Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. (Padre Antônio Vieira)

sexta-feira, 30 de março de 2012

Como pinga

Solidão minha amiga,
Deixe-me só um momento,
Acredite: eu aguento.
Preciso um pouco mais de tristeza.
 
Solidão faça-me chorar um segundo,
De saudade ou mesmo dor,
Chorar este vazio tão profundo,
Chorar esta ausência de amor.
 
Mande embora meu melhor amigo
E afaste de mim todas as pessoas queridas.
Quero muito ficar triste e sozinho,
 
Remexer em cada ferida.
Chorar em silêncio, bem baixinho,
E como pinga beber a vida.
 
f. foresti

quarta-feira, 28 de março de 2012

Devolve meu coração

Rebebi tudo de volta.
Mas deixei tanta coisa lá.
Não entendi ainda:
Por que ela não devolveu meu coração?
 
f. foresti

Millôr Fernandes morreu. Que merda!

O desenhista, jornalista, dramaturgo e escritor Millôr Fernandes morreu na noite de terça-feira (27), aos 88 anos, em sua casa no Rio. De acordo com a família, ele sofreu falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.

O velório será realizado na quinta (29), das 10h às 15h no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio. Depois, o corpo será cremado em cerimônia restrita à família.

Em novembro de 2011, Millôr Fernandes recebeu alta depois de quase cinco meses internado na Casa de Saúde São José, situada em Botafogo, zona sul do Rio --em fevereiro do ano passado, ele sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) isquêmico.

Millôr deixa dois filhos, Ivan e Paula, frutos de seu relacionamento com Wanda Rubino. Dois de seus irmãos são vivos: Ruth, que mora no Equador, e Hélio, proprietário do jornal "Tribuna da Imprensa".

Ricardo Moraes/Folhapress
O escrito Millôr Fernandes, que morreu em sua casa no Rio aos 88 anos

Nascido no bairro do Méier, no Rio, Millôr nasceu Milton Fernandes em 23 de agosto de 1923, mas foi registrado em 27 de maio de 1924. Anos mais tarde, quando foi ver sua certidão de nascimento, reparou que o "T" tinha aspecto de "L" e o "N", inconcluso, parecia um "R", sugerindo a grafia Millôr em vez de Milton. Assumiu-se, então, Millôr.

Millôr perdeu os pais ainda criança -- o pai morreu de intoxicação quando ele era bebê e a mãe, vítima de câncer, quando ele tinha dez anos.

Em 1938, aos 14, Millôr entrou no Liceu de Artes e Ofícios e começou a trabalhar profissionalmente na revista "O Cruzeiro". Naquele momento, se tornaria um dos principais nomes do jornalismo e das artes no Brasil. Registros constatam, inclusive, que, no período em que ele ficou no "Cruzeiro", as vendas subiram de 11 mil para 750 mil exemplares.

Foi também um dos criadores do jornal "O Pif-Paf". Apesar de ter durado apenas oito edições, a publicação é considerado o início da imprensa alternativa no Brasil. Ele foi ainda um dos colaboradores de "O Pasquim", reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar.

Com diversas aptidões --para o desenho, a prosa, a poesia, o teatro, a literatura--, raramente se sentia frustrado. Foi premiado como desenhista (dividiu com seu ídolo Saul Steinberg [1914-1999] o primeiro lugar na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires, em 1955), requisitado como tradutor (de Shakespeare, Molière, Sófocles, Bernard Shaw), autor de peças célebres como "Liberdade, Liberdade" (1965), uma das obras pioneiras do teatro de resistência ao regime militar, feita em parceria com Flávio Rangel e encenada pelo Grupo Opinião, com Paulo Autran e Tereza Rachel.

Acervo UH/Folhapress
O desenhista, jornalista, dramaturgo e escritor Millôr Fernandes em outubro de 1970

Publicou mais de 50 livros a partir de 1946, boa parte compilando textos humorísticos e desenhos feitos para a imprensa, dentre eles "Fábulas Fabulosas" (1964) e "A Verdadeira História do Paraíso" (1972). Veja outras de suas publicações "[aqui]".http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1068385-veja-cronologia-e-algumas-obras-de-millor-fernandes.shtml.

Entre os múltiplos talentos de Millôr também estava o de roteirista. Foram mais de dez roteiros criados para o cinema, individualmente --"Modelo 19" (1952, mais conhecido como "O Amanhã Será Melhor"; "Amor para Três" (1960), "Ladrão em Noite de Chuva" (1960); "Esse Rio que Eu Amo" (1962), "Crônica da Cidade Amada" (1965), "O Menino e o Vento" (1967) e "Último Diálogos" (1995)-- ou em parceria, como "O Judeu" (1995), com Geraldo Carneiro e Gilvan Pereira, e "Mátria" (1998), com Carneiro e Jom Tob Azulay. Em "Terra Estrangeira" (1995), dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, participou com diálogos adicionais.

Millôr foi uma das primeiras personalidades brasileiras a ter espaço na internet, inaugurando seu site, que segue no ar até hoje, no ano 2000. No Twitter, tem mais de 368 mil seguidores.

POLÍTICA E JORNALISMO

Seu humor crítico e inclemente lhe traria problemas também com governantes, desde o presidente Juscelino Kubitschek (que censurou seu programa "Treze Lições de um Ignorante", na TV Tupi Rio, após uma piada com a primeira-dama) até os militares que atacaram "O Pasquim" --jornal que ele ajudou a criar-- durante a ditadura.

A política também causaria o fim de seu primeiro período (1968-1982) na revista "Veja", quando se negou a cessar o apoio público a Leonel Brizola nas eleições para governador do RJ em 1982.

Em setembro de 2004, voltaria à "Veja", mas sairia cinco anos depois --seu contrato não seria renovado após Millôr questionar (a princípio extrajudicialmente) a publicação de suas colunas antigas na edição digital da revista.

Na Folha, Millôr Fernandes assinou uma coluna semanal, no caderno dominical "Mais!", entre julho de 2000 e agosto de 2001.

Foi nesse período que escreveu texto que lhe rendeu processo do deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), após dizer que seu projeto de restringir termos estrangeiros na língua portuguesa era "uma idioletice".
 

Gosto de gente que diz não

Gosto de gente que tem a cara da solidão,
Gosto de gente que diz não.
Gosto das pessoas discretas, dos ascetas,
Dos que renunciam seu coração.
Gosto dos que praticam o desapego,
Daqueles que não tem medo,
Das pessoas que causam confusão.
Gosto de quem gosta da solidão.
Dos que perguntam: por quê não?
Gosto das pessoas frágeis, indefesas,
Dos que renunciam seu coração.
Gosto de gente que diz não.
 
f. foresti

segunda-feira, 26 de março de 2012

No horizonte da vida linhas firmes e tranquilas

Se não se tiver no horizonte da vida linhas firmes e tranquilas, semelhantes àquelas que fazem a montanha e a floresta, a vontade interior do homem é inquieta, distraída e ávida de desejos como a índole do habitante das cidades: não tem felicidade, nem a dá. P. 234
 
 

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)

Quem quiser seriamente ser livre...

Quem quiser seriamente ser livre perderá, sem qualquer constrangimento, a propensão para os erros e os vícios; mesmo a irritação e o aborrecimento o acometerão mais raramente. É que sua vontade não quer nada mais instante que conhecer e o meio de conhecer, ou seja, a condição permanente em que estará nas mais convenientes condições para conhecer. P. 233
 
 

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Em sonho ser feliz

Hoje é o dia em que fiq0uei mais triste
Depois de tudo o que aconteceu.
Hoje o dia está especialmente triste.
Te vi em sonho e meu sonho se perdeu.
Fiquei mais só, meu coração adoeceu.

Quero sonhar com você todas as noites,
Acordar com um semblante doce
E fazer o dia especialmente feliz.
Sonhar que nos vimos em sonho,
E em sonho conseguimos ser feliz.

Quero lembrar do meu antigo amor
Para esquecer você.
Quero sentir àquela velha dor
Para esquecer você.
E conhecer o meu novo amor
Para esquecer você.
 
 
f. foresti

quarta-feira, 21 de março de 2012

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)

 

 

Cap. I – Das primeiras e últimas coisas

 

 

E quanta falsidade ainda me faz falta para que possa me permitir [...] o luxo da minha veracidade? p. 21

 

Basta eu estar vivo ainda; e a vida, além do mais, não é uma invenção da moral: ela quer ilusão, ela vive da ilusão... p. 21

 

Até essa superabundância de energias plásticas, curativas, educativas e reconstituintes, que é justamente o sinal da grande saúde, essa superabundância que confere ao espírito livre o perigoso privilégio de poder viver a título de experiência e se entregar à aventura: o privilégio de domínio do espírito livre! p. 24

 

Nossa vocação toma conta de nós, mesmo quando não a conhecemos; é o futuro que dita a regra ao nosso hoje. p. 27

 

Só se permanece filósofo quando se fica em silêncio. p. 28

 

Em vista da consideração da felicidade foram atadas as veias da pesquisa científica. p. 34

 

É verdade que poderia haver um mundo metafísico; a absoluta possibilidade disso é difícil de contestar. Observamos todas as coisas com uma cabeça humana e não podemos cortar essa cabeça; entretanto, sempre resta a questão de saber o que ainda ficaria no mundo, se contudo a tivéssemos cortado. [...] mesmo que fosse muito bem provada a existência de semelhante mundo, ficaria ainda assim estabelecido que seu conhecimento é o mais indiferente de todos os conhecimentos: mais indiferente ainda que deveria ser para o navegador, na tempestade, o conhecimento da análise química da água. p. 35

 

Se somente se pudesse viver sem fazer apreciações, sem ter inclinação nem aversão! De fato, toda aversão está ligada a uma apreciação, assim como toda inclinação. [...] Somos, por destino, seres ilógicos e, por isso, injustos. p. 56

 

O valor da vida para o homem comum se baseia unicamente no fato de ele atribuir mais importância a si que ao mundo. A grande falta de imaginação de que sofre o impede de penetrar pelo sentimento nos outros seres e por isso participa tão pouco quanto possível do destino e sofrimento deles. p. 57

 

Mas sentir-se como humanidade (e não somente como indivíduo) desperdiçado, como nós vemos desperdiçados pela natureza as flores [...] esse é um sentimento para além de todos os sentimentos. Mas quem é capaz disso? Certamente, só um poeta: e os poetas sabem sempre se consolar. p. 57

 

[...] um bom temperamento, uma alma segura, amena e, no fundo, jovial, uma disposição que não precisasse estar em guarda contra tremores e súbitos estrondos e que, em suas manifestações, não tivesse nada do tom resmunguento e do semblante fechado - odiosas características, como se sabe, dos velhos cães e dos homens que ficaram muito tempo acorrentados. Pelo contrário, um homem livre das correntes habituais da vida, a tal ponto que só continua a viver para discernir para viver cada vez melhor, deve renunciar sem inveja nem desgosto a muitas coisas: quase a tudo aquilo que tem valor para os outros homens; deve ficar satisfeito [...] acima [...] das tradicionais avaliações das coisas. p.59

 

 

 

Cap. II – Para a história dos sentimentos morais

 

 

Os homens são gratos na mesma proporção em que cultivam a vingança. Swift apud Nietzsche. p. 70

 

Não é aquele que nos causa prejuízos que é considerado como mau, mas sim aquele que é desprezível. p. 71

 

Na conversa em sociedade, três quartos das perguntas feitas e das respostas dadas são para magoar um pouco o interlocutor; é por isso que muita gente tem sede da sociedade: ela confere a todos os sentimentos de sua força. p. 74

 

Mas haverá muitas pessoas honestas que confessem que dá prazer magoar? As pessoas não raramente se divertem – e se divertem bem – causando embaraços aos outros, pelo menos em pensamento, e disparando contra eles a descarga de chumbo da pequena maldade. P. 75

 

Pode-se prometer ações, mas não sentimentos, pois estes são involuntários. Quem promete a alguém amá-lo sempre ou ser-lhe sempre fiel, promete algo que não está em seu poder; o que pode perfeitamente prometer são ações, que, na verdade, são geralmente as consequências do amor, do ódio, da fidelidade... p. 80

 

Raramente se haverá de errar, se forem atribuídas as ações extremas à vaidade, as medíocres ao costume e as mesquinhas ao medo. P. 86

 

Como o espírito humano seria pobre sem a vaidade! Mas como ela se parece com uma loja comercial bem estocada e estocando-se sempre de novo que atrai clientes de toda espécie: eles podem encontrar nela quase tudo, contanto que tragam com eles o tipo de moeda válida (a admiração). P. 87

 

[...] as emoções e paixões da alma estão envoltas pela vaidade: ela é a pela da alma. P. 89

 

A maioria dos homens está muito ocupada consigo mesma para ser má. P. 89

 

Todo homem que decidiu que o outro é um imbecil, um mau companheiro, se irrita quando o outro finalmente mostra que não é. P. 91

 

[...] Deus instalou a faculdade do esquecimento como portão do umbral do templo da dignidade humana. P. 92

 

Sem prazer, não há vida; a luta pelo prazer é a luta pela vida. Se o indivíduo trava essa luta de modo que os homens o chamem de bom ou de modo que o chamem de mau, quanto a isso são o nível e a qualidade de sua inteligência que decidem. P. 103

 

As boas ações são más ações sublimadas; as más ações são boas ações realizadas grosseira e estupidamente. P. 105

 

Se o prazer, o egoísmo, a vaidade são necessários para a produção dos fenômenos morais e para sua suprema floração [...] se o erro e o extravio da imaginação formam o único meio pelo qual a humanidade conseguiu elevar-se [...] quem ousaria ficar triste ao perceber o objetivo para onde levam estes caminhos? [...] Um novo hábito, aquele de compreender, de não amar, de não odiar, de olhar de cima, implanta-se pouco a pouco em nós [...] para gerar o homem sábio, inocente (consciente de sua inocência), tão regularmente como atualmente se produz o homem não sábio, injusto, consciente de sua culpa – ou seja, o antecedente necessário. P. 107

 

 

Cap. III – Sobre a vida religiosa

 

[...] os atos de amor são mais estimados que os outros, não certamente por causa de sua essência, mas de sua utilidade. P. 129

 

 

 

Cap. IV – A alma dos artistas e escritores

 

 

Todos os grandes homens são grandes trabalhadores, incansáveis não só em inventar, mas também em reprovar, examinar, modificar, ordenar. P. 148

 

Os homens não falam intencionalmente de gênio senão quando os efeitos da grande inteligência lhes são mais agradáveis e quando, por outro lado, não querem sentir inveja. Chamar alguém "divino" quer dizer: "Aqui não precisamos competir". Além disso, tudo o que está feito, perfeito, é olhado com admiração, tudo o que está em vias de ser feito é depreciado. P. 154

 

São precisamente entre os artistas os cérebros originais, criando por si próprios, [...] enquanto que as naturezas mais dependentes, os chamados talentos, estão repletas de recordações de todo o bem possível e mesmo num momento de fraqueza produzem alguma coisa sofrível. Mas se os artistas deixarem de contar com si próprios, a recordação não lhes dá qualquer ajuda: tornam-se vazios. P. 158

 

É a essa passagem de um medo momentâneo para um excesso de alegria de curta duração que se chama cômico. Pelo contrário, no fenômeno do trágico, o homem passa rapidamente de uma alegria excessiva e duradoura para um grande medo; mas, como entre os mortais, a grande alegria duradoura é muito mais rara que o motivo para ter medo, há muito mais cômico no mundo do que trágico; a gente ri muito mais vezes do que se comove. P. 159

 

Mas é muito mais raro que alguma coisa pequena por natureza suporte o engrandecimento; por isso os biógrafos conseguirão sempre mais facilmente diminuir um grande homem do que engrandecer um pequeno. P. 162

 

Não basta somente saber tocar bem, mas também se colocar ao alcance dos ouvidos. O violino nas mãos do maior mestre não produz senão um murmúrio, se a sala for grande mais; pode-se então confundir o maestro com o primeiro ignorante que aparecer. P. 163

 

É quando a arte se reveste com o tecido mais usado que melhor é reconhecida como arte. P. 164

 

Os pretensos paradoxos do autor, com os quais um leitor se choca, muitas vezes não estão no livro do autor, mas na cabeça do leitor. P. 165

 

A antítese é a porta estreita por onde o erro prefere se esgueirar até a verdade. P. 165

 

Ora, se se considerar que toda ação humana, e não somente um livro, se torna em qualquer matéria motivo para outras ações, decisões, pensamentos, que tudo o que se faz se entrelaça indissoluvelmente com tudo o que se fará, então se reconhecerá a verdadeira imortalidade que existe, a do movimento: aquilo que foi uma vez posto em movimento está na cadeia global de todo ser, como um inseto encerrado e eternizado no âmbar. P. 172

 

 

 

Cap. V – Indícios de civilização superior e inferior

 

 

[...] o espírito livre tem geralmente o testemunho de uma grande inteligência dotada de bondade e de perspicácia escrito no rosto de forma tão legível que os espíritos subordinados o compreendem bastante bem. P. 192

 

O meio educador pretende tornar todo homem dependente, colocando sempre diante de seus olhos o menor número de possibilidades. P. 194

 

O indivíduo é tratado por seus educadores como se, na verdade, fosse algo novo, mas devesse tornar-se uma réplica. Se o homem aparece primeiramente como algo desconhecido, algo que nunca existiu, deve ser transformado em algo conhecido, algo já existente. P. 194

 

Chama-se "bom caráter" numa criança a manifestação de sua subordinação progressiva; quando a criança se coloca ao lado dos espíritos subordinados, manifesta em primeiro lugar o despertar de seu espírito comunitário; com base nesse sentido comunitário, mais tarde se tornará útil ao seu Estado ou à sua classe. P. 194

 

[...] o coração ardente quer, portanto, a supressão de seu fundamento, a aniquilação de si próprio: quer, portanto, algo de ilógico, ele não é inteligente. P. 198

 

Os homens se submetem por hábito a tudo o que pretende ter poder. P. 215

 

Os oligarcas são necessários uns aos outros, têm uns nos outros sua maior satisfação, percebem seus sinais distintivos – mas, apesar disso, cada um deles é livre, luta e vence em seu posto, preferindo perecer a se submeter. P. 219

 

Todos os homens se dividem, como em todos os tempos até nossos dias, em escravos e livres; pois quem não tiver para si dois terços de seu dia é um escravo, seja ele, de resto, o que quiser: político, comerciante, funcionário, erudito. P. 231

 

Desde já, contudo, todo indivíduo calmo e constante de coração e de cabeça, tem o direito de crer que possui não só um bom temperamento, mas também uma virtude de utilidade geral e que, ao conservar essa virtude, cumpre uma missão superior. P. 232

 

Quem quiser seriamente ser livre perderá, sem qualquer constrangimento, a propensão para os erros e os vícios; mesmo a irritação e o aborrecimento o acometerão mais raramente. É que sua vontade não quer nada mais instante que conhecer e o meio de conhecer, ou seja, a condição permanente em que estará nas mais convenientes condições para conhecer. P. 233

 

O homem que jaz doente na cama descobre por vezes que geralmente está doente de seu emprego, de seu negócio ou de sua sociedade e que por meio deles perdeu todo conhecimento racional de si próprio: tira essa sabedoria do ócio, a que sua doença o obrigada. P. 234

 

Se não se tiver no horizonte da vida linhas firmes e tranquilas, semelhantes àquelas que fazem a montanha e a floresta, a vontade interior do homem é inquieta, distraída e ávida de desejos como a índole do habitante das cidades: não tem felicidade, nem a dá. P. 234

 

Ele conhece também os dias de trabalho e da falta de liberdade, da dependência, da servidão. Mas, de tempos em tempos, é preciso que lhe apareça, um domingo de liberdade, senão não suportará a vida. p. 234

 

 

 

Cap. VI – O homem em sociedade

 

 

Não é raro encontrar cópias de homens consideráveis; e como ocorre com os quadros, a maioria das pessoas se afeiçoa mais às cópias que aos originais. P. 237

 

Pode-se falar de uma forma extremamente justa e de modo que, no entanto, todos gritem o contrário; é então que não se fala senão para todos. 237

 

Aquele que, com propósito deliberado, procura penetrar na confidência de outra pessoa não é geralmente certo de possuir sua confiança. Aquele que é certo da confiança tem em pouca conta a confidência. P. 239

 

Desaprende-se a arrogância quando se tem certeza de estar entre pessoas de mérito; estar só produz arrogância. Os jovens são arrogantes porque frequentam seus semelhantes que, todos eles, não sendo nada, gostam de fazer-se passar por muita coisa. P. 241

 

Não se ataca somente para causar danos a alguém, para vencê-lo, mas também pelo único prazer de ficar ciente de sua força. p. 241

 

As pessoas que, em nossas relações com elas, querem atormentar nossa prudência com suas lisonjas, usam de um meio perigoso, semelhante ao narcótico que, se não leva a adormecer, deixa mais desperto. P. 241

 

As naturezas compassivas, a todo instante prontas a socorrer no infortúnio, raramente são ao mesmo tempo as que compartilham da alegria: na felicidade de outrem, elas nada têm a fazer, são supérfluas, não se sentem de posse de sua superioridade e mostram facilmente com isso desprezo. P. 242

 

Se houver dificuldade para encontrar um assunto de conversa, há pouca gente que deixará de revelar os segredos mais importantes ao amigo. P. 243

 

O indício mais forte da incompatibilidade entre duas pessoas é que ambas se falam reciprocamente com um pouco de ironia, mas que nem uma nem outra percebe essa ironia. P. 243

 

Duas pessoas cuja vaidade é igualmente grande se encontram, conservam em seguida uma má impressão uma da outra, porque cada uma estava tão ocupada com a impressão que queria produzir na outra, que esta não fazia nenhuma impressão sobre ela; ambas percebem finalmente que seu esforço foi inútil e uma culpa a outra por isso. P. 245

 

É mais agradável ofender e pedir perdão em seguida do que ser ofendido e conceder o perdão. P. 247

 

Por que sentimos remorsos depois te termos ficado em companhias vulgares? Porque tomamos com leviandade coisas importantes, porque ao falar com certas pessoas não falamos com toda a boa-fé ou porque guardamos silêncio quando devíamos ter falado, porque no momento não tivemos coragem de levantar bruscamente e deixar o grupo, em suma, porque nos comportamos nessa companhia como se fizéssemos parte dela. P. 248

 

Na luta com a tolice, os homens mais moderados e mais discretos acabam por ser brutais. Talvez com isso estejam no verdadeiro caminho da defesa, pois para a testa estúpida, o argumento que convém de direito é o punho fechado. Mas porque [...] seu caráter é discreto e moderado, por esse meio de defesa legítima sofrem mais do que fazem sofrer. P. 251

 

Não há nada que os homens se façam pagar mais caro que a humilhação. P. 256

                                                                                                                                      

[...] como é incerto o terreno sobre o qual repousam todas as nossas ligações e amizades, como estão próximos os frios aguaceiros ou os maus tempos, como todo homem é isolado! Qualquer se dá conta disso e, além do mais, que todas as opiniões, sua espécie e sua força são, em seus contemporâneos, tão necessárias e irresponsáveis como suas ações, que adquire o olhar para ver essa necessidade íntima das opiniões sair da indissolúvel implicação de caráter, de ocupação, de talento, de meio – perderá talvez a amargura e a aspereza de sentimento com a qual esse sábio* exclamava: "Amigos, não há amigos!". Antes, haverá de fazer esta confissão: Sim, há amigos, mas é o erro, a ilusão sobre ti que os levou em tua direção; e tiveram de aprender a calar-se para ficarem teus amigos; pois, quase sempre, essas relações humanas repousam sobre o fato de uma ou duas coisas não serem jamais ditas, ou seja, que não serão mais tocadas, mas esses seixos começam a rolar, a amizade os segue e se rompe. Há homens que pudessem não ser feridos mortalmente, se ficassem sabendo o que seus mais fiéis amigos sabem deles no fundo? – Aprendendo a nos conhecermos a nós mesmos, a considerar nosso próprio ser como uma esfera móvel de opiniões e de tendências, e assim a desprezá-la um pouco, coloquemo-nos por nossa vez em equilíbrio com os outros. É verdade, temos poucas razões para estimar pouco cada um daqueles que conhecemos, mesmo os maiores; mas temos também boas razões para voltar esse sentimento contra nós mesmos. Assim, suportemos uns dos outros o que suportamos muito bem de nós; e talvez para cada um haverá de chegar um dia a hora mais feliz quando poderá dizer: "Amigos, não há amigos" – exclamava o sábio moribundo; "Inimigos, não há inimigos!" – exclamo eu, o tolo vivo. P. 259. *Jean-Pierre Claris de Florian

 

 

Cap. VII – A mulher e a criança

 

 

O melhor amigo terá provavelmente a melhor esposa, porque o bom casamento reside no talento da amizade. P. 261

 

As uniões que se celebram por amor (chamados casamentos por amor) têm o erro por pai e a necessidade por mãe. P. 263

 

Muitas pessoas, notadamente mulheres, não sentem o aborrecimento, porque nunca aprenderam a trabalhar regularmente. P. 263

 

As mulheres se tornam por amor exatamente o que elas são no pensamento dos homens por quem são amadas. P. 265

 

Onde quer que se procure por elas, há mulheres que não tem interior e não são senão máscaras. Deve-se lamentar o homem que se abandona a esses seres quase fantasmas, necessariamente pouco satisfatórios, mas que são precisamente capazes de despertar mais intensamente o desejo do homem: ele procura sua alma e não cessa de procurá-la. p. 266

Que seja dito para os homens capazes de dar-se conta: as mulheres têm o entendimento, os homens a sensibilidade e a paixão. Isso não está em contradição com o fato que os homens levam seu entendimento muito mais longe: eles têm os móveis mais profundos, mais poderosos; são esses móveis que levam tão longe seu entendimento que em si é algo de passivo. As mulheres se surpreendem muitas vezes em segredo pelo grande respeito que os homens têm por sua sensibilidade. Se, em sua escolha, os homens procuram antes de tudo um ser profundo, cheio de sensibilidade, as mulheres, pelo contrário, um ser hábil, esperto e brilhante, vê-se claramente, no fundo, que o homem procura o homem ideal, a mulher a mulher ideal, e assim não procuram o complemento, mas a perfeição de seus próprios méritos. P.267-268

 

No estado de ódio, as mulheres são mais perigosas que os homens; em primeiro lugar, porque não são detidas em sua hostilidade uma vez atiçada por nenhum escrúpulo de equidade, mas deixam tranquilamente seu ódio crescer até as últimas consequências; em seguida, porque elas se exercem em encontrar os pontos fracos (que todo homem, todo partido apresenta) para dar seus golpes: em que o espírito afiado como um punhal lhes serve de maneira excelente (enquanto que os homens, recuando com a visão dos ferimentos, se tornam muitas vezes magnânimos e misericordiosos). P. 269

 

A idolatria que as mulheres professam pelo amor é no fundo e originalmente uma invenção de sua habilidade, no sentido que todas essas idealizações do amor aumentam seu poder e as deixam aos olhos dos homens sempre mais desejáveis. Mas o costume secular por essa estima exagerada do amor fez com que elas caíssem em sua própria armadilha e esquecessem essa origem. Elas próprias são agora mais tolas que os homens e por isso sofrem mais também com a desilusão que se produz quase necessariamente na vida de toda mulher – supondo que tenha, por outro lado, bastante imaginação e espírito para poder sofrer ilusão e desilusão. P. 269

 

O casamento é uma instituição necessária dos vinte aos trinta anos, útil, mas não necessária dos trinta aos quarenta: mais tarde, se torna com frequência perniciosa e acarreta a decadência intelectual do homem. P. 272

 

A partir do momento em que podem ver de perto, seus olhos cessam de ver ao longe. P. 272

 

Os espíritos livres viverão com mulheres? Em geral acredito que, como os pássaros verídicos da antiguidade, sendo aqueles que pensam em dizer a verdade do presente, preferirão voar sozinhos. P. 275

 

A alma de um homem se desgasta também por um contato contínuo; pelo menos é o que acaba por nos parecer – nunca mais haveremos de rever sua figura e sua beleza originais. Sempre se perde no relacionamento demasiado íntimo com mulheres e amigos; e nisso se perde às vezes a pérola da própria vida. p. 275

 

As mulheres querem servir e nisso encontram sua felicidade; e o espírito livre não quer ser servido e nisso põe sua felicidade. P. 277

 

As mulheres se indispõem sempre secretamente contra a elevação e alma de seus maridos; querem frustrá-los em seu futuro, em proveito de um presente sem dor e confortável. P. 278

 

Por mais que as mulheres respeitem seus maridos, elas respeitam, no entanto, muito mais as forças e as concepções reconhecidas pela sociedade: estão acostumadas há séculos a andar inclinadas diante de toda dominação, com as mãos cruzadas sobre o peito, e desaprovam toda sublevação contra o poder público. É por isso que elas vão sempre importunar, sem querer manifestar a intenção, mas antes por instinto, como um sarrafo nas rodas de um movimento independente de livre pensamento e, com isso, levam seus maridos ao mais alto grau de impaciência, sobre tudo quando eles afirmam que é o amor que no fundo impele suas mulheres a isso. Desaprovar os meios das mulheres e prestar uma magnânima aos móveis desses meios – é o agir dos homens e muitas vezes também o desespero dos homens. P. 278

 

Assim chego, eu também, a esse princípio que, em tudo o que diz respeito às altas especulações filosóficas, todas as pessoas casadas são suspeitas. P. 279

 

 

 

Cap. IX – O homem consigo mesmo

 

As convicções são inimigas da verdade mais perigosas que as mentiras. P. 311

 

Uma só coisa é necessário ter: um espírito leve por natureza, ou um espírito tornado leve pela arte e pela ciência. P. 311

 

O homem é muito bem defendido contra si mesmo, contra toda espionagem e todo cerco feito por ele mesmo; geralmente não pode perceber de si próprio mais que suas obras exteriores. A cidadela propriamente dita lhe é inacessível, mesmo invisível, a menos que amigos e inimigos se transformem em traidores e o introduzam nela por um caminho furtivo. P. 313

 

Todos os estilos de vida muito peculiares levantam as pessoas contra quem os abraça; pela conduta extraordinária com que este faz seu apanágio, elas se sentem rebaixadas: seres comuns. P. 313

 

É privilégio da grandeza proporcionar muita felicidade por dons mínimos. P. 313

 

O homem se comporta nobremente sem querer quando se acostumou a não querer nada dos homens e a sempre dar a eles. P. 314

 

Inveja e ciúme são as partes vergonhosas da alma humana. P. 314

 

Não falar de modo algum de si é uma hipocrisia muito nobre. P. 315

 

Se nós nos encontramos de tal modo à vontade em plena natureza, é que ela não tem opinião a nosso respeito. P. 315

 

Nas relações do mundo civilizado, cada um se sente superior a qualquer outro numa coisa pelo menos; é nisso que repousa a benevolência geral, porque toda pessoa pode eventualmente prestar serviço e, por conseguinte, aceitar sem vergonha um serviço. P. 315

 

Quem vive combatendo um inimigo tem interesse em deixa-lo viver. P. 319

 

Apreciamos os serviços que alguém nos presta segundo o valor que ele lhes confere, não segundo o valor que têm para nós. P. 320

 

Uma profissão afasta os pensamentos; nisso reside sua grande benção. De fato, ela é um baluarte, atrás do qual a gente pode legitimamente se retirar quando as preocupações e os cuidados de toda espécie vêm nos assaltar. P. 320

 

A juventude é desagradável, pois, nessa idade, não é possível ou não é razoável ser produtivo em qualquer sentido que seja. P. 321

 

Águas revoltas arrastam com elas muitos seixos e detritos; espíritos fortes arrastam muitas cabeças ocas e confusas. P. 321

 

Quando um homem pensa muito e prudentemente, não é somente seu rosto, mas também seu corpo, que toma um ar de prudência. P. 321

 

Quem vê pouco, vê sempre muito pouco; quem ouve mal ouve sempre alguma coisa a mais. P. 321

 

Quando o homem explode em gargalhadas, ultrapassa todos os animais por sua vulgaridade. P. 323

 

Aquele que fala um pouco uma língua estrangeira sente mais alegria que aquele que a fala muito bem. O prazer reside no pseudo-sábio. P. 232

 

Sempre se está mais em perigo de ser esmagado quando se acaba de se esquivar de uma carruagem. P. 325

 

O amor e o ódio não são cegos, mas cegados pelo fogo que trazem com eles. P. 325

 

O amor deseja, o temor evita. Por causa disso não se pode ser ao mesmo tempo amado e respeitado pela mesma pessoa, pelo menos ao mesmo tempo. De fato, aquele que respeita reconhece o poder, isto é, o teme; seu estado é um temor respeitoso. Mas o amor não reconhece nenhum poder, nada que separe, distinga, estabeleça superioridade e inferioridade de classe. É por isso que não respeita que os homens ambiciosos tenham, em segredo ou abertamente, repugnância contra o fato de serem amados. P. 335

 

O melhor é a calma profunda em que vivo e cresço perante o mundo, adquirindo o que ele não poderia me tomar nem a ferro nem a fogo. P. 344 apud Goethe

 

Não, não há lei [...] devemos ser traidores, praticar a infidelidade, abandonar sempre e sempre mais nosso ideal. Não passamos de um período da vida a outro sem causar e também sem sentir com isso as dores da traição. Seria necessário, para escapar a essas dores, tomarmos precaução contra os transportes de nosso sentimento? O mundo então não se torna demasiado vazio, [...] espectral? Perguntemo-nos antes se essas dores, numa mudança de convicção, são necessárias ou se não dependem de uma opinião e de uma apreciação errôneas. P. 346

 

Não foi a luta das opiniões que tornou a história tão violenta, mas a luta da fé nas opiniões, isto é, nas convicções. P. 348

 

Livres do fogo, caminhamos então de opinião em opinião, impelidos pelo espírito através da mudança dos partidos, traindo nobremente todas as coisas que podem em suma ser traídas – e, no entanto, sem um sentimento de culpa. P. 353

domingo, 18 de março de 2012

Como é incerto o terreno...

[...] como é incerto o terreno sobre o qual repousam todas as nossas ligações e amizades, como estão próximos os frios aguaceiros ou os maus tempos, como todo homem é isolado! Qualquer se dá conta disso e, além do mais, que todas as opiniões, sua espécie e sua força são, em seus contemporâneos, tão necessárias e irresponsáveis como suas ações, que adquire o olhar para ver essa necessidade íntima das opiniões sair da indissolúvel implicação de caráter, de ocupação, de talento, de meio – perderá talvez a amargura e a aspereza de sentimento com a qual esse sábio* exclamava: "Amigos, não há amigos!". Antes, haverá de fazer esta confissão: Sim, há amigos, mas é o erro, a ilusão sobre ti que os levou em tua direção; e tiveram de aprender a calar-se para ficarem teus amigos; pois, quase sempre, essas relações humanas repousam sobre o fato de uma ou duas coisas não serem jamais ditas, ou seja, que não serão mais tocadas, mas esses seixos começam a rolar, a amizade os segue e se rompe. Há homens que pudessem não ser feridos mortalmente, se ficassem sabendo o que seus mais fiéis amigos sabem deles no fundo? – Aprendendo a nos conhecermos a nós mesmos, a considerar nosso próprio ser como uma esfera móvel de opiniões e de tendências, e assim a desprezá-la um pouco, coloquemo-nos por nossa vez em equilíbrio com os outros. É verdade, temos poucas razões para estimar pouco cada um daqueles que conhecemos, mesmo os maiores; mas temos também boas razões para voltar esse sentimento contra nós mesmos. Assim, suportemos uns dos outros o que suportamos muito bem de nós; e talvez para cada um haverá de chegar um dia a hora mais feliz quando poderá dizer: "Amigos, não há amigos" – exclamava o sábio moribundo; "Inimigos, não há inimigos!" – exclamo eu, o tolo vivo. P. 259.
 
*Jean-Pierre Claris de Florian
 

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)

Companhias vulgares

Por que sentimos remorsos depois te termos ficado em companhias vulgares? Porque tomamos com leviandade coisas importantes, porque ao falar com certas pessoas não falamos com toda a boa-fé ou porque guardamos silêncio quando devíamos ter falado, porque no momento não tivemos coragem de levantar bruscamente e deixar o grupo, em suma, porque nos comportamos nessa companhia como se fizéssemos parte dela. P. 248

 

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)

sábado, 17 de março de 2012

não se pode ser ao mesmo tempo amado e respeitado

O amor deseja, o temor evita. Por causa disso não se pode ser ao mesmo tempo amado e respeitado pela mesma pessoa, pelo menos ao mesmo tempo. De fato, aquele que respeita reconhece o poder, isto é, o teme; seu estado é um temor respeitoso. Mas o amor não reconhece nenhum poder, nada que separe, distinga, estabeleça superioridade e inferioridade de classe.
 

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)

A alma de um homem se desgasta

A alma de um homem se desgasta também por um contato contínuo; pelo menos é o que acaba por nos parecer – nunca mais haveremos de rever sua figura e sua beleza originais. Sempre se perde no relacionamento demasiado íntimo com mulheres e amigos; e nisso se perde às vezes a pérola da própria vida. p. 275

 

NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Tradução de Antônio Carlos Braga. 2. ed. São Paulo: Escala, [198-?]. 356 p. ISBN 85-7556-757-8 (Grandes obras do pensamento universal, 42)

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