta, porém, é que o melhor da vida e o próprio sentido dela são as relações, como mundo e com o outro. Só é possível pensar num eu em relação a um nós. Se isolado do mundo emergirá a questão: quem sou eu? Saberei quem sou e serei melhor se souber quem são os outros e o que é o mundo. Vivamos a experiência do mundo que se oferece!
Como ser simpático a todos
A Cruz de Souza
http://www.baresdaufsc.com/artigos/simpatico.php
Não só poetas são fingidores. Na vida podemos responder a interesses das pessoas de tal maneira que, na medida em que respondamos de forma correta, seremos aceitos. Trata-se de uma fórmula bastante conhecida e largamente utilizada a do ser afável. Contudo, o que é bom deve ser sempre lembrado. Vendedores e políticos são os que mais se beneficiam desta fórmula pela habilidade com que estes a manipulam. É preciso firmeza nos músculos da face para manter-se sempre agradável e alegre. Uma câimbra que seja pode comprometer toda a fórmula.
Para ser um sujeito aprazível é fundamental ser cortês e prazenteiro. Conquanto que se venha logo risonho. E que essa risada não seja por demais exagerada pra não parecer deboche. E que se seja simples, na medida. Uma apresentação em primeira instância sem mostrar os dentes o tornará um mal humorado e sério por demais para os outros. Mas não exagere, pois tolo é aquele que ri todo o tempo. Ao encontrar grupos de pessoas, a boa conduta pede que se cumprimente a todos, sem exceção. Saiba que aquele único sujeito que você não cumprimentar poderá lhe pesar mais tarde. Observe a vestimenta que deve ser sóbria, sem exageros.
Procure usar roupas independentes da moda. No entanto, em grupos inteirados com a moda vigente recomenda-se fazer o mesmo. O semblante deve estar fresco. Desde que não se exceda no frescor para não ser tomado por um vaidoso afetado, ou pior, uma bicha enrustida. Assim, barba e cabelo devem estar preferencialmente feitos ou então muito bem aparados. No diálogo, concorde com todos acredite em tudo e ria de todas as piadas. Argumento pouco, quase nada. Cuide, porém, para não deixar de argumentar algo para que não pareça um estúpido sem opinião que se deixa levar pelos outros como um barco que se entrega aos movimentos incertos das correntes marítimas. O elogio deve se prodigalizar a todos. Em momento algum permita o silêncio, rompendo-o no imediato instante em que ele se instale. A conversa não pode parar pois o silêncio é intolerável entre estranhos. Bem como é intolerável o sujeito calado. Temos, afinal, cinco sentidos, usemo-los, portanto. Assuntos suaves, que não provoquem divergências ideológicas são o ideal.
Prefira temas banais que gerem respostas uníssonas. Em refeições, beba e coma moderadamente. Querer-rás, pois, o epíteto de glutão? Certamente não. Quando de pouso em casa alheia, acorde cedo, mas também não madrugue para não acordar os outros. Jamais espere ser acordado. No caso de haver crianças por perto, considere que garotinhos impertinentes devem ser engolidos com doçura. Não mais, seja humilde, levemente curvado, porém, não medíocre. O humilde é admirado como valor do ser regrado, o medíocre não é tolerado pois é tomado como um incapaz. Mas, principalmente, tenha sempre o material fundamentalmente necessário para ser sempre simpático: Vaselina.
Certas Coisas
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Dobrada à moda do Porto fria
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Sabedoria de ouriço
Eu não sou daqueles aos quais se tem o direito de indagar de seu porquê
Guarda-te dos arroubos do teu amor
Não nasceste para enxota-moscas
Sobre a mulher libidinosa
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Perguntaram ao amigo quais são os frutos do amor...
Muita gente encontrava-se diante do amigo que se queixava do seu amado, o qual fazia crescer os seus amores; e queixava-se do amor que lhe trazia trabalhos e dores. O amado desculpou-se, dizendo que os trabalhos de que acusava o amor eram multiplicações de amores.
LULL, Ramon. O livro do amigo e do amado. Tradução de Luiz Carlos Bambassaro. São Paulo: Escala, [19--]. 74 p.
Amar é honrar o amado naqueles lugares onde é mais desonrado
LULL, Ramon. O livro do amigo e do amado. Tradução de Luiz Carlos Bambassaro. São Paulo: Escala, [19--]. 74 p.
O amor está entre a crença e a inteligência
LULL, Ramon. O livro do amigo e do amado. Tradução de Luiz Carlos Bambassaro. São Paulo: Escala, [19--]. 74 p.
Vestido sou de tecido barato
LULL, Ramon. O livro do amigo e do amado. Tradução de Luiz Carlos Bambassaro. São Paulo: Escala, [19--]. 74 p.
O amigo e o amado
LULL, Ramon. O livro do amigo e do amado. Tradução de Luiz Carlos Bambassaro. São Paulo: Escala, [19--]. 74 p.
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