É característico dos contos de fadas colocar um dilema existencial de forma breve e categórica. Isto permite a criança aprender o problema em sua forma mais essencial [...] o conto de fadas simplifica todas as situações. Suas figuras são esboçadas claramente e detalhes a menos que muito importantes, são eliminados. Todos os personagens são mais típicos do que únicos. p. 15
O inconsciente é um determinante poderoso do comportamento. Quando está reprimido a personalidade será mutilada. Deve Ter um certo grau de permissão para vir a tona e ser trabalhado. p. 16
Nós crescemos, encontramos sentido na vida e segurança em nós mesmos por termos resolvido e entendido problemas pessoais por nossa conta, e não por eles nos terem sido explicados por outros. p. 27
Para uma criança a ação toma o lugar da compreensão [...] ela não experimenta raiva como raiva, mas apenas como um impulso de ferir, de destruir [...] só perto da puberdade começamos a reconhecer nossas emoções pelo que são sem agir em função delas imediatamente. p. 40
Os processos infantis inconscientes só se tornam claros para as crianças através de imagens que falam diretamente ao seu inconsciente. p. 40
[...] os exageros fantásticos do conto de fadas dão-lhe o toque de veracidade psicológica – enquanto explanações realistas parecem psicologicamente mentirosas, embora verdadeiras de fato. p. 41
As fábulas são admonitórias; visam dar instrução moral; nada é deixada à imaginação; o conto deixa todas as decisões a nosso encargo
Os mitos projetam uma personalidade ideal, agindo na base das exigências do superego, enquanto os contos de fadas descrevem uma integração do ego que permite uma satisfação apropriada dos desejos do id p. 52.
As crises psicossociais de crescimento são enfeitadas simbolicamente nos contos como encontros com fadas, bruxas, animais ferozes ou figuras de inteligência e astúcia sobre humana. P. 50
embora o conto de fadas ofereça imagens simbólicas fantásticas para a solução de problemas, a problemática apresentada é comum. p. 50
Os contos começam onde a criança está neste momento de sua vida, onde sem a ajuda da estória permaneceria fincada [...] a criança sente qual conto é verdadeiro para sua situação interna no momento. p. 74
Só escutando repetidamente um conto de fadas e sendo dado tempo e oportunidade para demorar-se nele, uma criança é capaz de aproveitar inteiramente o que uma estória tem a oferecer [...] é necessário distância e elaboração pessoal antes das projeções. p. 74;
na brincadeira normal, os objetos são usados para incorporar vários aspectos da personalidade da criança que são muito complexos, inaceitáveis e contraditórios para ela enfrentar. p. 71
Para que tenha uma externalização benéfica, a criança deve permanecer desinformada das pressões inconscientes às quais está respondendo quando torna suas as soluções das estórias de fadas. p. 74;
Se uma criança ouve apenas estórias realistas (o que significa falsas para partes importantes de sua realidade interna), então pode concluir que muito da sua realidade interna é inaceitável para seus pais. Muitas crianças se alheiam assim de sua vida interna, e isto as esvazia. Em conseqüência, pode mais adiante, como adolescente, não mais sob o jugo emocional de seus pais, vir a odiar o mundo racional e escapar inteiramente para um mundo de fantasia, como que para compensar o que perdeu na infância. E isto numa idade mais adulta, numa ocasião em que tal implicaria num severo rompimento com a realidade, com todas as conseqüências perigosas que traria para o indivíduo e a sociedade. Ora, menos grave, a pessoa pode manter este encapsulamento de seu eu interior por toda a vida, e nunca se sentir plenamente satisfeita no mundo porque, alienada dos processos inconscientes, não pode usá-los para enriquecer sua vida real. A vida não é então nem um “prazer” nem uma “espécie de privilégio excêntrico”. Com esta separação, o que quer que aconteça na realidade, não consegue oferecer uma satisfação apropriada para necessidades inconscientes. O resultado é que a pessoa sempre sente a vida como incompleta. p. 81
Uma criança pequena pode fazer pouco por sua própria conta, e isto é desapontador para ela – tanto que pode cair em desespero. O conto de fadas o impede, dando extraordinária dignidade à menor das aquisições e sugerindo que conseqüências maravilhosas pode daí brotar; assim o conto encoraja a criança a confiar na importância de suas pequenas aquisições reais. p. 90
A criança experimenta uma mistura de amor e ódio, desejo e medo dentro de si mesma como um caos incompreensível. Não pode-se orientar sentindo-se num só e mesmo momento boa e obediente, má e rebelde, embora o seja [...] uma pessoa ou é só coragem ou só medo; a mais feliz ou a mais miserável; a mais bela ou a mais feia; a mais esperta ou a mais burra [...] nunca algo intermediário. p. 91-92;
Quando o herói de um conto de fadas é o filho mais novo, ou é chamado de “o parvo” ou “o simplório” no começo da estória, esta é a explicação do conto de fadas sobre o estado original debilitado do ego quando começa sua luta para lidar com o mundo interno de impulsos e com os problemas difíceis que o mundo externo apresenta. p. 93;
O id é freqüentemente retratado sob a forma de algum animal, representando nosso natureza animal, geralmente apresentados de duas formas: ou destrutivos ou prestativos. p. 93
Se queremos entender nosso eu verdadeiro, devemo-nos familiarizar com os processos internos de nosso mente. Se queremos funcionar bem, temos que integrar as tendência discordantes que são inerentes ao nosso ser. Isolar estas tendências e projetá-las em figuras separadas [...] é um dos caminhos pelo qual o conto de fadas nos ajuda a visualizar e, assim apreender melhor o que se passa dentro de nós. p. 123
Ser expulso pode ser experimentado inconscientemente ou enquanto desejo da criança em se livrar dos pais, ou enquanto crença de que os pais desejam livrar-se delas. Ser enviada para o mundo ou abandonada em uma floresta simboliza tanto o desejo dos pais de que a criança se torne independente, quanto o desejo ou ansiedade da criança pela independência. p. 124
Como é difícil para a criança admitir a intensidade de seu desejo de sobrepujar seus pais, no conto de fadas isso é camuflado como a vitória sobre os dois irmãos que a desprezam. p. 135;
Tanto no inconsciente como no consciente, os números representam as pessoas. Situações familiares e relações. Estamos bem conscientes de que 1 representa a nós mesmos em relação com o mundo [...] 2 significa um grupo de dois, um casal, como numa relação amorosa ou marital. 2 contra 1 representa estar injustiçado ou mesmo definitivamente desclassificado numa competição. No inconsciente ou nos sonhos, 1 pode representar ou a própria pessoa [...] ou particularmente para as crianças, a figura paterna dominante. Para os adultos 1 se refere também a pessoa que possui poder sobre nós, tal como o patrão. Na mente infantil, 2 representa normalmente os dois pais, e 3 vale pela criança em relação a seus pais, mas não em relação a seus irmãos. Esta é a razão pela qual, qualquer que seja a posição da criança dentro do grupo de irmãos, o número 3 se refere a ela mesma. Quando numa estória de fadas a criança é a terceira, o ouvinte facilmente se identifica com ela porque dentro da constelação familiar mais básica ela é a terceira, independente de ser a mais velha, ou a do meio ou a mais nova dentre os irmãos. p. 134-135
A tarefa de aprendizado da criança é precisamente a de tomar decisões acerva de mover-se por conta própria, no tempo devido, e em direção às áreas de vida que ela mesma seleciona [...] o conto ajuda nesse sentido e também adverte a criança sobre algumas armadilhas que ela deve esperar e talvez evitar, sempre prometendo um resultado favorável. p. 146
Uma criancinha, por mais inteligente que seja, sente-se tola e inadequada quando é confrontada com a complexidade do mundo. p. 132
Realmente encorajamos as fantasias de nossos filhos; dizemos a eles que pintem o que quiserem, ou que inventem estórias. Mas sem o alimento de nossa herança comum de fantasias – o conto de fadas folclórico – a criança não pode inventar estórias por sua própria conta que ajudem-na a lidar com problemas da vida. Todas as estórias que ela pode inventar são expressões exatas de seus próprios desejos e ansiedades. Apoiando-se nos seus próprios recursos, tudo que a criança pode imaginar são elaborações de onde está no momento, dado que não sabe para onde precisa ir, nem como fazer para chegar lá. É aí que os contos de fadas fornecem o que a criança mais precisa: começam exatamente onde a criança está emocionalmente, mostram-lhe para onde ir e como fazê-lo. Mas o conto de fadas o faz por implicação, na forma de material fantasioso que a criança pode moldar como lhe parecer melhor, e por meio de imagens que tornam mais fácil para ela compreender aquilo que é essencial que compreenda. p. 152-153
A criança que tem uma fantasia pobre, como foi observado durante as brincadeiras, se apresenta mais orientada na área de motricidade, revelando muita ação e pouco pensamento nas atividades de jogos. Em contraste, a criança com um alto teor de fantasia é mais estruturada e criativa e tende a ser mais agressiva verbalmente do que fisicamente. (apud SINGER, Jerome, L., O mundo de faz de conta da criança, 1973)
A criança não está ciente de seus processos internos, razão pela qual estes são externalizados no conto de fadas e simbolicamente representado por ações que valem pelas lutas internas e externas. p. 183
O conto de fadas é a cartilha onde a criança aprende a ler sua mente na linguagem das imagens, a única linguagem que permite a compreensão antes de conseguirmos a maturidade intelectual. A criança precisa ser exposta a essa linguagem, e deve aprender a prestar atenção a ela, se deseja chegar a dominar sua alma. p. 197
Assim, o lar paterno “próximo a uma grande floresta” e a casa fatídica nas profundezas da mesma floresta são apenas, em nível inconsciente, dois aspectos do lar paterno: o gratificador e o frustrante. p. 199
Uma bruxa forjada pelas fantasias ansiosas da criança, persegue-a; mas uma bruxa que ela pode empurrar para dentro de seu próprio fogão para que morra queimada é uma bruxa da qual a criança pode se livrar. Enquanto as crianças continuarem acreditando em bruxas – sempre o fizeram e sempre o farão – até a idade em que não sejam mais compelidas a dar aparência humana às suas apreensões informes, elas necessitarão de estórias onde crianças se livram, pela engenhosidade, destas figuras persecutórias da imaginação. p. 202
“João e Maria” lida com dificuldades e ansiedades da criança que é forçada a abandonar sua ligação dependente com a mãe e a libertar-se da fixação oral. “Chapeuzinho Vermelho” aborda alguns problemas cruciais que a menina em idade escolar tem de solucionar quando as ligações edípicas persistem no inconsciente, o que pode levá-la a expor-se perigosamente a possíveis seduções. p. 206
Chapeuzinho Vermelho vive num lar de fartura que ela, como já ultrapassou a ansiedade oral, compartilha com a avó alegremente, levando-lhe comida. Para Chapeuzinho o mundo fora do lar paterno não é uma selva ameaçadora onde a criança não consegue encontrar o caminho. Existe uma estrada bem conhecida, da qual a mão aconselha-a a não se desviar. p. 207
A idéia de que Chapeuzinho lida com a ambivalência infantil entre viver pelo princípio do prazer ou pelo da realidade é sustentada pelo fato dela só parar de colher flores “quando já juntara tantas que não podia mais carregá-las”. Nesse momento Chapeuzinho “lembra-se novamente da Avó e prossegue o caminho para ela”. Isto é, só quando apanhar flores deixa de ser agradável, o id em busca de prazer recua e Chapeuzinho torna-se ciente de suas obrigações. p. 207
Chapeuzinho Vermelho é amada universalmente porque, embora virtuosa, sofre a tentação; e porque sua sorte nos diz que confiar nas boas intenções de todos, que nos parecem tão bons, na realidade deixa-nos sujeitos a armadilhas. Se não houvesse algo em nós que aprecia o lobo mau, ele não teria poder sobre nós. Por conseguinte, é importante entender sua natureza, mas ainda mais importante é aprender ao que a torna atraente para nós. Por mais atraente que seja a ingenuidade, é perigoso permanecer ingênua toda vida. p. 208-209
Em “Chapeuzinho Vermelho”, tanto no título como no nome da menina, enfatiza-se a cor vermelha, que ela usa declaradamente. O vermelho é a cor que significa as emoções violentas, incluindo as sexuais [...] ele sugere que não só o chapeuzinho é pequeno, mas também a menina. Ela é demasiado pequena, não para usar um chapéu, mas ara lidar com o que ele simboliza o com o que o uso dele atrai. p. 209
Esta luta entre o desejo consciente de fazer as coisas corretamente e o anseio inconsciente de vencer a mãe (avó) é o que nos faz amar a menina e a estória torna-a supremamente humana. p. 210
Não faz muito tempo que, em certas culturas de camponeses, quando a mão morria, a filha mais velha tomava o seu lugar sob todos os aspectos. p. 211
[...] poderíamos dizer que o lobo não devora Chapeuzinho logo que a encontra porque deseja levá-la para a cama com ele primeiro: um intercurso sexual a dois tem de preceder ao “devoramento”. [...] a maioria das crianças encara o ato sexual primariamente como um ato de violência que um dos parceiros efetua sobre o outro. Creio que se trata da equação infantil de excitação sexual, violência, e a ansiedade a que Djuna Barnes alude quando escreve: “As crianças sabem de algo que não podem explicar; gostam de Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau na cama!” A estória de Chapeuzinho Vermelho corporifica esta estranha coincidência de emoções opostas que caracteriza o conhecimento sexual infantil, e por isso atrai inconscientemente as crianças, e os adultos que, através dela, se lembram vagamente da própria fascinação infantil em relação ao outro sexo. p. 212
Chapeuzinho Vermelho externaliza os processos internos da criança púbere: o lobo é a externalização da maldade que a criança sente quando vai contra os conselhos dos pais e permite-se tentar, ou ser tentada, sexualmente. Quando se desvia do caminho que os pais lhe traçaram encontra “maldade”, e teme que esta a engula e ao pai cuja confiança traiu. Mas pode ocorrer uma ressurreição a partir da “maldade”, como diz, em seguida, a estória. p. 213.
O caçador é a figura mais atraente [...] porque salva os bons e castiga o malvado. Todas as crianças encontram dificuldade em obedecer ao princípio de realidade, e reconhecem facilmente nas figuras opostas do lobo e do caçador, o conflito entre o id e os aspectos do superego da personalidade. A ação violenta do caçador (abrir o estômago) serve aos propósitos sociais mais elevados (salvar as duas mulheres). p. 213
Chapeuzinho tem de ser extraída do estômago do lobo por uma espécie de operação cesariana; por isso assimila a idéia de gravidez e nascimento. Com isso, associações de uma relação sexual são evocadas no inconsciente da criança. Como um feto entra no útero materno? Pergunta-se a criança, e decide que isso só pode ocorrer se a mão engolir alguma coisa, como o lobo. p. 213
[...] Num nível diferente, o lobo também representa as tendências não aceitáveis dentro do caçador; todos nos referimos ocasionalmente ao animal que está dentro de nós, como equivalente de nossa propensão para agir violentamente ou conseguir irresponsavelmente nossos objetivos. p. 213
Embora a inclinação imediata do caçador seja matar o lobo ele não o faz [...] Cabe a Chapeuzinho planejar espontaneamente o que fazer com o lobo e executá-lo. Para que ela esteja a salvo no futuro, deve ser capaz de acabar com o sedutor, livrar-se dele. Se o pai caçador o fizesse por ela, Chapeuzinho nunca sentiria que realmente vencera sua fraqueza, porque não teria se libertado dela. p. 214
Os predecessores do herói que morrem nos contos de fadas são apenas as encarnações anteriores e imaturas do herói. p. 216
[...] o final implicitamente adverte a criança que fugir das situações problemáticas é a solução errada. A estória termina assim: Mas Chapeuzinho Vermelho pensou: - enquanto eu viver, não sairei da estrada para entrar na floresta por mim própria, quando mamão me proibir. -“ [...] o encontro de Chapeuzinho com a própria sexualidade terá um resultado bem diferente, quando ela estiver preparada – quando então a mão aprovará. p. 217
Em vez dos outros fazerem as coisas por ela, a experiência de Chapeuzinho leva-a a modificar-se. p. 218
As mesmas estórias também intimam os pais a tomarem consciência dos riscos envolvidos no desenvolvimento de seus filhos, para que fiquem alerta e protejam a criança quando necessário, a fim de evitar uma catástrofe. Também mostram que os pais deveriam apoiar e encorajar o desenvolvimento pessoal e sexual dos filhos quando e onde seja apropriado. p. 221
A fórmula mágica “levante-se bordão e avance” sugere associações fálicas, como o fato de que só esta nova aquisição permite João dominar na relação com o pai que até então o dominava. p. 223
A estória deixa implícito que a potência fálica não basta. Por si só não leva a nada melhor e superior, nem ocasiona maturidade sexual. [...] Depois da maturidade o menino deve encontrar metas construtivas e trabalhar por elas para se tornar um membro útil da sociedade. Por esta razão João recebe primeiro o bordão, antes da abelha e do violino. p. 224
João também quer se livrar desta vaca inútil que o decepciona. Se a Mãe, na forma de Leiteira Branca, lhe retira o apoio e torna necessária uma modificação nas coisas, então João trocará a vaca não pelo que a mãe quer, mas pelo que lhe parece mais desejável. p. 225
Mas, abatendo o pé de feijão, João não se liberta apenas de uma imagem do pai como ogre destrutivo e devorador; também abandona sua crença no poder mágico do falo como meio para conseguir todas as coisas boas da vida. Cortando o pé de feijão, João abjura as soluções mágicas e torna-se “verdadeiramente um homem”. p. 229
[...] o próximo estágio de desenvolvimento não o encontrará numa tentativa de enganar o pai adormecido para roubar suas posses, nem fantasiando que uma figura materna o trairá o marido, para o bem dele, mas pronto a lutar abertamente por sua ascendência social e sexual. p. 229
Este conto de fadas [...] poderia ensinar muito aos pais sobre a forma de ajudar a criança a crescer. Diz às mães o que os meninos necessitam para resolver seus problemas edípicos: a Mãe deve apoiar a ousadia masculina do menino, ainda que sub-repticiamente, e protegê-lo contra os perigos inerentes à afirmação masculina, particularmente quando dirigidos contra o pais. p. 229
O conflito edípico do menino deste conto está externalizado convenientemente em duas figuras distantes que existem num castelo em algum lugar nas alturas: o ogre e sua mulher. Na experiência da maioria das crianças, quando o pai está fora – como o ogre no conto – a criança e a mãe se divertem juntas, como João e a mulher do ogre. Então repentinamente Papai volta para casa, pedindo a refeição, o que estraga tudo para a criança, que não recebe atenção do pai. Se a criança não sente que o pai fica feliz em encontrá-la em casa, passa a temer o que fantasiou enquanto ele esteve fora, porque isso não o incluía. Como a criança deseja roubar o que o pai tem de mais valioso, é natural que tema ser destruída, em retaliação. p. 230
Como sucede com os desejos, o conto de fadas compreende perfeitamente que a criança não pode evitar uma sujeição aos predicamentos edípicos, e, por conseguinte, ela não é punida se age de acordo com eles. Mas o pai que se permite externar seus problemas edípicos sobre a criança sofre seriamente com isso. p. 223
Os contos de fadas não dizem a razão de um pai ser incapaz de apreciar que o filho cresça e o supere, e fique também com ciúmes da criança. Não sabemos porque a Rainha em “Branca de Neve” não consegue envelhecer com graça e se satisfazer de modo substitutivo com a transformação e florescimento da menina numa moça adorável, mas algo deve ter acontecido no passado dela que a torna vulnerável e faz com que odeie uma criança que ela deveria amar. [...] a seqüência de gerações pode contribuir para o temor que os pais sentem dos filhos. p. 234
A expectativa da criança é que, por mais que deseje tirar o pai do caminho em certo momento, este fique bem vivo e atenda à criança no momento seguinte. De acordo com isso, no conto de fadas a pessoa morre ou se transforma em uma pedra em certo momento, e volta a viver no momento seguinte. p. 235
A mensagem destas estórias é que as dificuldades e envolvimentos edípicos podem parecer sem solução, mas, lutando corajosamente com estas complexidades emocionais familiares, podemos conseguir uma vida muito melhor do que as dos que nunca se conturbaram com problemas graves. p. 237-238.
A estória começa com a mãe de Branca de Neve picando os dedos e as três gotas de sangue vermelho caindo sobre a neve. Aqui a estória propõe os problemas a resolver: inocência sexual, brancura, contrastada com o desejo sexual, simbolizado pelo sangue vermelho. [...] Preparam a criança para aceitar um acontecimento que seria conturbador: o sangramento sexual, como na menstruação, e posteriormente na relação sexual. p. 241-242
[...] adverte sobre as conseqüências funestas do narcisismo tanto para os pais como para a criança. O narcisismo de Branca de Neve quase a destrói quando ela cede duas vezes às seduções da rainha que propõe torná-la mais bonita, e a rainha é destruída pelo próprio narcisismo. p. 242
se uma criança não pode se permitir a sentir ciúmes dos pais (isto é muito ameaçador para sua segurança), projeta seus sentimentos neles. Então “eu tenho ciúmes de todas as vantagens e prerrogativas de mamãe” transforma-se no pensamento “mamãe tem ciúmes de mim”. O sentimento de inferioridade é transformado defensivamente num sentimento de superioridade. p. 243
Infelizmente, há também pais que tentam convencer os filhos adolescentes de que são superiores a eles [...]. o pai que tenta competir com a força adolescente e as proezas sexuais do filho; a mãe que pela aparência, roupas e comportamento, tenta ser tão atraentemente jovem como a filha. p. 243-244
[...] Quem senão um pai substituto poderia aparentemente aquiescer ao domínio da madrasta e, no entanto, pelo bem da criança, ousar contrariar a vontade da rainha? É o que a menina edípica ou adolescente deseja acreditar sobre o pai; que mesmo que ele fizesse o que a mãe lhe ordena, tomaria o partido da filha se fosse livre, enganando a mãe. p. 244
A criança púbere é ambivalente nos desejos de ser muito melhor do que o pai do mesmo sexo porque teme que, se isto for verdade, o pai, ainda muito poderoso, se vingue. É a criança que teme a destruição [...] e não o pai quem deseja destruí-la. [...] É essencial que o pai se identifique intensamente com o filho do mesmo sexo para que a identificação deste com ele tenha êxito. p. 246-247
Os anões são homens bloqueados no seu desenvolvimento que vivem uma existência pré-edípica, que Branca de Neve deve transcender. p. 249
A estória de Branca de Neve ensina que alcançar-mos a maturidade física, não significa estarmos preparados [...] para a idade adulta. p. 253
Muitos heróis de contos de fadas, num ponto crucial de seu desenvolvimento, caem num sono profundo ou renascem. Cada novo despertar [...] simboliza a conquista de um estado mais adiantado de maturidade e compreensão. p. 254
No inconsciente o número três representa também o sexo no inconsciente, porque cada sexo tem três características sexuais visíveis: o pênis e os dois testículos no homem; a vagina e os dois seios na mulher. p. 259
A relação com a mãe é a mais importante na vida de todas as pessoas; mais do que qualquer outra, ela condiciona o desenvolvimento inicial da nossa personalidade, afetando em grande escala nossa visão futura da vida e de nós mesmos – por exemplo, se será uma visão otimista ou pessimista. p. 259
A adolescência é um período de mudanças grandes e rápidas, caracterizadas por períodos de passividade e letargia totais [...]. Este vaivém do comportamento adolescente é expresso em alguns contos de fadas quando o herói parte em busca de aventuras e subitamente é transformado em pedra por algum encantamento. p. 265
Enquanto muitos contos de fadas frisam os grandes feitos que um herói deve executar antes de ser ele mesmo, “A Bela Adormecida” enfatiza a concentração demorada e tranqüila que também é necessária para isso. Durante os meses que antecedem a primeira menstruação [...] as meninas ficam passivas, parecem sonolentas e refugiam-se dentro de si. p. 265
O tema central deste conto é que, embora os pais tentem de todas as maneiras impedir o despertar da sexualidade do filho, este ocorre inexoravelmente. [...] e que a realização sexual não perde sua beleza por termos que aguardar por ela. p. 271
[...] um quartinho trancado costuma representar em sonhos os órgãos sexuais femininos e o giro de uma chave na fechadura simboliza a cópula. p. 273
A estória de Bela Adormecida imprime na criança a idéia de que uma ocorrência traumática – como o sangramento da moça no início da puberdade e depois na primeira cópula – tem conseqüências felizes. [...] A maldição é uma benção disfarçada. p. 275
Um receptáculo pequenino dentro do qual se pode inserir uma parte do corpo de modo justo pode ser visto como um símbolo da vagina. [...] e algo que se pode perder com facilidade no final de um baile quando o amado tenta estreitar a amada, parece uma imagem apropriada à virgindade. p. 304-305
Cada sexo sente ciúmes do outro ter o que lhe falta, por mais que goste e se orgulhe daquilo que lhe pertence – seja a posição, o papel social, ou os órgãos sexuais.
[...]
De acordo com a teoria Freudiana, o complexo de castração da menina se centraliza na sua concepção de que originalmente todas as meninas tinham pênis e que as meninas de alguma maneira teriam perdido os seus. A ansiedade paralela do menino é a de que, se as meninas não tem pênis, é porque perderam e ele teme que o mesmo lhe suceda. p. 306
[...] os objetos que os contos utilizam devem ser apropriados a um nível aberto, consciente, e ao mesmo tempo devem atrair associações diferentes a partir do significado aberto. p. 308
[...] os pais bons tem que aparecer durante certo tempo, como pais ruins e persecutórios. p. 314
[...] num bom casamento todos encontrarão a realização sexual, mesmo daquilo que parecia sonhos impossíveis: uma vagina dourada para ele, e um pênis temporário para ela. p. 315-316
Transmite a mensagem de que é principalmente a mulher quem necessita mudar sua atitude frente ao sexo: em vez de rejeitá-lo deve aceitá-lo porque, enquanto o sexo lhe parecer algo feio e animalesco, permanecerá animalizado no macho; e ele não será desencantado. Enquanto um dos parceiros sentir repulsa pelo sexo, o outro não poderá apreciá-lo. p. 326
Em outro nível a estória diz que não podemos esperar que nossos primeiros contatos eróticos sejam agradáveis, pois são demasiado difíceis e estão cercados de ansiedade. Mas se permitir-mos [...] permitindo que o outro se torne sempre mais íntimo [...] reconheceremos a verdadeira beleza da sexualidade.
Cada conto de fadas é um espelho mágico que reflete alguns aspectos de nosso mundo interior, e dos passos necessários para evoluir-mos da imaturidade para a maturidade. Para os que mergulham naquilo que os contos de fadas tem a comunicar, estes se tornam lagos profundos e calmos que, de início, parecem refletir nossa própria imagem. Mas logo descobrimos sob a superfície os turbilhões de nossa alma - sua profundidade e os meios de obtermos paz dentro de nós mesmos e em relação ao mundo, o que recompensa nossas lutas. p. 348
Nos sonhos a satisfação dos desejos é disfarçada enquanto nos contos é expressa abertamente; Os sonhos são resultados de pressões externas que não encontraram alívio, de problemas que bloqueiam uma pessoa, para os quais ela não conhece os mesmos nem a solução e os sonhos não sugerem nenhuma.
Referência
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. 366 p.
O inconsciente é um determinante poderoso do comportamento. Quando está reprimido a personalidade será mutilada. Deve Ter um certo grau de permissão para vir a tona e ser trabalhado. p. 16
Nós crescemos, encontramos sentido na vida e segurança em nós mesmos por termos resolvido e entendido problemas pessoais por nossa conta, e não por eles nos terem sido explicados por outros. p. 27
Para uma criança a ação toma o lugar da compreensão [...] ela não experimenta raiva como raiva, mas apenas como um impulso de ferir, de destruir [...] só perto da puberdade começamos a reconhecer nossas emoções pelo que são sem agir em função delas imediatamente. p. 40
Os processos infantis inconscientes só se tornam claros para as crianças através de imagens que falam diretamente ao seu inconsciente. p. 40
[...] os exageros fantásticos do conto de fadas dão-lhe o toque de veracidade psicológica – enquanto explanações realistas parecem psicologicamente mentirosas, embora verdadeiras de fato. p. 41
As fábulas são admonitórias; visam dar instrução moral; nada é deixada à imaginação; o conto deixa todas as decisões a nosso encargo
Os mitos projetam uma personalidade ideal, agindo na base das exigências do superego, enquanto os contos de fadas descrevem uma integração do ego que permite uma satisfação apropriada dos desejos do id p. 52.
As crises psicossociais de crescimento são enfeitadas simbolicamente nos contos como encontros com fadas, bruxas, animais ferozes ou figuras de inteligência e astúcia sobre humana. P. 50
embora o conto de fadas ofereça imagens simbólicas fantásticas para a solução de problemas, a problemática apresentada é comum. p. 50
Os contos começam onde a criança está neste momento de sua vida, onde sem a ajuda da estória permaneceria fincada [...] a criança sente qual conto é verdadeiro para sua situação interna no momento. p. 74
Só escutando repetidamente um conto de fadas e sendo dado tempo e oportunidade para demorar-se nele, uma criança é capaz de aproveitar inteiramente o que uma estória tem a oferecer [...] é necessário distância e elaboração pessoal antes das projeções. p. 74;
na brincadeira normal, os objetos são usados para incorporar vários aspectos da personalidade da criança que são muito complexos, inaceitáveis e contraditórios para ela enfrentar. p. 71
Para que tenha uma externalização benéfica, a criança deve permanecer desinformada das pressões inconscientes às quais está respondendo quando torna suas as soluções das estórias de fadas. p. 74;
Se uma criança ouve apenas estórias realistas (o que significa falsas para partes importantes de sua realidade interna), então pode concluir que muito da sua realidade interna é inaceitável para seus pais. Muitas crianças se alheiam assim de sua vida interna, e isto as esvazia. Em conseqüência, pode mais adiante, como adolescente, não mais sob o jugo emocional de seus pais, vir a odiar o mundo racional e escapar inteiramente para um mundo de fantasia, como que para compensar o que perdeu na infância. E isto numa idade mais adulta, numa ocasião em que tal implicaria num severo rompimento com a realidade, com todas as conseqüências perigosas que traria para o indivíduo e a sociedade. Ora, menos grave, a pessoa pode manter este encapsulamento de seu eu interior por toda a vida, e nunca se sentir plenamente satisfeita no mundo porque, alienada dos processos inconscientes, não pode usá-los para enriquecer sua vida real. A vida não é então nem um “prazer” nem uma “espécie de privilégio excêntrico”. Com esta separação, o que quer que aconteça na realidade, não consegue oferecer uma satisfação apropriada para necessidades inconscientes. O resultado é que a pessoa sempre sente a vida como incompleta. p. 81
Uma criança pequena pode fazer pouco por sua própria conta, e isto é desapontador para ela – tanto que pode cair em desespero. O conto de fadas o impede, dando extraordinária dignidade à menor das aquisições e sugerindo que conseqüências maravilhosas pode daí brotar; assim o conto encoraja a criança a confiar na importância de suas pequenas aquisições reais. p. 90
A criança experimenta uma mistura de amor e ódio, desejo e medo dentro de si mesma como um caos incompreensível. Não pode-se orientar sentindo-se num só e mesmo momento boa e obediente, má e rebelde, embora o seja [...] uma pessoa ou é só coragem ou só medo; a mais feliz ou a mais miserável; a mais bela ou a mais feia; a mais esperta ou a mais burra [...] nunca algo intermediário. p. 91-92;
Quando o herói de um conto de fadas é o filho mais novo, ou é chamado de “o parvo” ou “o simplório” no começo da estória, esta é a explicação do conto de fadas sobre o estado original debilitado do ego quando começa sua luta para lidar com o mundo interno de impulsos e com os problemas difíceis que o mundo externo apresenta. p. 93;
O id é freqüentemente retratado sob a forma de algum animal, representando nosso natureza animal, geralmente apresentados de duas formas: ou destrutivos ou prestativos. p. 93
Se queremos entender nosso eu verdadeiro, devemo-nos familiarizar com os processos internos de nosso mente. Se queremos funcionar bem, temos que integrar as tendência discordantes que são inerentes ao nosso ser. Isolar estas tendências e projetá-las em figuras separadas [...] é um dos caminhos pelo qual o conto de fadas nos ajuda a visualizar e, assim apreender melhor o que se passa dentro de nós. p. 123
Ser expulso pode ser experimentado inconscientemente ou enquanto desejo da criança em se livrar dos pais, ou enquanto crença de que os pais desejam livrar-se delas. Ser enviada para o mundo ou abandonada em uma floresta simboliza tanto o desejo dos pais de que a criança se torne independente, quanto o desejo ou ansiedade da criança pela independência. p. 124
Como é difícil para a criança admitir a intensidade de seu desejo de sobrepujar seus pais, no conto de fadas isso é camuflado como a vitória sobre os dois irmãos que a desprezam. p. 135;
Tanto no inconsciente como no consciente, os números representam as pessoas. Situações familiares e relações. Estamos bem conscientes de que 1 representa a nós mesmos em relação com o mundo [...] 2 significa um grupo de dois, um casal, como numa relação amorosa ou marital. 2 contra 1 representa estar injustiçado ou mesmo definitivamente desclassificado numa competição. No inconsciente ou nos sonhos, 1 pode representar ou a própria pessoa [...] ou particularmente para as crianças, a figura paterna dominante. Para os adultos 1 se refere também a pessoa que possui poder sobre nós, tal como o patrão. Na mente infantil, 2 representa normalmente os dois pais, e 3 vale pela criança em relação a seus pais, mas não em relação a seus irmãos. Esta é a razão pela qual, qualquer que seja a posição da criança dentro do grupo de irmãos, o número 3 se refere a ela mesma. Quando numa estória de fadas a criança é a terceira, o ouvinte facilmente se identifica com ela porque dentro da constelação familiar mais básica ela é a terceira, independente de ser a mais velha, ou a do meio ou a mais nova dentre os irmãos. p. 134-135
A tarefa de aprendizado da criança é precisamente a de tomar decisões acerva de mover-se por conta própria, no tempo devido, e em direção às áreas de vida que ela mesma seleciona [...] o conto ajuda nesse sentido e também adverte a criança sobre algumas armadilhas que ela deve esperar e talvez evitar, sempre prometendo um resultado favorável. p. 146
Uma criancinha, por mais inteligente que seja, sente-se tola e inadequada quando é confrontada com a complexidade do mundo. p. 132
Realmente encorajamos as fantasias de nossos filhos; dizemos a eles que pintem o que quiserem, ou que inventem estórias. Mas sem o alimento de nossa herança comum de fantasias – o conto de fadas folclórico – a criança não pode inventar estórias por sua própria conta que ajudem-na a lidar com problemas da vida. Todas as estórias que ela pode inventar são expressões exatas de seus próprios desejos e ansiedades. Apoiando-se nos seus próprios recursos, tudo que a criança pode imaginar são elaborações de onde está no momento, dado que não sabe para onde precisa ir, nem como fazer para chegar lá. É aí que os contos de fadas fornecem o que a criança mais precisa: começam exatamente onde a criança está emocionalmente, mostram-lhe para onde ir e como fazê-lo. Mas o conto de fadas o faz por implicação, na forma de material fantasioso que a criança pode moldar como lhe parecer melhor, e por meio de imagens que tornam mais fácil para ela compreender aquilo que é essencial que compreenda. p. 152-153
A criança que tem uma fantasia pobre, como foi observado durante as brincadeiras, se apresenta mais orientada na área de motricidade, revelando muita ação e pouco pensamento nas atividades de jogos. Em contraste, a criança com um alto teor de fantasia é mais estruturada e criativa e tende a ser mais agressiva verbalmente do que fisicamente. (apud SINGER, Jerome, L., O mundo de faz de conta da criança, 1973)
A criança não está ciente de seus processos internos, razão pela qual estes são externalizados no conto de fadas e simbolicamente representado por ações que valem pelas lutas internas e externas. p. 183
O conto de fadas é a cartilha onde a criança aprende a ler sua mente na linguagem das imagens, a única linguagem que permite a compreensão antes de conseguirmos a maturidade intelectual. A criança precisa ser exposta a essa linguagem, e deve aprender a prestar atenção a ela, se deseja chegar a dominar sua alma. p. 197
Assim, o lar paterno “próximo a uma grande floresta” e a casa fatídica nas profundezas da mesma floresta são apenas, em nível inconsciente, dois aspectos do lar paterno: o gratificador e o frustrante. p. 199
Uma bruxa forjada pelas fantasias ansiosas da criança, persegue-a; mas uma bruxa que ela pode empurrar para dentro de seu próprio fogão para que morra queimada é uma bruxa da qual a criança pode se livrar. Enquanto as crianças continuarem acreditando em bruxas – sempre o fizeram e sempre o farão – até a idade em que não sejam mais compelidas a dar aparência humana às suas apreensões informes, elas necessitarão de estórias onde crianças se livram, pela engenhosidade, destas figuras persecutórias da imaginação. p. 202
“João e Maria” lida com dificuldades e ansiedades da criança que é forçada a abandonar sua ligação dependente com a mãe e a libertar-se da fixação oral. “Chapeuzinho Vermelho” aborda alguns problemas cruciais que a menina em idade escolar tem de solucionar quando as ligações edípicas persistem no inconsciente, o que pode levá-la a expor-se perigosamente a possíveis seduções. p. 206
Chapeuzinho Vermelho vive num lar de fartura que ela, como já ultrapassou a ansiedade oral, compartilha com a avó alegremente, levando-lhe comida. Para Chapeuzinho o mundo fora do lar paterno não é uma selva ameaçadora onde a criança não consegue encontrar o caminho. Existe uma estrada bem conhecida, da qual a mão aconselha-a a não se desviar. p. 207
A idéia de que Chapeuzinho lida com a ambivalência infantil entre viver pelo princípio do prazer ou pelo da realidade é sustentada pelo fato dela só parar de colher flores “quando já juntara tantas que não podia mais carregá-las”. Nesse momento Chapeuzinho “lembra-se novamente da Avó e prossegue o caminho para ela”. Isto é, só quando apanhar flores deixa de ser agradável, o id em busca de prazer recua e Chapeuzinho torna-se ciente de suas obrigações. p. 207
Chapeuzinho Vermelho é amada universalmente porque, embora virtuosa, sofre a tentação; e porque sua sorte nos diz que confiar nas boas intenções de todos, que nos parecem tão bons, na realidade deixa-nos sujeitos a armadilhas. Se não houvesse algo em nós que aprecia o lobo mau, ele não teria poder sobre nós. Por conseguinte, é importante entender sua natureza, mas ainda mais importante é aprender ao que a torna atraente para nós. Por mais atraente que seja a ingenuidade, é perigoso permanecer ingênua toda vida. p. 208-209
Em “Chapeuzinho Vermelho”, tanto no título como no nome da menina, enfatiza-se a cor vermelha, que ela usa declaradamente. O vermelho é a cor que significa as emoções violentas, incluindo as sexuais [...] ele sugere que não só o chapeuzinho é pequeno, mas também a menina. Ela é demasiado pequena, não para usar um chapéu, mas ara lidar com o que ele simboliza o com o que o uso dele atrai. p. 209
Esta luta entre o desejo consciente de fazer as coisas corretamente e o anseio inconsciente de vencer a mãe (avó) é o que nos faz amar a menina e a estória torna-a supremamente humana. p. 210
Não faz muito tempo que, em certas culturas de camponeses, quando a mão morria, a filha mais velha tomava o seu lugar sob todos os aspectos. p. 211
[...] poderíamos dizer que o lobo não devora Chapeuzinho logo que a encontra porque deseja levá-la para a cama com ele primeiro: um intercurso sexual a dois tem de preceder ao “devoramento”. [...] a maioria das crianças encara o ato sexual primariamente como um ato de violência que um dos parceiros efetua sobre o outro. Creio que se trata da equação infantil de excitação sexual, violência, e a ansiedade a que Djuna Barnes alude quando escreve: “As crianças sabem de algo que não podem explicar; gostam de Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau na cama!” A estória de Chapeuzinho Vermelho corporifica esta estranha coincidência de emoções opostas que caracteriza o conhecimento sexual infantil, e por isso atrai inconscientemente as crianças, e os adultos que, através dela, se lembram vagamente da própria fascinação infantil em relação ao outro sexo. p. 212
Chapeuzinho Vermelho externaliza os processos internos da criança púbere: o lobo é a externalização da maldade que a criança sente quando vai contra os conselhos dos pais e permite-se tentar, ou ser tentada, sexualmente. Quando se desvia do caminho que os pais lhe traçaram encontra “maldade”, e teme que esta a engula e ao pai cuja confiança traiu. Mas pode ocorrer uma ressurreição a partir da “maldade”, como diz, em seguida, a estória. p. 213.
O caçador é a figura mais atraente [...] porque salva os bons e castiga o malvado. Todas as crianças encontram dificuldade em obedecer ao princípio de realidade, e reconhecem facilmente nas figuras opostas do lobo e do caçador, o conflito entre o id e os aspectos do superego da personalidade. A ação violenta do caçador (abrir o estômago) serve aos propósitos sociais mais elevados (salvar as duas mulheres). p. 213
Chapeuzinho tem de ser extraída do estômago do lobo por uma espécie de operação cesariana; por isso assimila a idéia de gravidez e nascimento. Com isso, associações de uma relação sexual são evocadas no inconsciente da criança. Como um feto entra no útero materno? Pergunta-se a criança, e decide que isso só pode ocorrer se a mão engolir alguma coisa, como o lobo. p. 213
[...] Num nível diferente, o lobo também representa as tendências não aceitáveis dentro do caçador; todos nos referimos ocasionalmente ao animal que está dentro de nós, como equivalente de nossa propensão para agir violentamente ou conseguir irresponsavelmente nossos objetivos. p. 213
Embora a inclinação imediata do caçador seja matar o lobo ele não o faz [...] Cabe a Chapeuzinho planejar espontaneamente o que fazer com o lobo e executá-lo. Para que ela esteja a salvo no futuro, deve ser capaz de acabar com o sedutor, livrar-se dele. Se o pai caçador o fizesse por ela, Chapeuzinho nunca sentiria que realmente vencera sua fraqueza, porque não teria se libertado dela. p. 214
Os predecessores do herói que morrem nos contos de fadas são apenas as encarnações anteriores e imaturas do herói. p. 216
[...] o final implicitamente adverte a criança que fugir das situações problemáticas é a solução errada. A estória termina assim: Mas Chapeuzinho Vermelho pensou: - enquanto eu viver, não sairei da estrada para entrar na floresta por mim própria, quando mamão me proibir. -“ [...] o encontro de Chapeuzinho com a própria sexualidade terá um resultado bem diferente, quando ela estiver preparada – quando então a mão aprovará. p. 217
Em vez dos outros fazerem as coisas por ela, a experiência de Chapeuzinho leva-a a modificar-se. p. 218
As mesmas estórias também intimam os pais a tomarem consciência dos riscos envolvidos no desenvolvimento de seus filhos, para que fiquem alerta e protejam a criança quando necessário, a fim de evitar uma catástrofe. Também mostram que os pais deveriam apoiar e encorajar o desenvolvimento pessoal e sexual dos filhos quando e onde seja apropriado. p. 221
A fórmula mágica “levante-se bordão e avance” sugere associações fálicas, como o fato de que só esta nova aquisição permite João dominar na relação com o pai que até então o dominava. p. 223
A estória deixa implícito que a potência fálica não basta. Por si só não leva a nada melhor e superior, nem ocasiona maturidade sexual. [...] Depois da maturidade o menino deve encontrar metas construtivas e trabalhar por elas para se tornar um membro útil da sociedade. Por esta razão João recebe primeiro o bordão, antes da abelha e do violino. p. 224
João também quer se livrar desta vaca inútil que o decepciona. Se a Mãe, na forma de Leiteira Branca, lhe retira o apoio e torna necessária uma modificação nas coisas, então João trocará a vaca não pelo que a mãe quer, mas pelo que lhe parece mais desejável. p. 225
Mas, abatendo o pé de feijão, João não se liberta apenas de uma imagem do pai como ogre destrutivo e devorador; também abandona sua crença no poder mágico do falo como meio para conseguir todas as coisas boas da vida. Cortando o pé de feijão, João abjura as soluções mágicas e torna-se “verdadeiramente um homem”. p. 229
[...] o próximo estágio de desenvolvimento não o encontrará numa tentativa de enganar o pai adormecido para roubar suas posses, nem fantasiando que uma figura materna o trairá o marido, para o bem dele, mas pronto a lutar abertamente por sua ascendência social e sexual. p. 229
Este conto de fadas [...] poderia ensinar muito aos pais sobre a forma de ajudar a criança a crescer. Diz às mães o que os meninos necessitam para resolver seus problemas edípicos: a Mãe deve apoiar a ousadia masculina do menino, ainda que sub-repticiamente, e protegê-lo contra os perigos inerentes à afirmação masculina, particularmente quando dirigidos contra o pais. p. 229
O conflito edípico do menino deste conto está externalizado convenientemente em duas figuras distantes que existem num castelo em algum lugar nas alturas: o ogre e sua mulher. Na experiência da maioria das crianças, quando o pai está fora – como o ogre no conto – a criança e a mãe se divertem juntas, como João e a mulher do ogre. Então repentinamente Papai volta para casa, pedindo a refeição, o que estraga tudo para a criança, que não recebe atenção do pai. Se a criança não sente que o pai fica feliz em encontrá-la em casa, passa a temer o que fantasiou enquanto ele esteve fora, porque isso não o incluía. Como a criança deseja roubar o que o pai tem de mais valioso, é natural que tema ser destruída, em retaliação. p. 230
Como sucede com os desejos, o conto de fadas compreende perfeitamente que a criança não pode evitar uma sujeição aos predicamentos edípicos, e, por conseguinte, ela não é punida se age de acordo com eles. Mas o pai que se permite externar seus problemas edípicos sobre a criança sofre seriamente com isso. p. 223
Os contos de fadas não dizem a razão de um pai ser incapaz de apreciar que o filho cresça e o supere, e fique também com ciúmes da criança. Não sabemos porque a Rainha em “Branca de Neve” não consegue envelhecer com graça e se satisfazer de modo substitutivo com a transformação e florescimento da menina numa moça adorável, mas algo deve ter acontecido no passado dela que a torna vulnerável e faz com que odeie uma criança que ela deveria amar. [...] a seqüência de gerações pode contribuir para o temor que os pais sentem dos filhos. p. 234
A expectativa da criança é que, por mais que deseje tirar o pai do caminho em certo momento, este fique bem vivo e atenda à criança no momento seguinte. De acordo com isso, no conto de fadas a pessoa morre ou se transforma em uma pedra em certo momento, e volta a viver no momento seguinte. p. 235
A mensagem destas estórias é que as dificuldades e envolvimentos edípicos podem parecer sem solução, mas, lutando corajosamente com estas complexidades emocionais familiares, podemos conseguir uma vida muito melhor do que as dos que nunca se conturbaram com problemas graves. p. 237-238.
A estória começa com a mãe de Branca de Neve picando os dedos e as três gotas de sangue vermelho caindo sobre a neve. Aqui a estória propõe os problemas a resolver: inocência sexual, brancura, contrastada com o desejo sexual, simbolizado pelo sangue vermelho. [...] Preparam a criança para aceitar um acontecimento que seria conturbador: o sangramento sexual, como na menstruação, e posteriormente na relação sexual. p. 241-242
[...] adverte sobre as conseqüências funestas do narcisismo tanto para os pais como para a criança. O narcisismo de Branca de Neve quase a destrói quando ela cede duas vezes às seduções da rainha que propõe torná-la mais bonita, e a rainha é destruída pelo próprio narcisismo. p. 242
se uma criança não pode se permitir a sentir ciúmes dos pais (isto é muito ameaçador para sua segurança), projeta seus sentimentos neles. Então “eu tenho ciúmes de todas as vantagens e prerrogativas de mamãe” transforma-se no pensamento “mamãe tem ciúmes de mim”. O sentimento de inferioridade é transformado defensivamente num sentimento de superioridade. p. 243
Infelizmente, há também pais que tentam convencer os filhos adolescentes de que são superiores a eles [...]. o pai que tenta competir com a força adolescente e as proezas sexuais do filho; a mãe que pela aparência, roupas e comportamento, tenta ser tão atraentemente jovem como a filha. p. 243-244
[...] Quem senão um pai substituto poderia aparentemente aquiescer ao domínio da madrasta e, no entanto, pelo bem da criança, ousar contrariar a vontade da rainha? É o que a menina edípica ou adolescente deseja acreditar sobre o pai; que mesmo que ele fizesse o que a mãe lhe ordena, tomaria o partido da filha se fosse livre, enganando a mãe. p. 244
A criança púbere é ambivalente nos desejos de ser muito melhor do que o pai do mesmo sexo porque teme que, se isto for verdade, o pai, ainda muito poderoso, se vingue. É a criança que teme a destruição [...] e não o pai quem deseja destruí-la. [...] É essencial que o pai se identifique intensamente com o filho do mesmo sexo para que a identificação deste com ele tenha êxito. p. 246-247
Os anões são homens bloqueados no seu desenvolvimento que vivem uma existência pré-edípica, que Branca de Neve deve transcender. p. 249
A estória de Branca de Neve ensina que alcançar-mos a maturidade física, não significa estarmos preparados [...] para a idade adulta. p. 253
Muitos heróis de contos de fadas, num ponto crucial de seu desenvolvimento, caem num sono profundo ou renascem. Cada novo despertar [...] simboliza a conquista de um estado mais adiantado de maturidade e compreensão. p. 254
No inconsciente o número três representa também o sexo no inconsciente, porque cada sexo tem três características sexuais visíveis: o pênis e os dois testículos no homem; a vagina e os dois seios na mulher. p. 259
A relação com a mãe é a mais importante na vida de todas as pessoas; mais do que qualquer outra, ela condiciona o desenvolvimento inicial da nossa personalidade, afetando em grande escala nossa visão futura da vida e de nós mesmos – por exemplo, se será uma visão otimista ou pessimista. p. 259
A adolescência é um período de mudanças grandes e rápidas, caracterizadas por períodos de passividade e letargia totais [...]. Este vaivém do comportamento adolescente é expresso em alguns contos de fadas quando o herói parte em busca de aventuras e subitamente é transformado em pedra por algum encantamento. p. 265
Enquanto muitos contos de fadas frisam os grandes feitos que um herói deve executar antes de ser ele mesmo, “A Bela Adormecida” enfatiza a concentração demorada e tranqüila que também é necessária para isso. Durante os meses que antecedem a primeira menstruação [...] as meninas ficam passivas, parecem sonolentas e refugiam-se dentro de si. p. 265
O tema central deste conto é que, embora os pais tentem de todas as maneiras impedir o despertar da sexualidade do filho, este ocorre inexoravelmente. [...] e que a realização sexual não perde sua beleza por termos que aguardar por ela. p. 271
[...] um quartinho trancado costuma representar em sonhos os órgãos sexuais femininos e o giro de uma chave na fechadura simboliza a cópula. p. 273
A estória de Bela Adormecida imprime na criança a idéia de que uma ocorrência traumática – como o sangramento da moça no início da puberdade e depois na primeira cópula – tem conseqüências felizes. [...] A maldição é uma benção disfarçada. p. 275
Um receptáculo pequenino dentro do qual se pode inserir uma parte do corpo de modo justo pode ser visto como um símbolo da vagina. [...] e algo que se pode perder com facilidade no final de um baile quando o amado tenta estreitar a amada, parece uma imagem apropriada à virgindade. p. 304-305
Cada sexo sente ciúmes do outro ter o que lhe falta, por mais que goste e se orgulhe daquilo que lhe pertence – seja a posição, o papel social, ou os órgãos sexuais.
[...]
De acordo com a teoria Freudiana, o complexo de castração da menina se centraliza na sua concepção de que originalmente todas as meninas tinham pênis e que as meninas de alguma maneira teriam perdido os seus. A ansiedade paralela do menino é a de que, se as meninas não tem pênis, é porque perderam e ele teme que o mesmo lhe suceda. p. 306
[...] os objetos que os contos utilizam devem ser apropriados a um nível aberto, consciente, e ao mesmo tempo devem atrair associações diferentes a partir do significado aberto. p. 308
[...] os pais bons tem que aparecer durante certo tempo, como pais ruins e persecutórios. p. 314
[...] num bom casamento todos encontrarão a realização sexual, mesmo daquilo que parecia sonhos impossíveis: uma vagina dourada para ele, e um pênis temporário para ela. p. 315-316
Transmite a mensagem de que é principalmente a mulher quem necessita mudar sua atitude frente ao sexo: em vez de rejeitá-lo deve aceitá-lo porque, enquanto o sexo lhe parecer algo feio e animalesco, permanecerá animalizado no macho; e ele não será desencantado. Enquanto um dos parceiros sentir repulsa pelo sexo, o outro não poderá apreciá-lo. p. 326
Em outro nível a estória diz que não podemos esperar que nossos primeiros contatos eróticos sejam agradáveis, pois são demasiado difíceis e estão cercados de ansiedade. Mas se permitir-mos [...] permitindo que o outro se torne sempre mais íntimo [...] reconheceremos a verdadeira beleza da sexualidade.
Cada conto de fadas é um espelho mágico que reflete alguns aspectos de nosso mundo interior, e dos passos necessários para evoluir-mos da imaturidade para a maturidade. Para os que mergulham naquilo que os contos de fadas tem a comunicar, estes se tornam lagos profundos e calmos que, de início, parecem refletir nossa própria imagem. Mas logo descobrimos sob a superfície os turbilhões de nossa alma - sua profundidade e os meios de obtermos paz dentro de nós mesmos e em relação ao mundo, o que recompensa nossas lutas. p. 348
Nos sonhos a satisfação dos desejos é disfarçada enquanto nos contos é expressa abertamente; Os sonhos são resultados de pressões externas que não encontraram alívio, de problemas que bloqueiam uma pessoa, para os quais ela não conhece os mesmos nem a solução e os sonhos não sugerem nenhuma.
Referência
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. 366 p.
é um livro estranho mais bem legal .. ^^
ResponderExcluirDevia colocar o livro inteiro !;P
E Outra é Historia não Estoria :)
neste caso eh Estoriia.... vai estudar um pouco...
Excluirgostei muito!
ExcluirGostei vai me ajudar na elaboração do meu projeto pedagogico sobre "CONTOS". bjsss
Excluirgostava de saber onde posso encontar o livro, ja fui a alguns locais de venda e nao consigo encontrar...
ResponderExcluirNós somos estudantes de Letras-Língua Portuguesa, da Universidade Federal do Amazonas - Ufam. Estamos preparando um seminário de análise de contos de fadas, segundo a perspectiva Freudiana e adotamos como livro-base, "Psicanálise dos contos de fadas" de Bruno Bettelheim, pois seu conteúdo é completo, em termos de análise de contos. Estávamos pesquisando na Internet e achamos esse site e encontramos várias citações importantes da obra e a adotaremos em nosso seminário, respaldados de suas referências. Por último, no comentário postado por um "anônimo", no dia 10 de maio dste ano, ele tenta "corrigir" o termo empregado tanto nas citações, como no próprio livro: "estória", sendo o significado deste, uma lenda, não tem comprovação científica. E História, se tratando da disciplina ou ciência, que estuda o passado, o presente e o futuro, baseando-se e vestígios de antigas tribos e civilizações. Na realidade, a pessoa que comentou sobre este site está "mergulhada" em ideologias e no senso comum. Só temos a agradecer pela iniciativa deste site, já que sua finalidade é incentivar a pesquisa. Com certeza, faremos uma categórica apresentação psicanalítica de contos de fadas.
ResponderExcluirNeila Botelho Spitteler.
Paula Priscila Souza Nery.
Thyaggo Kauwhê José Leite Mesquita.
Wilkerdeive dos Santos Mafra.
Alunos do 2.º período de Letras-Língua Portuguesa, da Universidade Federal do Amazonas-UFAM.
Amei... deveriam postar mais. estou a procura de algo assim pra eu ler
ResponderExcluirobrigada pela dica!!! bjin. ps. boa sorte no seminário!