quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Os paradoxos da verdade
Embora a sua oculta plenitude plenifique todas as vacuidades.
Quem possui verdadeira plenitude é inesgotável,
por mais que se esgote.
Quem anda direito, parece torto.
Grande habilidade parece inabilidade.
Arte genuína parece mediocridade.
Movimento supera o frio.
Quietação vence o calor.
O que é puro e reto sempre orienta o mundo.
Um bom ano novo
Muitas breves tolices...
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Não se subordinar a nada...
O mundo só pertence aos estúpidos
Considero a vida uma estalagem...
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
A paz como vitória
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
O antípoda de um décadent
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
O mosquito e o touro
A rã e o rato
sábado, 3 de dezembro de 2011
O pavão e a grua
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Assim falou Zaratustra
Aquilo que conhecemos num homem é, também, o que nele inflamamos. Guarda-te, portanto, dos pequenos! p. 80
Não é melhor ir parar nas mãos de um assassino do que nos sonhos de uma mulher libidinosa? p. 81
sábado, 19 de novembro de 2011
Os imbecis e as aparências
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Além do bem e do mal: prelúdio à uma filosofia do futuro. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
A gata e Afrodite
A camela
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Samba de Cristina
Eu quero ser um louco
Que conversa com suas tatuagens.
Saber de todos seus enganos,
Sambar com você a noite inteira,
Na boemia de segunda feira.
Eu fiz um samba novo em homenagem à você
Sei que pode parecer clichê.
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Causa do poeta
Mas faz voar e suspende.
O amor não causa a ruína,
Mas faz cair e despedaça.
O amor não causa o júbilo,
Mas faz sorrir e envaidece.
O amor não causa a dor,
Mas faz doer e mortifica.
Escritos a tão dura pena,
Não são do amor esses versos,
O amor não causa o poema.
Mas faz inspirar a poesia,
É causa do poeta que ama,
Causar na amada alegria.
http://palavrascomcheiro.com/poesias/62.php
Sonho demais
Vãs realidades,
E se deixo alguns para trás,
Não é porque não os quero:
É que sonho demais.
Fabiano Foresti
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Pele de pavão
Recolhe meu coração e
Leva para qualquer lugar,
Mas tira do chão.
Pele de pavão,
Abre suas asas e
Traz sabedoria,
Faz minh'alma calar.
Devagar e no escuro,
Ensina o silêncio absoluto
Para este tolo,
Para esta alma rasa,
Ensina-me a dançar.
Pele de pavão: me faz cantar.
fforesti.com.br
O beijo-sopro
Leva para longe
Meu coração assustado
E esconde ele
Em qualquer lugar
Impossível de localizar.
Ele não quer mais bater,
Não quer mais me pertencer.
Beijo sopro,
Traz um pouco de vida
Para esta alma perdida
Que em meu corpo não quer ficar.
Beijo-sopro, revele seus segredos e
Retire do meu coração e alma todo o medo.
fforesti.com.br
Pele de cobra
Que com calma dança
E caminha e olha
Com movimento perfeito.
Pele de cobra que
Faz minh'alma sonhar
E descobrir o novo
Que vens mostrar.
Pele de cobra que
Transforma meu mundo
E pinta no céu as cores
Que surgem no infinito
Da sua pele branca tatuada:
Pele de cobra: sei, ouço, sinto.
fforesti.com.br
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Boemia de segunda feira
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Parábola e conto de fada
O Lobo Mau te confundiu com Chapeuzinho Vermelho.
Sentiu-se João e o pé de feijão,
Pediu ajuda para João e Maria,
Fez acordo com os sete anões e
Depois foi pedir conselhos para Cinderela.
"Para que tantas flores Chapeuzinho?"
Ao final, foi fumar e tocar violão com a cigarra,
Apesar de ser parábola,
De não ser conto de fada.
fforesti.com.br
Quando os anjos calaram
Você dança tão bem,
Você dança como ninguém,
Fiz até um samba pro seu cavaquinho.
Lembro da roda de samba,
Da música boa, dos amigos,
Dos meus sentimentos rasos
E da sua roupa colirida.
Lembro que lhe chamaram
De Branca de Neve,
Que meus olhos não acreditaram,
Tão alva era a sua pele.
Naquela noite os anjos calaram
Só para observar seu samba leve.
A poesia em si
Não é nada para mi,
Só deixa só.
Mas tanto fá.
Não fique em dó,
Se eu levei ré,
Canto meu lá lá lá,
De forma qualquer.
A poesia só tem valor
Se é escrita com sangue.
Mas o sangue pode ser
Apenas tinta vermelha.
O que importa de fato
É a capacidade de sofrer do poeta.
E com relação a isso, meus amigos,
Este poeta chorão é um atleta.
Deixem-me ficar com dó em mi, que,
Mesmo lá, estarei só, em si menor sustenido.
fforesti.com.br
sábado, 29 de outubro de 2011
Você acende as horas
Meu amor, volta sem demora.
Meu amor, fica aqui comigo
Pra gente sambar.
Meu amor, eu te amo tanto.
Meu amor, resolve o meu pranto.
Meu amor, viaja comigo
Pra qualquer lugar.
Meu amor, faz acontecer.
Mostra tudo o que eu deixer de ver.
Acaba com essa minha dor
Não me faz chorar.
Amor tão bonito,
Tão realidade,
Acreditei tanto
Ser uma verdade,
Agora eu tô sozinho
Só faço chorar.
fforesti.com.br
Eu quero ser
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Rosas e brasas
Lembra quando lhe disse
Que fui ao céu e voltei?
Tem uma parte deste incidente
Que, meu amor, eu não lhe contei.
Quando estava voltando,
Vi teu corpo do lado de cima,
E reparei: como é perfeito
Este ângulo que ninguém vira.
Mais perto cheguei, num zeloso sondar,
Notei tão lindas tatuagens coloridas,
Aflito, sem saber com qual brincar,
Percorri você inteira, e em tuas costas largas,
Macias, uma tatuagem que ria, dizia:
"Inoportuno, queres rosas? Terás brasas".
www.palavrascomcheiro.com
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Tom Waits
É isso aí, tá tudo muito fácil. Acho inclusive que foi toda essa facilidade que produziu a geração mais bundona de todos os tempos, essa que está aí com seus iPhones enfiados no cu e um bonezinho com uma marca gigante na cabeça. Ninguém quer procurar, fazer esforço, CONSTRUIR alguma coisa. Não, o negócio é ficar na merda do facefuck o dia inteiro recebendo uma coisa "engraçadinha" depois da outra e passando adiante. São mimados inúteis que jamais tomarão qualquer responsabilidade para si e seu grito de guerra é "Tá de boa". Caralho, nada irrita mais que ouvir essa merda, "tá de boa".
Um belo trecho:
He is, he says, equally wary of the ease of search and shuffle. "They have removed the struggle to find anything. And therefore there is no genuine sense of discovery. Struggle is the first thing we know getting along the birth canal, out in the world. It's pretty basic. Book store owners and record store owners used to be oracles, in that way; you'd go in this dusty old place and they might point you toward something that would change your life. All that's gone."
Cicatrizes e tatuagens
Que chegaram flutuando sobre as águas
De um outro planeta, e com precisão galáctica
Acertaram o meu coração como um cometa.
Minha musa que não é deste mundo,
Com todas as marcas que a vida lhe dera,
Aqui, neste meu quarto triste e escuro.
Encontre todas as suas tatuagens
E transformem-se em uma miríade de matizes
Ilumine os corações de todos os marginais e infelizes,
E em silêncio, lunáticos, continuemos nossa viagem.
sábado, 15 de outubro de 2011
Soneto da Lua de Cristina
Que faça-me sentir e enxergar o belo,
Pois em meu mundo só existe ruína,
E o que sobrou foi destinado ao flagelo.
Sempre cometo os mesmos erros,
Enquanto você só faz acertar,
Em caminhos que não são terrenos,
Planetas obscuros que fico a imaginar.
Lá, não existe reminiscência,
Em suas ondas sonoras que vem de longe
Não tem nenhuma interferência.
Fica comigo aqui, lunar, e conte-me,
Mostre-me: a perfeição, como se faz?
Em silêncio, espacial, em sua lua errante.
Não tem nada
fforesti.com.br
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Para quem ousa e escreve
Por escrever esta poesia maluca,
Por obter êxito em minha labuta,
Em tornar grande este pequenino feito.
Conseguir falar de amor e dor,
Expressar-me coerentemente,
Usar palavras quentes, veementes,
Tudo sem nem um pouco de rancor.
A poesia, para quem ousa e escreve,
Mostra-se de fato um santo remédio.
Especialmente os sonetos, tão leves,
E ao final, pergunto-me: de quem é o mérito?
É dessa minha alma doente que vive nas estepes
Do meu coração que está enterrado e morto.
fforesti.com.br
O cheiro dos que amam
Que está perdido, parado, sem nenhuma graça,
Quem sabe gargalhar? Contento-me com uma risada,
Mesmo amarela, e escrever qualquer coisa com magia.
Tem de falar de amor, de preferência conter muita dor.
Sofre coração, sofre que eu preciso escrever,
Mesmo que contra a parede minha cabeça eu tenha de bater.
Preciso de muita dor, eu preciso muito falar de amor.
Todas as emoções que se anunciam,
Todos os sentimentos que estão por vir.
Quero ver você com uma imensa vontade de chorar e rir!
Chegou sua hora coração, o soneto está pronto, o amor te chama.
Soneto do coração e da bailarina
Presta atenção coração:
Chega de fazer-me sofrer,
Já estou cansado de morrer
E sentir tanta emoção.
Traz a bailarina para perto de você,
Deixa ela dançar devagarinho
Com seus pés de passarinho
Nas ruínas desta superfície que ninguém vê.
Ela tem ritmo,
Que é tudo o que você precisa
Neste seu complexo sistema cardíaco.
De uma vida leve, e de mansinho,
Voltará a bater este pedaço de carne moída.
Quando canto o que não minto...
O grande sol na eira
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Nexus - Henry Miller
Bailarina
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Por que hoje é mais vantajoso vender editoras do que livros
PAULO ROBERTO PIRES
"LIVRO É UM produto como outro qualquer." Categórica e vazia, a frase é um mantra do mercado editorial globalizado. É repetida sempre que, num grande grupo editorial, há controvérsia sobre a publicação de determinado título.
Ela parte, em geral, de alguém que foi parar no meio editorial por contingência e destina-se, sempre, a um outro que ali faz carreira. O executivo transitório, que pode se ocupar de petróleo, sardinhas ou mariola, adverte o editor: não reivindique diferença e distinção para o que você faz, o trabalho intelectual é secundário no nosso negócio, que é vender livros.
Se à distância a situação soa esquemática como uma peça didática de Brecht, de perto ela é de um brutal realismo. Nesta semana, aliás, o mantra será repetido em várias línguas com o início da temporada anual de migração de editores. O destino, como em todo mês de outubro das últimas seis décadas, é Frankfurt, onde a maior e mais antiga feira de livros do mundo abre, nesta quarta-feira, como um sismógrafo das transformações do mercado.
CORPORAÇÃO Antes que o leitor se pergunte o que tem a ver com as agruras de uma corporação, é bom lembrar que o que acontece com esses profissionais acaba mexendo com sua cabeça e com a de seus filhos. Ou melhor, pode determinar que vossas cabeças sejam mexidas apenas pela pacífica mesmice das "tendências".
É desse mundo que nasce "O Dinheiro e as Palavras" [Bei, trad. Celso Mauro Paciornik, 152 págs., R$ 39] -e é com esse mundo que ajuda a fazer um nexo crítico. É dos títulos mais destacados de uma voga recente, a de livros que pensam, de dentro, os rumos da profissão e do que se publica no mundo. O autor, André Schiffrin, 76, desafina a tradição das "memórias de editor", em geral glosas dos próprios êxitos, e deita num divã público ao qual, inevitavelmente, acaba arrastando seus pares.
Não lhe falta pedigree nem conhecimento de causa. Seu pai, Jacques Schiffrin, criou a Bibliothèque de la Pléiade, coleção que na França é um santuário de clássicos, e, ao emigrar para os EUA durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), fundou a Pantheon Books. Foi lá que André fez carreira e de lá saiu, depois de 30 anos na direção, quando viu o catálogo, formado em toda uma vida, desfigurar-se em sucessivas trocas de comando acionário.
Era o início de uma era de fusões que modificaria para sempre a paisagem da edição e da qual "O Negócio dos Livros" (Casa da Palavra, 2006), de 2000, o primeiro dos ensaios de Schiffrin sobre o tema, ainda é o testemunho mais eloquente. Publicado em mais de 25 países, na maioria deles como "A Edição sem Editores", o provocativo título francês, o livro seria seguido por "O Controle da Palavra" (2005), inédito no Brasil, e pelo atual "O Dinheiro e as Palavras" (2010).
Se no livro de estreia o tom era de denúncia, neste prevalece um estudado voluntarismo. Schiffrin pretende apontar caminhos para a sobrevivência de editores como ele, hoje guiado mais pelo interesse cultural e intelectual do que pelo lucro puro e simples. Em 1990, criou a New Press, casa sem fins lucrativos respaldada por fundações privadas e por quem se disponha a doar pelo menos US$ 250.
Editar livros hoje, defende Schiffrin, é atividade essencialmente parecida com o que era no século 19: no fundo das histórias e cifras de vampiros virginais, anjos apaixonados ou labradores amorosos está o trabalho artesanal de escritores, editores e artistas gráficos. A mudança crucial acontece, lembra ele, quando o ramo deixa de ser visto como ofício para se transformar em mais um negócio "de mídia" -com investidores à espera de lucros pelo menos três vezes maiores do que o padrão.
"As Palavras e o Dinheiro" arrisca análises sobre cinema e imprensa que, diga-se, não trazem novidades, mas servem para contextualizar o exame, aí sim certeiro, da indústria editorial. Do momento em que o livro passa a ser um produto "como outro qualquer".
ESPECULAÇÃO O diabo é que, no cassino da especulação, descobre-se logo que vender livros não dá tanto dinheiro assim -mas vender editoras pode ser um bom negócio. Mais do que isso, um jogo pesadíssimo, em que grupos multinacionais como o espanhol Planeta (onde trabalhei entre 2002 e 2004, na implantação de sua operação no Brasil) ou o alemão Bertelsmann, dois exemplos citados à larga, negociam casas editoriais como qualquer outro ativo.
Com a necessidade de lucros superdimensionados, toma-se por precisa a inexatíssima ciência da edição. A corrida maluca pelo best-seller, pelo próximo "big book", gera um quadro que Schiffrin descreve com crueldade: "As editoras progrediram do infanticídio, negligenciando os livros novos que não mostravam promessa de vendas, para o aborto, cancelando contratos existentes de livros que já não eram julgados suficientemente dignos. O objetivo agora é a contracepção, impedindo esses títulos até de entrarem no processo".
FRANÇA X EUA Criado e dividindo-se até hoje entre França e EUA, como dá conta sua ótima autobiografia, "A Political Education" (2007), Schiffrin tende a idealizar esses dois polos como representativos de visões de mundo. De um lado, o mercado supostamente autorregulado, fonte de todos os males e panaceia do capitalismo americano; de outro, as medidas protecionistas que na Europa protege a "exceção cultural", expressão que a França criou para desvincular a produção cultural da obrigatoriedade do lucro.
A ele encanta "o exemplo norueguês", conjunto de práticas governamentais que, das salas de cinema aos editores, garante a sobrevida de produtos que, definitivamente, não são como outros quaisquer. Mas o panorama é mais complexo, com o mercado francês engessado pelos conglomerados de mídia e o americano vendo aparecer interessantes casas de pequeno porte correndo por fora, com margens de lucro mais apertadas e catálogos mais diversos.
"O Dinheiro e as Palavras" considera pouco as saídas que o mundo digital pode trazer, e aí está uma de suas fragilidades -mas ele promete um novo ensaio sobre o tema (veja entrevista abaixo).
Mas e o Brasil nisso tudo? Sofre, é claro, as instabilidades de seu maior fornecedor de títulos, os EUA -mercado que nos dois últimos anos tremeu nas bases e parece recuperar-se mais devagar do que se esperava. Adiantamentos e tiragens superlativos deram lugar a movimentos discretos e a certa tranquilidade, se comparada aos acelerados (e milionários) leilões de direitos autorais.
THE END Em setembro de 2009, uma semana antes da quebradeira de bancos, o título de uma reportagem de Boris Kachka sobre o mercado americano vaticinava: "The End". No subtítulo, o resumo sombrio do que se seguia em 15 páginas da revista "New York": "O negócio do livro tal como o conhecemos nunca mais será o mesmo. Com estagnação das vendas, cabeças de CEOs rolando, a dança das cadeiras dos grandes autores e a Amazon despontando como o novo bicho-papão, o meio editorial terá que olhar para seu futuro fora do mundo corporativo".
Dois anos e um apocalipse depois, sobreviventes da crise começam a dar sinais vitais a um estímulo que atende pelo nome de "The Art of Fielding", de Chad Harbach. A imprensa, devidamente lubrificada por uma ofensiva de divulgação, trompeteia suas virtudes literárias e destaca recomendações entusiasmadas de autores tão diversos quanto Jonathan Franzen e James Patterson -endossos fundamentais, diga-se, para um estreante.
A despeito da carreira que possa fazer, o romance de 538 páginas que chegou às livrarias americanas no início de setembro tem um sentido especial para o mercado: os direitos foram arrematados pela Little, Brown por US$ 665 mil, num leilão típico do tempo das vacas gordas; a tiragem inicial, porém, foi de 30 mil exemplares, modesta e adequada à austeridade da nova era, em que o livro eletrônico começa a dizer a que veio -os e-books representaram um terço das quase um milhão de cópias vendidas de "Liberdade", de Franzen.
MAKING OF Ainda mais sintomático é que os bastidores do livro tenham virado o e-book "How a Book is Born - The Making of 'The Art of Fielding'" [como um livro nasceu - o "making of" de 'The Art of Fielding'"], disponível no Kindle por US$ 3,99. Keith Gessen, o autor, também é escritor e amigo de Harbach, o que lhe valeu esporadas da imprensa por uma suposta benevolência com seu camarada. Mas não conheço "making of" mais detalhado de um processo de edição hoje, concebido como "colaboração", eufemismo para uma verdadeira operação de guerra.
Harbach, que é fundador da revista "n+1", bíblia do típico intelectual do Brooklyn, trabalhou (sozinho) no livro por dez anos. Dava os retoques finais num texto que parecia interminável quando tudo apontava para o fim do mundo: no seu círculo de amigos, adiantamentos variaram entre US$ 750 mil e US$ 7 mil, refletindo a histeria e o pessimismo do mercado. Em tudo e por tudo, parecia estar no lugar errado, na hora errada.
"The Art of Fielding" foi recusado por diversos agentes -nos EUA, um escritor ou candidato a escritor não vai nem ao Starbuck's da esquina sem agente. Chris Parris-Lamb, jovem e experiente na profissão, gostou do original de Harbach (ou do que conseguiu ler: ele recebe cerca de 70 propostas por semana) e decidiu representá-lo.
O que se seguiu foi o típico conto de fadas do "publishing": bem estimulados, importantes editores passaram a disputar o romance que envolve beisebol, meditações sobre sucesso e fracasso e a triunfal saída do armário de um cinquentão. Parris-Lamb escolheu Michael Pietsch, que pagou US$ 85 mil a menos que seu principal concorrente. Tinha no bolso bem mais do que dinheiro: foi ele quem editou a última sensação da literatura americana, o chatinho David Foster Wallace.
Seguem-se operações inacreditáveis de marketing e relações públicas: foram enviadas a blogueiros, jornalistas e a qualquer um que pudesse falar sobre o livro 5.000 provas de divulgação -tiragem maior do que a de muitos dos livros literários no Brasil. O esforço inclui ainda as inevitáveis convenções com os livreiros, que saíram encantados com "The Art of Fielding".
RESSACA O caso é interessante porque, na ressaca da crise, mostra que algo pode ter mudado. O que decidiu o leilão foi o capital simbólico do editor, exatamente como acontecia em eras pré-corporativas. A tiragem modesta e a ênfase na divulgação fora da mídia tradicional também indicam que a complexidade desse "produto como outro qualquer" volta a se fazer presente.
Até o fechamento desta edição, "The Art of Fielding" figurava em modesto nono lugar na lista de mais vendidos no "New York Times". Na Amazon, ocupa a 42ª posição, atrás de Rick Riordan, primeiríssimo, e de Paulo Coelho, em 32º com "The Aleph". No Brasil, o livro sai no primeiro semestre de 2012 pela Intrínseca, editora de Riordan.
"O êxito de um excelente livro depende, no momento de edição, de uma infinidade de circunstâncias lógicas ou estranhas que toda a sagacidade do lucro não saberia prever", analisa um observador insuspeito, Denis Diderot. "Um erro que vejo ser cometido sem cessar por quem se deixa enganar por máximas genéricas", diz ele mais à frente, "é o de aplicar os princípios das manufaturas de tecidos à edição de livros."
Pode-se, pela mitificação, atribuir ao filósofo e editor uma espécie de clarividência, já que sua "Carta sobre o Comércio do Livro", da qual cito os trechos acima, foi endereçada a um magistrado francês em 1763. Mais realista e incômoda é a hipótese de que dedicava-se a pensar as peculiaridades de um produto então desconhecido, mas que, definitivamente, não era como outro qualquer.
O meu método de desforra
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Poesia do ímpeto e do giro...
Faz partir, que eu quero partir...
A morte é nada
E só no erro
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Olha-me em silêncio e em segredo e pergunta a ti própria
Onde a gente despreza, não se pode fazer guerra
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Ecce Homo: de como a gente se torna o que a gente é. Porto Alegre: L&PM, 2002. 208 p. 17 cm
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
10 razões para legalizar o aborto
1) Os números já são drásticos: aproximadamente mil mulheres morrem por ano ao realizarem abortos na clandestinidade. Fora essas, estima-se que 2 milhões de abortos clandestinos são realizados por ano. Essa soma é apenas aproximada porque é ilegal. Se o aborto fosse legalizado, o governo teria oficialmente o número de abortamentos, poderia controlá- los e saberia onde tem mais ou menos abortos para tentar diminuir este número. Se o aborto é crime não se tem controle, o número de abortos não diminui, mais mulheres morrem, mais pessoas são presas e o governo não pode fazer nada para mudar isso.
2) Em todos os países ocidentais em que o aborto foi legalizado há anos, observa-se cada vez mais uma diminuição do número de abortos. Quando se legaliza, fala-se mais sobre o assunto aumentando a informação para poder evitar.
3) Em quase nenhum país ocidental em que o aborto é legalizado, ele pode ser feito após 3 meses de gestação. Portanto, essas fotos que mostram abortamentos de bebês grandes e formados são enganadoras. Não será permitido aborto após 3 meses de gestação!
4) As clínicas clandestinas lucram muito no comércio ilegal de abortamentos, que é sustentado por pessoas ricas que fazem o aborto num dia e saem no outro sem problemas e ainda dizendo publicamente que são a favor da vida. O problema fica com as mais pobres, na maioria negras. Criminalização aumenta a hipocrisia e os bolsos de muita gente.
5) Se o aborto for legalizado nenhuma mulher será obrigada a abortar. Quem é contra poderá manter sua opinião.
6) Legalizar o aborto não é incentivar o aborto. Junto com a legalização, o Estado vai reforçar campanhas de educação sexual, direitos sexuais e reprodutivos, aumentar o acesso de mulheres e homens para os métodos contraceptivos, como também aos métodos de uma gravidez saudável. Abortar não é algo prazeroso, mas se alguma mulher precisar fazer, que ela não seja presa e tenha assistência para isso.
7) Se você pensa que a legalização do aborto vai encher os hospitais de milhares de mulheres querendo abortar, não sobrando espaço para as que querem dar à luz, isso é mentira. Os hospitais já estão cheios e gastando com mulheres que abortaram na clandestinidade e quase morreram por causa disso. Isso sai muito mais caro para os hospitais.
Se você pensa que com a legalização do aborto, você mata 1 vida, com a criminalização do aborto você mata mais vidas: a do feto e a de milhares de mães que morrem tentando o processo de abortamento.
9) A legalização não defende que abortar é bom. Se você pensa que abortar é ruim, abortar na clandestinidade, ser presa ou até morrer é muito pior.
Longa estupidez
NIETZSCHE, Friedrich W. Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém. Tradução de Mário da Silva. 12. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. 381 p.
O fim é ao menos o já não haver que esperar
Dobrada à moda do Porto
Eras tu
Sejam felizes
Quando tudo é nada
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
sábado, 17 de setembro de 2011
Amor de mentira
Alma feia
Aqui ninguém sonha
Mesmo de passagem, derradeiro,
Para ajudar-me a ter esquecimento
Quando eu conseguir olhar para dentro.
Penso que talvez possa encontrar
Uma coisa qualquer em lugar insólito
Que ajude-me a fugir deste lugar.
Aqui, do lado de fora, sozinho,
Tudo é triste, grave, aqui ninguém sonha,
Aqui não existe sentimento.
Chega de escrever
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Viver com uma imensa e orgulhosa calma...
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
A poesia em sonho
Escrever uma poesia em meus sonhos,
Não importa o sono: matutino, vespertino ou noturno,
Peço apenas um pouco de movimento, como os moinhos.
Não precisa ter estrutura ou assunto,
Não precisa ter palavras, nem mesmo rima,
Assim, em meu sonho, desejo muito,
Que transforme-se a minha poesia.
Mas, e se de repente, onírica,
A poesia mostrar-se surpeendente...
Cheia de conteúdo, quem sabe lírica...
Deixo na imaginação as minhas palavras, infelizmente,
Pois a poesia que em meus sonhos acabo de redigir,
Só fez-me acordar para este mundo, paulatinamente.
f. foresti
09/09/2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
O parasita mora onde o grande tem pequenos pontos feridos
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Lua Negra
Diluente
De onde há um mês saiu o enterro do filho pequeno.
Ria naturalmente com a alma na cara.
Está certo: é a vida.
A dor não dura porque a dor não dura.
Está certo.
Repito: está certo.
Mas o meu coração não está certo.
O meu coração romântico faz enigmas do egoísmo da vida.
Cá está a lição, ó alma da gente!
Se a mãe esquece o filho que saiu dela e morreu,
Quem se vai dar ao trabalho de se lembrar de mim?
Estou só no mundo, como um pião de cair.
Posso morrer como o orvalho seca.
Por uma arte natural de natureza solar,
Posso morrer à vontade da deslembrança,
Posso morrer como ninguém...
Mas isto dói,
Isto é indecente para quem tem coração...
Isto...
Sim, isto fica-me nas goelas como uma sanduíche com lágrimas...
Glória? Amor? O anseio de uma alma humana?
Apoteose às avessas...
Dêem-me Água de Vidago, que eu quero esquecer a Vida! (p. 346)
REFERÊNCIA
CAMPOS, Álvaro de. Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 595 p.
Eu sou o lume das lareiras apagadas
Eu não sou forte, nem nobre, nem grande
Daquilo que não se pode mais amar
Vai para a tua solidão
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Sobre o ciúme
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Seleção de materiais de informação
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Um pesadelo inestético
[...] é a sua consciência íntima de serem meus semelhantes, que me veste o traje de forçado, me dá a cela de penitenciário, me faz apócrifo e mendigo. p. 71
quinta-feira, 14 de julho de 2011
O que aconteceu com todos os caras legais?
O que aconteceu com todos os caras legais?
E a resposta é simples: vocês sumiram com eles.
Voltemos ao passado. Você provavelmente irá se lembrar daquele cara que tinha uma paixão platônica por você e adorava passar o tempo dele contigo. Ele ia contigo fazer compras, ia na sua casa para assistir um filme quando você estava na solidão e não estava se sentindo bem para sair, ou até mesmo era o seu ombro amigo quando você estava toda cabisbaixa e desabafava com ele sobre o quão horrível te tratava o (outro) cara com quem você transava.
Naquele tempo, provavelmente você fazia piadinhas com suas amigas sobre como aquele cara não passava de um cãozinho, sempre te seguindo, tentando chamar a sua atenção. Provavelmente você brincava com ele porque você sabia que ele era caidinho por você. Dado que este comportamento é, realmente, um pouco patético, você sempre negou veementemente qualquer sentimento romântico por ele e sempre alegava que vocês dois eram "somente amigos". E afinal, ele não fazia o seu tipo mesmo. Quer dizer, ela era meio baixinho, ou meio careca, ou meio gordo, ou pobre, ou não sabia se vestir legal, ou basicamente não tinha nenhuma das características que seu namorado alto, bonitão, rico e estiloso pelo qual você se derretia na época tinha.
Com o tempo, seu amiguinho platônico foi seguir a sua própria vida, e afinal – com o seu relacionamento com o namorado atual – passar muito tempo com outro cara é no mínimo estranho. O tempo passa, e o teu atual acaba te trocando por uma melhor, ou acaba ficando chato, ou você se toca que as coisas que te atraíram nele não são características que sirvam para um relacionamento duradouro. Então, você está solteira de novo, e depois de ir para as baladinhas por meses e tentar encontrar lá um novo amor. Mas tudo o que você encontra são cafinhas e bundões. Então você fica imaginando: "O que aconteceu com todos os caras legais?"
Bem, mais uma vez: vocês sumiram com eles.
Você ignorou o cara legal. Você o usou como muleta emocional sem dar nada em troca para ele. Você ria do respeito e da quase devoção que ele tinha por você. Você deu valor ao namorado insensível ao invés do amiguinho atencioso. Chegou uma hora que ele se tocou e resolveu seguir com a vida dele. Provavelmente ele descobriu que as mulheres não se ligam em caras que abrem a porta para elas passarem; ou as levam para jantar; ou compram como presente de natal aquela coisa cara que você queria há uns meses atrás e não podia comprar; ou escutava suas ladainhas; ou era o seu ombro amigo na hora da choradeira. Ele acabou descobrindo que se ele quisesse ter uma mulher que nem você, ele teria que agir mais como o namorado que você tinha. Ele provavelmente começou a melhorar seu visual, começou a ganhar alguma grana e é bem possível que começou a agir mais como os panacas que você tanto gosta.
A verdade é que agora ele deve estar comendo umas mulheres, e a sua imensa rejeição a ele foi a grande responsável por isso. E eu sinto que só depois de rejeitar todos os "caras legais" em sua vida é que você começou a sentir falta deles. A maioria das mulheres tem boas chances de arrumar um cara legal, se prestassem mais atenção.
Então, se quer mesmo um cara legal, faça isto:
- Arrume uma máquina do tempo;
- Volte para o passado e faça você parar de pensar em merda;
- E tente enxergar o que está bem diante do seu nariz e o agarre.
Eu suponho que a outra possibilidade é que realmente você AINDA não quer um cara legal, mas está começando a sentir a pressão social para pelo menos aparentar alguma maturidade para disfarçar seus gostos fúteis por homens. Neste caso, você pode ter sorte, porque o carinha legal que você gostaria de ter na verdade se livrou do cavalheirismo inútil e está doido para despejar todo o seu cinismo e ressentimento em alguma mulher igual a você.
Ah, se você fosse alguns anos mais jovem.
Então, por favor: ou pare de interpretar errado o que você realmente quer, ou admita que você mesmo é que fodeu com suas escolhas. Você está ficando velha, afinal. Ainda dá tempo de se livrar dessa merda de pensamento e tentar lidar com a realidade. Você realmente não quer um cara legal agora, e certamente ele não te quer mais.
Atenciosamente,
Um ex cara legal.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
domingo, 19 de junho de 2011
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