"Leio e me ponho a pensar... minha leitura seria então a minha impertinente ausência. Seria a leitura um exercício de ubiqüidade?" Experiência inicial, até iniciática: ler é estar alhures, onde não se está, em outro mundo; é constituir uma cena secreta, lugar de onde se entra e de onde se sai à vontade; é criar cantos de sombra e de noite numa existência submetida à transparência tecnocrática e àquela luz implacável que [...] materializa o inferno da alienação social [...] talvez se leia sempre no escuro... a leitura depende da escuridão da noite. Mesmo que se leia em pleno dia, fora, faz-se noite em redor do livro".
DE CERTEAU, Michel. Ler: uma operação de caça. In: ______ . A invenção do cotidiano: artes de fazer. 6. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. cap. XII, p. 259-273.
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