Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive. (Padre Antônio Vieira)

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet

CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar: 2003.

 

Atividades econômicas, sociais, políticas e culturais essenciais por todo o planeta estão sendo estruturadas pela Internet e em torno dela, como por outras redes de computadores. [...] ser excluído dessas redes é sofrer uma das formas mais danosas de exclusão em nossa economia e em nossa cultura. 8


A velocidade da transformação tornou difícil para a pesquisa acadêmica acompanhar o ritmo da mudança com um suprimento adequado de estudos empíricos sobre os motivos e os objetivos da economia e da sociedade baseadas na Internet. 8


A mídia, ávida por informar um público ansioso, mas carecendo da capacidade autônoma de avaliar tendências sociais com rigor, oscila entre noticiar o espantoso futuro que se oferece e seguir o princípio básico do jornalismo: só notícia ruim é notícia. 9


Estado de perplexidade informada. 9


A produção histórica de uma dada tecnologia molda seu contexto e seus usos de modo que subsistem além de sua origem. 13


Modelagem da rede pelo uso. 28


A Internet é, acima de tudo, uma criação cultural. 32


No estágio atual de difusão global da Internet, faz sentido distinguir entre produtores/usuários e consumidores/usuários. Por produtores/usuários refiro-me àqueles cuja prática da Internet é diretamente reintroduzida no sistema tecnológico; os consumidores/usuários [...] são aqueles beneficiários de aplicações e sistemas que não interagem diretamente com o desenvolvimento da Internet, embora seus usos tenham [...] um efeito agregado sobre a evolução do sistema. 34


A cultura da Internet caracteriza-se por um estrutura em quatro camadas: a cultura tecnomeritocrática, a cultura hacker, a cultura comunitária virtual e a cultura empresarial. Juntas, elas contribuem para uma ideologia da liberdade que é amplamente disseminada no mundo da Internet. 34


Não só depende da atividade empresarial para se difundir na sociedade em geral, mas é tributária de suas origens na comunidade acadêmica e científica, em que os critérios da excelência, do exame pelos pares, e a comunicação aberta do trabalho de pesquisa tiveram origem. 35


A cultura da Internet enraíza-se na tradição acadêmica do exercício da ciência, da reputação por excelência acadêmica, do exame dos pares e da abertura com relação a todos os achados de pesquisa, com o devido crédito aos autores de cada descoberta. 37


Os hackers não são o que a mídia diz que são. Não são uns irresponsáveis viciados em computador empenhados em quebrar códigos, penetrar em sistemas ilegalmente, ou criar o caos no tráfego de computadores. Os que se comportam assim são chamados "crackers", e em geral são rejeitados pela cultura hacker [...] os crackers e outros cibertipos são subculturas de um universo hacker muito mais vasto e, via de regra, não destrutivos. 38


Além da satisfação de alcançar status na comunidade, a alegria inerente à da criação foi muitas vezes identificada como um atributo da cultura hacker. Ela a aproxima do mundo da arte e do impulso psicológico de criar.(Csikszentmihalyi, 1997) [...] Começa-se a ser um hacker a partir do ímpeto individual de criar, independentemente do cenário institucional dessa criação. 43


A Internet foi o meio indispensável e a força propulsora na formação da nova economia, erigida em torno de normas e processos novos de produção, administração e cálculo econômico. 49


A inovação empresarial, e não o capital, foi a força propulsora da economia da Internet. 49

Criação destrutiva [...] criação de riqueza em dinheiro e tecnologia que prospera nas ruínas das vidas sociais e pessoais consumidas no processo. 52


Os empresários da Internet são antes criadores que homens de negócios, mais próximos da cultura do artista que da cultura coorporativa tradicional. Sua arte, no entanto, é unidimensional: eles fogem da sociedade, a medida que prosperam na tecnologia, e adoram o dinheiro, recebendo um feedback cada vez menor do mundo como ele é. Afinal, para que prestar atenção ao mundo se o estão refazendo à sua própria imagem? Os empresários da Internet são, ao mesmo tempo, artistas, profetas e ambiciosos, uma vez que escondem seu autismo social por trás de suas proezas tecnológicas. 52


As redes de computador transformaram também os mercados financeiros, o lugar em que o valor de todos os negócios é estipulado em última instância. 67


À medida que a tecnologia da informação se torna mais poderosa e flexível, e à medida que as regulações nacionais são atropeladas por fluxos de capital e comércio eletrônico, os mercados financeiros vão se tornando integrados, acabam por operar como uma unidade em tempo real por todo o globo.  68


Os mercados reagem também com base em critérios não econômicos. São influenciados pelo que chamo de turbulências de informação vindas de várias fontes. 74


Um corpo de profissionais autoprogramáveis requer certo tipo de educação, de tal modo que o manancial de conhecimento e informação acumulado na mente do profissional possa se expandir e se modificar ao longo de toda sua vida. Isso tem consequências extraordinárias para as demandas feitas ao sistema educacional. 77


A empresa de rede é movida por profissionais em rede, usando a capacidade da Internet e equipados com seu próprio capital intelectual. 78


O ressurgimento histórico da autonomia no trabalho, após a burocratização da era industrial, é ainda mais evidente no desenvolvimento das pequenas empresas, com frequência composta por indivíduos que trabalham como consultores ou subcontratadores. 79


Á medida que conhecimento e informação se difundem através do mundo, toda a força de trabalho poderia e deveria se tornar autoprogramável. Mas enquanto as instituições sociais, as prioridades empresariais e os padrões de desigualdade continuarem desiguais, a mão de obra genérica é uma quantidade necessária e não uma qualidade específica na contribuição decisiva do trabalho para a produtividade e a inovação na economia eletrônica. 81


A nova economia [...] não é uma economia on-line, mas uma economia movida pela tecnologia da informação, dependente de profissionais autoprogramáveis, e organizada em torno de redes de computadores. Essas parecem ser as fontes do crescimento da produtividade do trabalho, e portanto da criação de riqueza, na Era da Informação. 85


Numa economia eletrônica baseada no conhecimento, na informação e em fatores intangíveis (como imagem e conexões), a inovação é a função primordial. [...] depende de geração de conhecimento facilitada por livre acesso à informação. 85


Negócio eletrônico não é negócio conduzido exclusivamente on-line, mas uma outra forma de condução de negócios, todo tipo de negócio, pela, com e na Internet e outras redes de computadores – com várias formas de conexão com processos locais de produção e transações físicas. 87


A formação de redes é extremamente dependente de tecnologia da comunicação. [...] essa transformação sociotécnica abre caminho para uma enxurrada de novos produtos – havendo graus variados de adequação entre estes, a demanda do mercado e as necessidades sociais. [...] o telefone móvel, que parecia ser uma inovação de produto sem importância, tornou-se o aparelho de comunicação de maior interesse no planeta. 88


É essencial [...] manter a capacidade endógena de pesquisa e desenvolvimento [...] para desenvolver inovação tecnológica organicamente, a partir de dentro. 94


Antes de mais nada, os usos da Internet são, esmagadoramente, instrumentais, e estreitamente ligados ao trabalho, à família e à vida cotidiana. [...] foi apropriada pela prática social, em toda a sua diversidade, embora essa apropriação tenha efeitos específicos sobre a própria prática social. 99


Contrariando alegações de que a Internet seria ou uma fonte de comunitarismo renovado ou uma causa de alienação do mundo real, a interação social na Internet não parece ter um afeito direto sobre a configuração da vida cotidiana geral, exceto por adicionar interação on-line às relações sociais existentes. 100-101


[...] parece ter um efeito positivo sobre a interação social, e tende  a aumentar a exposição a outras fontes de informação. 102


Suportes materiais dessa interação: espaço, organizações e tecnologias da comunicação. 105


O novo padrão de sociabilidade em nossas sociedades é caracterizado pelo individualismo em rede. 108


O papel mais importante da Internet na estruturação de relações sociais é sua contribuição para o novo padrão de sociabilidade baseado no individualismo. 109


O individualismo em rede é um padrão social, não um acúmulo de indivíduos isolados. O que ocorre é antes que indivíduos montam suas redes, on-line e off-line, com base em seus interesses, valores, afinidades e projetos. Por causa da flexibilidade e do poder de comunicação da Internet, a interação social on-line desempenha crescente papel na organização social como um todo. 109


Internet sem fio amplia as chances da interconexão personalizada para uma ampla série de situações sociais, dando assim aos indivíduos maior capacidade de reconstruir estruturas de sociabilidade de baixo para cima. 111


Indivíduos estão de fato reconstruindo o padrão da interação social, com a ajuda de novos recursos tecnológicos, para criar uma nova forma de sociedade: a sociedade em rede. 111



Os movimentos sociais do século XXI, ações coletivas deliberadas que visam a transformação de valores e instituições da sociedade, manifestam-se na e pela internet. 114


[...] esses movimentos abriram e desenvolveram novas avenidas de troca social, que, por sua vez, aumentaram o papel da Internet como sua mídia privilegiada. 115


Coalizões frouxas, mobilizações semiespontâneas, e movimentos ad hoc do tipo neoanarquista substituem as organizações formais, estruturadas e permanentes. 117


Esses movimentos pretendem conquistar poder sobre a mente, não sobre o Estado. 117


Três componentes diversos convergiram na formação dessas redes de computadores baseadas na comunidade: movimentos locais pré-Internet em busca de novas oportunidades de auto organização e elevação da consciência; o movimento hacker em suas expressões mais politicamente orientadas; e governos municipais empenhados em fortalecer sua legitimidade pela criação de novos canais de participação do cidadão. 119


Esperava-se que a Internet fosse um instrumento ideal para promover a democracia – e ainda se espera. Como dá fácil acesso a informação política, permite aos cidadãos ser quase tão bem informados quanto seus líderes. Com boa vontade do governo, todos os registros públicos, bem como um amplo espectro de informação não sigilosa, poderia ser disponibilizado on-line. A interatividade torna possível aos cidadãos solicitar informação, expressar opiniões e pedir respostas pessoais a seus representantes [...] Entretanto, a maioria dos estudos e relatórios descreve um quadro melancólico. 128


Num mundo de crise generalizada de legitimidade política, e de indiferença de seus cidadãos por seus representantes, poucos se apropriam do canal de comunicação interativo, multidirecional, fornecido pela Internet, de ambos os lados da conexão [...] A Internet não pode fornecer um conserto tecnológico para a crise da democracia. 129


Não que a mídia controle os políticos. O que ocorre é que a mídia forma o espaço da política, e os políticos são aqueles que, para se libertar dos controles das burocracias partidárias, optam por se relacionar diretamente com os cidadãos em geral – usando assim a mídia como seu canal de comunicação de massa. Tudo isso está mudando [...] por causa da Internet. 129


Fornece [...] um canal de comunicação horizontal, não controlado e relativamente barato [...] o uso desse canal por políticos ainda é limitado. 129


Por causa da rapidez de difusão da difusão de notícias pela Internet, a mídia tem de ficar de sobreaviso, e reagir a esses rumores, avalia-los, decidir como noticiá-los – não pode mais descartá-los. A fronteira entre mexerico, fantasia e informação política valiosa fica cada vez mais difusa, complicando assim ainda mais o uso da informação como arma política privilegiada na Internet. 130


Por enquanto, em vez de fortalecer a democracia promovendo o conhecimento e a participação dos cidadãos, o uso da Internet tende a aprofundar a crise da legitimidade política ao fornecer uma plataforma de lançamento mais ampla para a política do escândalo. O problema [...] não está na Internet, mas no tipo de política que nossas sociedades estão gerando. 130


A política informacional conduz naturalmente à possibilidade da guerra informacional e [...] de uma nova doutrina de segurança apropriada à Era da Internet. 130


A moldagem das ideias globais de forma tão propícia quanto possível a um dado conjunto de interesses nacionais ou sociais torna-se a nova, e mais produtiva, fronteira do exercício do poder no cenário mundial. 132


A liberdade nunca é uma dádiva. É uma luta constante; é a capacidade de redefinir autonomia e pôr a democracia em prática em cada contexto social e tecnológico. [...] encerra um potencial [...] para a expressão dos direitos dos cidadãos e a comunicação de valores humanos. Certamente não pode substituir a mudança social ou a reforma política. Contudo, ao nivelar [...] o terreno da manipulação simbólica [...] ampliar as fontes de comunicação, contribui [...] com a democratização. [...] põe as pessoas em contato numa ágora pública [...] o controle [...] pelo povo talvez seja a questão política mais fundamental suscitada pelo seu desenvolvimento. 135


[...] não é mais uma esfera livre [...] é um terreno contestado, onde a nova e fundamental batalha pela liberdade na Era da Informação está sendo disputada. 141


Uma variedade de tecnologias de controle emergiu dos interesses entrelaçados do comércio e dos governos. Há tecnologias de identificação, de vigilância e de investigação. [...] se fundam em dois pressupostos básicos: o conhecimento assimétrico dos códigos na rede; e a capacidade de definir um espaço específico de comunicação suscetível de controle. 141


Uma vez na rede, o usuário médio torna-se prisioneiro de uma arquitetura que não conhece [...] controles são exercidos com base num espaço definido na rede [...] universidade [...] é uma rede global, mas os pontos de acesso a ela não o são. Se há filtros instalados nesse acesso, o preço da liberdade global é a submissão local. 142


O entusiasmo com a liberdade trazida pela internet foi tamanho que esquecemos a persistência de práticas autoritárias de vigilância no ambiente que continua sendo o mais importante de nossas vidas: o local de trabalho. À medida que os trabalhadores se tornam cada vez mais dependentes da interconexão por computador em sua atividade, a maioria das companhias decidiu que têm o direito de monitorar. 143


Maioria das pessoas abre mão dos seus direitos à privacidade para ter condições de usar a Internet. [...] dados pessoais tornam-se propriedade legítima das firmas de Internet e de seus clientes. 144


[...] deixaram a vigilância do governo voltar a rugir com furor redobrado no espaço de liberdade que fora laboriosamente construído pelos pioneiros da Internet. 145


O compartilhamento de acesso global a redes de informação é uma forma decisiva de impor poder estatal coletivo sobre todos [...] já que as consequências da informação obtida guiarão a repressão em contextos específicos. 148


Há uma ameaça mais fundamental à liberdade sob o novo ambiente de policiamento global: a estruturação do comportamento cotidiano pelas normas dominantes da sociedade. A liberdade de expressão era a essência do direito à comunicação irrestrita na época em que a maior parte das atividades diárias não era relacionada à expressão na esfera pública. [...] uma proporção significativa da vida cotidiana, inclusive o trabalho, o lazer, a interação pessoal, tem lugar na Net. 148


Se esse sistema de vigilância e controle da Internet se desenvolver plenamente, não poderemos fazer o que nos agrada. Talvez não tenhamos nenhuma liberdade, e nenhum lugar onde nos esconder. 149


Por que as empresas de tecnologia da informação colaboram com tanto entusiasmo na reconstrução do velho mundo do controle e da repressão? [...] firmas ponto.com [...] precisam quebrar a privacidade de seus clientes para poder vender os dados deles. [...] precisam de apoio do governo para preservar seus direitos de propriedade na economia baseada na Internet. 149


[...] há uma inquietante combinação no mundo da Internet: ideologia libertária generalizada ao lado de uma prática cada vez mais controladora. 151


A radiotransmissão está vivendo um renascimento, tornando-se de fato o meio de comunicação de maior penetração no mundo. 157


O uso da Internet como meio de comunicação está entrelaçado á prática multidimensional da vida [...] uso ativo [...] variedade de interesses [...] orientação [...] prática. [...] o mundo do entretenimento da mídia fica confinado ao tempo disponível para relaxamento passivo. 159

Quanto mais escolhemos nosso hipertexto pessoal, sob as condições de uma estrutura social em rede e expressões culturais individualizadas, maiores os obstáculos ao encontro de uma língua comum portanto de um significado comum. 167-168


A falta de significado comum poderia abrir caminho para a alienação generalizada entre os seres humanos – todos falando uma língua diferente, construída em torno de seu hipertexto personalizado. 168


Como a informação é o produto chave da Era da Informação, e a Internet é a ferramenta fundamental para a produção e comunicação dessa informação, a geografia econômica da Internet é, em geral, a geografia dos provedores de conteúdo. 175


As companhias estão reduzindo os serviços de escrivaninha de seus empregados, de modo que usem o espaço apenas quando ele é de fato necessário. [...] o modelo emergente de trabalho não é o teletrabalhador em casa, mas o trabalhador nômade e o "escritório em movimento".

A Internet torna possível é uma reconfiguração múltipla dos espaços de trabalho [...] estão sempre disponíveis enquanto seus bipes e telefones móveis nunca param de tocar. A individualização dos arranjos de trabalho, a multilocalização da atividade e a possibilidade de conectar tudo isso em torno do trabalhador individual inauguram um novo espaço urbano, o espaço da mobilidade infinita, um espaço feito de fluxos de informação e comunicação, administrado em última instância com a Internet. 192


Hipermobilidade, Gillespie e Richardson 2000.


As regiões metropolitanas na Era da Internet caracterizam-se [...] pela dispersão e pela concentração espacial, pela mistura de padrões de uso da terra, pela hipermobilidade e a dependência das comunicações e dos transportes [...] o resultado é um espaço híbrido, feito de lugares e fluxos: um espaço de lugares interconectados. 193


O que caracteriza a lógica de interconexão embutida na infraestrutura baseada da Internet é que os lugares (e as pessoas) podem ser tão facilmente desligados quanto podem ser ligados. [...] uma geografia [...] de inclusão [...] exclusão. 196


A centralidade da Internet em muitas áreas da atividade social, econômica e política equivale a marginalidade para aqueles que não têm acesso a ela, ou têm apenas um acesso limitado, bem como para os que são incapazes de usá-la eficazmente. 203


Dadas as tendências tecnológicas atuais ao acesso ubíquo à Internet, os indivíduos são a unidade-chave de cômputo para usos futuros da Internet. 204


Renda, educação, etária, étnica, gênero, p. 204-205


A desigualdade racial continua a ser a marca distintiva [...] na Era da Internet. 207


A velocidade e a largura da banda são [...] essenciais para o cumprimento da promessa da internet. 210


A dianteira de que uma minoria de famílias afluentes está gozando nos usos e serviços fornecidos pela Internet poderá se provar uma fonte importante de desigualdade cultural e social no futuro, uma vez que as crianças da primeira geração da Internet crescerão em ambientes tecnológicos muito diferentes. 211


O aprendizado baseado na Internet não é apenas uma questão de competência tecnológica: um novo tipo de educação é exigido tanto para se trabalhar com a Internet quanto para se desenvolver capacidade de aprendizado numa economia e numa sociedade baseadas nela. 212


Num contexto em que a capacidade de processar informação na e com a Internet se torne crucial, crianças e famílias em desvantagem fiquem muito atrás de seus colegas [...] com maiores habilidades de processamento de informação. 213


Divisão digital [...] rejeita aqueles segmentos da sociedade e aqueles lugares de pouco interesse do ponto de vista da criação de valor. 219


A divisão digital fundamental não é medida pelo número de conexões com a Internet, mas pelas consequências tanto da conexão quanto da falta de conexão. 220


Pode ser também uma receita de crise e marginalização. [...] condições materiais e culturais para operar no mundo digital, e os que não têm, ou que não conseguem se adaptar à velocidade da mudança. 221


[...] é de fato uma tecnologia da liberdade – mas pode libertar os poderosos para oprimir os desinformados, pode levar á exclusão dos desvalorizados pelos conquistadores do valor. 225


[...] a infraestrutura das redes pode ter donos, o acesso a elas pode ser controlado e seu uso pode ser influenciado, se não monopolizado, por interesses comerciais, ideológicos e políticos. À medida que a Internet se torna infraestrutura onipresente [...] a questão de quem possui e controla o acesso a ela dá lugar a uma batalha essencial pela liberdade. 226


Muito poucos países e instituições estão verdadeiramente voltados  para ela, porque, antes de começarmos a mudar a tecnologia, reconstruir as escolas, a reciclar os professores, precisamos de uma nova pedagogia, baseada na interatividade, na personalização e no desenvolvimento da capacidade autônoma de aprender e pensar. [...] fortalecendo ao mesmo tempo o caráter e reforçando a personalidade. 227


A mais significativa contradição da sociedade em rede: aquela que existe entre nosso superdesenvolvimento tecnológico e nosso subdesenvolvimento institucional e social. 229

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