Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. (Padre Antônio Vieira)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O grande sol na eira

O grande sol na eira
Talvez seja o remédio...
Não quero quem me queira,
Amarem-me faz tédio.
 
Baste-me o beijo abstracto
Que o sol dá com o luzir
E o amor alheio e exacto
Dos campos a florir.
 
O resto é gente e alma:
Complica, fala, vê.
Tira-me o sonho e a calma
E nunca é o que é.
 
 
PESSOA, Fernando. Poesia: 1918-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 487 p.

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